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50 empresas que geraram mais valor aos acionistas; apenas uma é do Brasil

De acordo com a pesquisa, o mercado de renda variável global está entregando mais retorno após a pandemia, com o indicador avançando de 7% para 12%

Criação de valor: Nvidia (NVDC34) aparece como a empresa que gerou mais retorno aos acionistas entre 2019 e 2023 (Omar Marques/SOPA Images/LightRocket via Getty Images/Getty Images)

Criação de valor: Nvidia (NVDC34) aparece como a empresa que gerou mais retorno aos acionistas entre 2019 e 2023 (Omar Marques/SOPA Images/LightRocket via Getty Images/Getty Images)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 13 de junho de 2024 às 18h32.

Última atualização em 17 de junho de 2024 às 16h33.

O mercado de renda variável em alguns países está proporcionando bons frutos aos acionistas. É o que mostra o relatório Value Creators 2024 do Boston Consulting Group (BCG), disponibilizado em primeira mão à EXAME Invest. Segundo o estudo, a mediana do retorno aumentou entre as empresas analisadas, subindo de 7% de 2018 a 2022 para 12% entre 2019 e 2023.

O relatório usa como métrica o Total Shareholder Return (TSR), que avalia o retorno total que um acionista teve a partir de um investimento em ações de uma empresa, considerando tanto a valorização das ações quanto os dividendos recebidos — analisando sempre os últimos cinco anos. Ao todo, a amostra inclui 2.355 empresas em 35 indústrias.

Liderando o ranking das 50 empresas que mais geraram retorno ao acionista está a Nvidia (NVDC34), com TSR de 72%. A gigante de semicondutores tem sido o foco dos investidores nos últimos meses, disputando, inclusive, o segundo lugar de empresa mais valiosa do mundo com a Apple (APPL34). Nesta quinta-feira, 13, a companhia registrava um valor de mercado de US$ 3,16 trilhões.

IA generativa é a bola da vez

Não só a Nvidia, como o setor de hardware, foi novamente o destaque do estudo. O motivo? O boom da inteligência artificial (IA) generativa que impulsionou o retorno das empresas, é o que explica Bruno Vasconcellos, diretor-executivo e sócio do BCG. Segundo Vasconcellos, a demanda pela IA aumentou uma vez que as empresas foram em busca de inovar seus processos.

“As companhias sempre buscam novas avenidas para mostrar ao mercado que conseguem conservar o momento positivo e manter o ritmo de crescimento. Para isso, as empresas, de maneira global, têm buscado soluções de inovação, e quando a gente pensa em inovação, pensamos em IA, o que privilegia o setor das empresas de tecnologia.”

Ainda em tecnologia, a indústria de software também manteve sua forte trajetória de TSR, classificando-se em quinto entre as 35 indústrias. Dentro deste grupo de elite (software e hardware), as empresas de tech garantem oito das dez primeiras posições e 13 das 20 primeiras. A exceção do top 10 fica com Tesla (TSLA34) na segunda posição, que se enquadra na indústria automotiva, e a Pinduoduo (Nasdaq: PDD) na sexta posição, na indústria de varejo.

Na lanterna

Na ponta oposta do ranking, ‘real estate’ aparece como o setor que entregou menos retorno ao acionista nos últimos cinco anos. Como explica Vasconcellos, com a subida dos juros global, a indústria foi amplamente impactada. “Quando alguém quer comprar um imóvel, tipicamente chega o financiamento. Se os juros estão muito altos, o financiamento fica caro.”

Entre os melhores e os piores, a indústria farmacêutica aparece da mediana para baixo, com um TSR de 12% (farmacêuticas de grande porte), 11% (tecnologia médica) e 10% (serviços de saúde e farmacêuticas de médio porte). Segundo o executivo, esse resultado é uma realização de lucros.

“Dado toda aquela maré positiva que o setor de farma teve durante a pandemia, em função das vacinas e dos avanços médicos, o que ocorre agora é que o mercado está corrigindo um pouco as expectativas ou alguns investidores tenham tomado um pouco de lucro”, diz.

Petrobras (PETR4) leva o Brasil ao ranking de top 50

Entre as 50 empresas que compõem o ranking, somente uma é brasileira: Petrobras (PETR4), que aparece em 20º lugar. De acordo com o executivo, o dividend yield da petroleira nos últimos anos foi o impulsionador do TSR da empresa. “O retorno da Petrobras ficou em 35%, sendo que o dividend yield explica 25% desse resultado. Ou seja, o grande pagamento de dividendos colocou ela no ranking.”

Entretanto, o estudo também classificou o top 10 de cada uma das 35 indústrias e, apesar de não fazerem parte do ranking das 50 maiores empresas criadoras de valor, nessa análise, algumas empresas chamam a atenção. Como top 1 da indústria de ‘óleo e gás’ aparece Prio (PRIO3).

“Dentro do próprio setor, a Prio aparece inclusive melhor que Petrobras em termos de TSR. Mas diferentemente da Petro, que tem o dividendo yield como impulsionador, o retorno da Prio é relacionado ao crescimento de receita dos últimos anos. Quase 70% do TSR é empurrado por esse crescimento. Mas claro que temos de considerar a diferença do tamanho do valor de mercado”, afirma o diretor.

Além das petrolíferas, outros nomes que compõem a lista das dez melhores empresas de cada setor são: WEG (WEGE3), sexta posição em ‘maquinaria’, Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3), décima posição em ‘metais’, BTG Pactual (BPAC11), primeira posição em ‘bancos’, Equatorial Energia (EQTL3), nona posição em ‘energia e utilidades’, Telefônica Brasil (VIVT3), décima posição em ‘prestadores de serviços de comunicação’, e Localiza (RENT3), décima posição em ‘viagem e turismo’.

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