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A aposta nos fundos de small caps

O grau de investimento deve beneficiar as ações de empresas com baixo valor de mercado e os investidores já estão aplicando nesse segmento

Marcopolo: ações da fabricante de ônibus gaúcha têm boa chance de alta

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2011 às 12h24.

Os fundos de small caps estão entre as grandes promessas da bolsa brasileira. Especializados no investimento em empresas que têm baixo valor de mercado (menos de 5 bilhões de reais) e cujas ações são pouquíssimo negociadas (menos de 4 milhões de reais por pregão), os small caps são os que mais têm a ganhar quando o país receber das agências internacionais de risco a nota de grau de investimento, que atesta a baixa probabilidade de calote.</p>

Essa mudança, esperada para 2008, dará novo status a ações como as do desconhecido banco Banestes, do Espírito Santo, da construtora carioca João Fortes e da fabricante de ônibus gaúcha Marcopolo. O motivo? Esses papéis devem se beneficiar com a chegada de fundos de investidores estrangeiros, hoje impedidos de aplicar no Brasil porque seus estatutos proíbem países que ainda não são grau de investimento. Companhias como Petrobras, Vale do Rio Doce e Ambev têm a nota máxima das agências de risco e, por isso, já recebem aplicações desses grandes fundos na bolsa de Nova York. "A elevação da nota do país traz poucos benefícios adicionais aos fundos de ações que aplicam nessas empresas", diz Márcio Appel, diretor executivo de gestão de recursos do banco Santander.

Além de ter suas ações no radar dos investidores internacionais, os small caps também devem se beneficiar de um ciclo virtuoso esperado para a economia brasileira. A conquista do grau de investimento, quando se concretizar, será resultado de um conjunto de fatores positivos, como maior estabilidade monetária, queda dos juros e crescimento do PIB. Trata-se de um cenário que favorece os negócios de todas as companhias -- grandes ou pequenas -- que são voltadas para o mercado interno.

Outra conseqüência é o fato de o crescimento da economia, aliado à estabilidade, incentivar a consolidação de vários setores -- e os alvos prioritários são as pequenas e médias empresas. "Um ambiente favorável dá condições para que companhias de menor porte se tornem mais eficientes e lucrativas, o que aumenta as chances de ser vendidas", diz Eduardo Favrin, diretor de renda variável do HSBC Investments.


Essas expectativas positivas já estão atraindo fundos e investidores individuais para os papéis de small caps, o que contribui para valorizar suas ações. O patrimônio do fundo de small caps do HSBC, por exemplo, aumentou de apenas 6,5 milhões de reais, em dezembro, para 250 milhões de reais hoje -- crescimento de mais de 3 500%. O fundo do Unibanco, o mais rentável da categoria, entregou aos cotistas um rendimento de 68% nos 12 meses terminados em agosto, segundo levantamento feito pelo Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas. No mesmo período, o Índice Bovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, subiu 51%.

Os retornos são atraentes, mas o investidor que quiser apostar nesse segmento precisa estar ciente de que a liquidez desses fundos é baixa, ou seja, é difícil comprar e vender suas cotas. Além disso, alguns gestores impõem prazos mínimos de resgate. É o que faz o HSBC -- lá o dinheiro só chega às mãos do cotista três semanas após o pedido de resgate. "Isso ocorre porque o gestor precisa de um tempo para vender as ações que tem em carteira sem sacrificar a rentabilidade", diz William Eid, professor de finanças da Fundação Getulio Vargas de São Paulo.

Para escolher o melhor fundo de small caps, é preciso comparar os históricos de rentabilidade e as taxas de administração. É necessário avaliar também o grau de diversificação da carteira. Um número maior de empresas, de diferentes setores, geralmente dilui o risco. Se um setor vai mal, há vários outros que podem recuperar o prejuízo. "O ideal é ter uma carteira de ações com mais de 15 empresas, porque isso facilita as vendas dos papéis, já que os gestores passam a ter mais opções para escolher", diz Herculano Aníbal Alves, diretor de renda variável do Bradesco Asset Management.

Essa é uma das razões que fazem a escolha de um bom gestor ser crucial na hora de aplicar em carteiras de small caps. "Ele deve ser capaz de pinçar, entre dezenas de setores e empresas pouco conhecidas, os papéis mais promissores -- e saber administrá-los." Além disso, como o número de empresas nessa categoria é bem maior que o das blue chips -- companhias de grande valor de mercado --, o gestor deve contar com uma equipe de analistas preparada para cobrir diferentes setores da economia.

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