Para HBSC, é preciso ter cautela com os papéis preferenciais da Petrobras no médio prazo (Andre Valentim / EXAME)
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2013 às 18h08.
São Paulo - Uma análise do banco HSBC apresenta seis motivos para o mercado se preocupar com as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) no médio prazo. No ano os papéis têm queda acumulada de 17,7%.
Contabilidade oportunista
Luiz Carvalho e Filipe Gouveia, analistas que assinam o relatório, afirmam que com a alteração na contabilidade, os resultados serão ofuscados e haverá menos visibilidade sobre os números da empresa.
“A Petrobras tem 70% da dívida exposta ao dólar, o que, com a desvalorização recente, afetaria seu lucro líquido em 8,9 bilhões de reais, se a empresa não alterasse a contabilidade”, explicam.
A mudança proporcionou impacto imediato de 4,1 milhões de reais sobre os lucros do segundo trimestre, ajudando também a Petrobras a distribuir dividendos para as ações ordinárias.
“Vemos potencial para uma distribuição mais elevada de R$0,50 para as ações ordinárias, devido ao aumento de lucros decorrente da adoção da nova norma contábil”, afirmam Carvalho e Gouveia.
Paridade dos preços
“Acreditamos que diminuiu significativamente a possibilidade de aumentos de preço antes das eleições de outubro de 2014, devido às atuais taxas de inflação e protestos sociais”, explicam os analistas.
A expectativa é que a Petrobras venda gasolina e diesel importados com descontos de 22% e 18%, respectivamente. Isso levará a uma perda no segmento de refino de 15,6 bilhões de reais em 2013.
Desde 2011, a empresa já teve prejuízo de 42 bilhões de reais com a política de não reajustar os preços de acordo com a volatilidade internacional.
Menor flexibilidade de investimentos
Os analistas explicam que, de acordo com o que foi dito pela presidente da Petrobras, Graça Foster, a empresa não dispõe de flexibilidade em seu plano de investimento para 2013 e 2014.
“Ao analisarmos os projetos da Petrobras entre 2015- 2017, em nossa opinião, a empresa dispõe de uma flexibilidade de cerca de 20% para reduzir os investimentos, um impacto de R$15 milhões em seu balanço”, explicam.
Interferência do governo
Na opinião de Carvalho e Gouveia, a percepção de interferência negativa do governo cresceu substancialmente com o aumento de capital em 2010, com a política adotada para o preço dos combustíveis; com os investimentos em refino, com custos elevados e margens mais baixas, com a rodada de licitação de Libra e a nova norma contábil.
Produção abaixo do guidance
Embora o mercado tenha uma visão mais otimista, os analistas do HSBC têm uma opinião mais cautelosa. “Vemos atrasos na P-63, paradas de manutenção acima do esperado e taxas de declínio dos campos do pós-sal mais elevadas que as anteriores”, justificam.
Balanço alavancado
“Vemos uma deterioração substancial nas condições do balanço da Petrobras, devido ao valor massivo da dívida levantada desde 2007 sem nenhuma contrapartida de geração de caixa e crescimento de apenas 1,6 na produção no mesmo período”, afirmam Luiz Carvalho e Filipe Gouveia.
Segundo a projeção do banco, a alavancagem da Petrobras atingirá 3,1 vezes em 2013 e 3,6 vezes em 2014. Os analistas temem que este novo nível de alavancagem possa desencadear outro aumento de capital, dívida ou injeção de instituições estatais controladas pelo governo.
Embora a lista de preocupações seja grande, os analistas acreditam que há soluções para todos. “O problema é que, provavelmente, a maioria delas está fora do alcance da Petrobras”, ponderam.
Por conta disso, o banco reduziu o preço alvo de 20 reais para 17 reais para as ações preferencias, e a recomendação é neutra.