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Cinco vantagens de investir no exterior, segundo gestoras globais

Muito além de dólar e bolsa americana: especialistas falam da importância de diversificar carteira com ativos do exterior

Wall Street: embora EUA seja o coração do mercado financeiro mundial, investimentos no exterior vão além do mercado americano (Tim Clayton/Corbis/Getty Images)

Wall Street: embora EUA seja o coração do mercado financeiro mundial, investimentos no exterior vão além do mercado americano (Tim Clayton/Corbis/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 16 de outubro de 2020 às 16h29.

Última atualização em 16 de outubro de 2020 às 17h37.

Com as taxas de juro na mínima histórica e incertezas quanto à sustentabilidade fiscal do país, a busca por ativos internacionais tem crescido de forma significativa entre pequenos e grandes investidores do Brasil.

De acordo com dados do Banco Central, os investimentos no exterior em carteiras aumentaram 16% para 47,25 bilhões de dólares, enquanto a quantidade de brasileiros investidos nos Estados Unidos cresceu 35% nos últimos cinco anos.

Mas, investimentos em dólar e ativos americanos são apenas duas de uma série de formas de investir no mercado internacional. Em seminário da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) realizado nesta sexta-feira, 16, algumas das maiores gestoras do mundo, como BNP Paribas, J.P. Morgan e Legg Mason falaram do poder da diversificação global e alertaram para os riscos de manter todo o investimento em um único país.

Ações

O mercado acionário internacional pode oferecer uma série de oportunidades únicas, tendo em vista a grande quantidade de empresas estrangeiras listas em comparação com as brasileiras — e isso não se resume ao S&P nem ao mercado americano. “O Brasil é parte pequena do todo. Quando olha para fora há grandes oportunidades não só em países desenvolvidos, mas em emergentes também. Tem muita coisa que pode adicionar retorno para a carteira”, afirma Giuliano De Marchi, diretor de América Latina do JPMorgan Asset Managment

Embora o Ibovespa tenha apresentado forte alta nos últimos três anos, o índice russo Moex, por exemplo, chega a superar a valorização nesse mesmo período. Já em um período mais curto, é o Composto de Xangai, da China, que lidera as altas entre os principais índices de mercados emergentes. No ano, o índice de Xangai acumula alta de 9,38%, só perdendo para o desempenho da Nasdaq.

Mas, para Tiago Cesar, gestor de fundos de fundos do BNP Paribas Asset Management, fazer alocações nos Estados Unidos pode não ser tão “convidativo” com o dólar a 5,60 reais. Uma opção, que ele conta, é investir por meio de fundos com hedge cambial. “O dólar é uma questão de alocação macro. Um ativo não depende do dólar. A bolsa americana não depende de dólar. Posso escolher se quero em dólar ou em reais, dependendo do portfólio.

Câmbio

Mas, a exposição em moeda estrangeira também pode render. Somente neste ano, o dólar acumula alta de 40,2%. Se pegar o acumulado de desde o início de 2019, essa valorização é ainda maior, de 45%. Tal apreciação supera até mesmo o Ibovespa e o S&P, que acumulam respectivas altas de cerca de 40% e 12% no período. “Mas importante olhar para outras moedas, para euro, o renminbi, moedas asiáticas [e etc.]”, afirma De Marchi. Conhecido por ser um porto seguro em momentos de turbulência nos Estados Unidos, o franco suíço acumula alta ainda superior à do dólar no ano, tendo se apreciado cerca de 6% em relação à moeda americana no ano.

Renda fixa

Segundo dados da Anbima, os investimentos em renda fixa no exterior cresceram 237% entre setembro de 2019 e agosto deste ano. Ainda assim, eles representam apenas 0,1% de tudo que é investido em renda fixa por meio de fundos no Brasil. Essa concentração, segundo De Marchi, acaba fechando os olhos para o mar de oportunidades nesse segmento no exterior. “O mercado internacional de renda fixa é gigantesco. Cerca de 98% da renda fixa mundial está fora do Brasil”, afirma.

Comprar títulos americanos com a taxa de juro próxima de zero nos Estados Unidos pode não ser o melhor investimento do momento. Mas, para Roberto Teperman, diretor de vendas da Legg Mason, pode valer a pena considerar outros países emergentes com retornos maiores que os do Brasil e, não necessariamente, com riscos também maiores. Os países emergentes carregam um risco maior, por isso, no longo prazo, há a expectativa de que o retorno seja superior ao de países desenvolvidos. Claramente, existe, sim, uma luz no fim do túnel depois de CDI a 2%.

Custo de produtos

Os custos de investir em fundos estrangeiros podem ser ainda mais atrativos, segundo De Marchi. “Por terem taxas de juro mais baixas, os preços oferecidos para investimentos costumam ser muito menores que no mercado local. Isso torna o retorno proporcional ao custo muito mais interessante”, conta. A carteira certa não é só acertar na renda variável. É diversificando em muitos ativos para combinar com [a exposição aos] ativos locais. É uma questão de performance, preço e diversificação.”

Menos risco Brasil na carteira

Por último, mas não menos importante, investir no exterior, de cara, significa reduzir a exposição aos riscos locais, como problemas fiscais e instabilidade política, que tem permeado o mercado financeiro nos últimos anos. Para Giuliano De Marchi, diretor de América Latina do JPMorgan Asset Managment, essa descorrelação com os ativos locais é uma das principais vantagens de ter uma parte dos investimentos no exterior. “Isso ajuda a proteger o portfólio em momentos de grande estresse no mercado local”, afirmou, citando os impactos da greve dos caminhoneiros e da delação de Joesley Batista, da JBS.

Essa dinâmica também foi observada nos últimos dois meses, em que a bolsa brasileira perdeu para as estrangeiras devido aos temores sobre o teto de gastos. Investir em mercados descorrelacionados é questão proteção, de crescimento”, afirma Teperman.

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