Quem não entende quais são seus gatilhos emocionais dificilmente conseguirá operar sem ter prejuízo (Marius Becker/AFP)
Marília Almeida
Publicado em 15 de março de 2022 às 06h15.
Você se interessa por realizar operações diárias no mercado de ações e se tornar um trader? Saiba que, mais do que se preparar tecnicamente, é fundamental entender como você reage ao sobe-e-desce do mercado e se preparar para evitar prejuízos e cometer erros por causa de questões meramente comportamentais.
Para dar dicas sobre o tema, Paula Reis, criadora do canal Mulher Trader, recebeu na B3 (a bolsa brasileira) Karina Pavan, especialista em programação neurolinguística, e Cissa Grilli, coach e gestora de traders de mesa de operações e especialista em desenvolvimento humano. O painel foi exibido no evento "Lugar de Mulher é onde ela quiser, inclusive na bolsa", transmitido ao vivo e disponível no YouTube na última semana.
Pavan apontou que a maioria dos erros que investidores cometem, e não apenas traders, são de origem emocionais. Grilli alertou para que os aplicadores não vejam as operações como algo manual. "O emocional sempre fará parte da tomada de decisão. Afinal, não somos robôs."
As principais ações estão subindo e você inconscientemente começa a pensar em vender os papéis para embolsar o lucro? Cuidado. É necessário olhar o cenário como um todo, e não se ater a uma oscilação, para não entrar em estratégias falsas, disse Grilli.
Esse sentimento foi definido como o "medo de ficar de fora" (FOMO, na sigla em inglês). "O investidor não deve ter como objetivo subir e descer com o mercado. Mas, sim, seguir a sua estratégia", afirmou Grilli.
Quem não entende quais são os seus gatilhos emocionais dificilmente conseguirá operar sem ter dores de cabeça, na visão de Pavan. "Muitas pessoas começam a fazer diversos trades ou fogem diante de uma situação tanto de ganho como prejuízo. É necessário ter consciência desse comportamento para buscar controlá-lo."
Grilli apontou que é difícil controlar as emoções, mas é possível controlar atitudes. "Quando você se conhece, sabe se vale a pena continuar operando ou é melhor sair da operação. Quando estiver muito animado ou muito triste, evite operar. Saiba respeitar os seus limites."
"É mais provável que o investidor se envolva emocionalmente na operação. Faça exercícios físicos, que tendem a quebrar padrões, tanto ruins como bons. Não ajudou? Não opere naquele dia."
Uma dica que vale para todo trader iniciante, e especialmente para aquele que está inseguro em relação às operações, é somente aplicar o montante de dinheiro de que não irá precisar.
Sem a pressão e a insegurança em relação às perdas, é mais fácil evitar o monitoramento contínuo e excessivo do investimento, que pode levar a mudanças na estratégia por medo ou ganância, explicou Pavan.
"Uma dica para evitar o comportamento é separar um momento do dia para olhar as operações e ir se condicionando a monitorar as aplicações apenas neste momento."
Muitos investidores podem e devem buscar conhecimento com outros aplicadores. Mas é necessário não se deixar influenciar e tomar decisões precipitadas, disse Pavan. "Muitos confiam e entram em uma operação sem analisar a estratégia porque outro investidor mostrou que está ganhando muito com ela. Evite atalhos."
Grilli apontou que esses grupos compensam mais para quem está começando a operar e quer entender um pouco sobre como funcionam as operações na prática.
As chamadas contas "demo", que permitem simular operações, sem que para isso seja necessário investir de fato, servem apenas como um teste. Contudo não devem dar confiança a novos operadores de que saberão evitar comportamentos nocivos a partir dessa experiência. "Não dá para enganar a mente. Ela sabe quando está valendo dinheiro de verdade."
Alguns investidores simulam operações com uma margem que não têm, disse Pavan. "Depois, quando for investir para valer, não há essa margem e não aprenderam a gerenciar o risco. O melhor é mesmo começar aos poucos."
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