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11 estrategistas dizem o que esperar da bolsa em abril

Mais cautela e uma postura seletiva na escolha das ações são as recomendações dos analistas

Quase oito milhões de empregados (Getty Images)

Quase oito milhões de empregados (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2012 às 15h28.

São Paulo – As perspectivas para a bolsa parecem mais cautelosas para o mês de abril, mas ainda existem oportunidades. São essas as indicações recorrentes de 11 estrategistas consultados por EXAME.com em suas cartas mensais publicadas nos últimos dias.

Os analistas ressaltam a preferência por ações ligadas à economia doméstica e também a menor preocupação com a inflação, que deve voltar a incomodar a partir do segundo semestre de 2012. A China continua no foco e quaisquer tropeço da economia por lá deve ser acompanhado de perto.

Na Europa, os temores estão menores. Apesar disso, ainda não é possível relaxar de vez. Os riscos ainda estão aparentes e as economias cambaleando, principalmente na Espanha, que é a bola da vez da crise na região. Acompanhe a seguir os trechos extraídos dos relatórios dos analistas para o mês de abril:

1- José Francisco Cataldo Ferreira, estrategista da Ágora Corretora

"Não esperamos qualquer questão importante desfavorável em termos globais ou no mercado local. A situação na Europa continua a ser preocupante, mas sem problemas iminentes no sistema bancário. Sim, os investidores devem ter a Espanha no radar, mas não esperamos qualquer ambiente de crise, a exemplo do verificado no final do ano de 2011. No lado positivo, os dados norte-americanos continuam favoráveis – ainda que não existam fragilidades.

Quanto à China, o país está desacelerando, mas ainda lhe concedemos o benefício da dúvida no curto prazo: antes de um pouso “forçado” (se houver), a política deve ser suave por extenso período. Os investidores comprando a mercado devem prestar atenção, no curto prazo, para a possibilidade de implementação de uma política de afrouxamento monetário, em vez de uma desaceleração ainda mais acentuada no segundo trimestre de 2012.

No lado doméstico, a atividade está em marcha mais lenta, com os problemas de fornecimento ganhando peso no radar dos investidores de forma mais intensa. Por outro lado, a demanda está indo muito bem (por exemplo, as vendas no varejo). No entanto, a inflação foi uma surpresa para o lado positivo e deve continuar a melhorar antes de se tornar uma preocupação mais uma vez – o que acreditamos que aconteça no segundo semestre de 2012. A abordagem seletiva para os mercados acionários, levando em consideração o cenário global, parece ser a melhor estratégia".

2- Mônica Araújo, estrategista da Ativa Corretora

"A ponderação de riscos começou a pesar para um cenário menos otimista, diante das incertezas advindas da economia internacional e do comportamento do preço do petróleo. A persistência do preço mais elevado da commodity poderá prejudicar ainda mais as economias avançadas, especialmente a europeia, porém a desaceleração chinesa poderá contribuir para amenizar esta tendência. No Brasil, a discussão sobre reajustes de combustíveis e proteção de setores prejudicados pelas importações deverão movimentar os mercados".


3- Renato Onishi, Pedro Martins e Marina Valle do Bank of America Merrill Lynch.

“O Brasil ainda negocia com um desconto em relação às ações globais de quase 15%, mesmo quando ajustamos as métricas de valor para a composição das indústrias dentro da Bovespa. E isso é um enorme contraste com os outros países da América Latina, que tem vigorosos prêmios na comparação com as ações globais nas mesmas métricas”.

4- Nataniel Cezimbra, gerente de pesquisas do BB Investimentos

"Para abril, o mercado deverá continuar mais seletivo na busca de ações, após a forte alta registrada no primeiro trimestre do ano, tanto no Brasil quanto no exterior, após o índice norte-americano S&P 500 alcançar o maior ganho trimestral desde 1998, atingindo níveis de resistências técnicas importantes. Continuarão no foco dos agentes as questões relacionadas aos problemas da crise das dívidas na Zona do Euro, onde após a reestruturação da dívida da Grécia, os demais países dos chamados PIIGS deverão receber atenções dos investidores.

Os dados que poderão ou não sinalizar a recuperação gradual da economia dos EUA e uma possível desaceleração na China também serão acompanhados de perto. O Ibovespa tem resistências próximas aos 66.100 pontos, aos 67.000 pontos e aos 69.000 pontos, com suportes em 63,800 pontos, 62.200 pontos e 59.600 pontos. A evolução diária do saldo de capital estrangeiro na Bovespa continuará sendo um consistente indicativo do provável direcionamento futuro do índice brasileiro".

5- Fernando Siqueira e Hugo Rosa, da Citi Corretora

"Desde o final de 2011, temos recorrentemente revisado para cima nossas projeções de crescimento ao redor do mundo. Além disso, também esperamos crescimento nos lucros corporativos em 2012, revertendo a tendência do segundo semestre de 2011, caracterizado por lucros mais fracos. Apesar de seguirmos otimistas com o cenário para a Bolsa no ano, não descartamos uma realização de lucros no curto prazo, conseqüência da forte alta acumulada nos últimos meses.

O fluxo de investimentos estrangeiros na Bovespa corrobora esta visão, visto que o mesmo ficou negativo em aproximadamente R$1,5 bilhão no período entre 15 e 28 de Março, o que sugere uma redução no apetite por ações brasileiras. Por fim, acreditamos que ainda há riscos de potenciais surpresas negativas relacionadas ao crescimento econômico no exterior ou ainda de algum evento negativo na Europa.

No Brasil, nosso maior receio é com o aumento da inflação, que poderia reverter parte do efeito positivo criado com a redução acelerada da taxa Selic. Contudo, só esperamos aumento da inflação no segundo semestre".


6- Andrew T. Campbell, analista do Credit Suisse.

"Para abril, nós aprofundamos a nossa mudança, iniciada em março, para os setores domésticos. Neste mês, o percentual do nosso portfólio para o Brasil nestes setores cresceu de 54% em fevereiro para 59% em março e 63% em abril. Sentimos que essa troca é apropriada devido à expectativa do nosso time de macroeconomia que o crescimento da produção industrial no mundo irá atingir o pico nos próximos meses, enquanto ao mesmo tempo o crescimento no Brasil irá acelerar no meio do ano, impulsionado pelo afrouxamento monetário".

7- Paulo Esteves, analista da Gradual Corretora

"Presenciamos um movimento de acomodação da bolsa em março, após a forte alta dos dois primeiros meses de 2012. Conforme os gráficos abaixo, tivemos saída de recursos de investidores estrangeiros e encolhimento do volume médio diário negociado no pregão. Contudo, entendemos que o movimento foi mais uma realização de lucros, do que efetivamente uma leitura pelos investidores de um agravamento da economia mundial. Nosso próprio comentário no relatório anterior apontava como pouco provável o prosseguimento de altas significativas no curto prazo.

Com o Ibovespa-alvo em 77200 pontos para dezembro, o potencial de ganho que era de 36% no encerramento de 2011, tinha se reduzido para apenas 17% em 29 de fevereiro. De qualquer forma, continuamos apontando a bolsa como o investimento mais atrativo em 2012, diante do quadro de redução da taxa de juros no Brasil".

8- Carlos Nunes, estrategista do HSBC.

"O mês de março trouxe algumas surpresas em relação à política econômica brasileira. Além do corte dos juros mais forte por parte do Bacen, o governo mostrou intolerância elevada com relação à questão cambial, adotando uma série de medidas para conter o movimento de valorização do real.

Assim, além de mantermos nossa visão favorável às histórias cíclicas domésticas, elevamos o peso de histórias que poderão se beneficiar de um real mais desvalorizado frente ao dólar. Por fim, a pressão do Governo sobre instituições financeiras públicas para forçar a queda dos spreads poderá prejudicar o resultado do setor no curto prazo".


9- Ricardo Tadeu Martins, estrategista da Planner Corretora

"Encerrada a safra de resultados de 2011, nossa expectativa é de uma bolsa ainda mais exposta ao comportamento das economias internacionais, com igual peso para a atuação do governo federal diante da preocupação com o comportamento do câmbio e outros aspectos como atividade industrial, inadimplência, etc. Desta forma, nossa elaboramos uma Carteira Recomendada mais concentrada em ações ainda cheias de dividendos e outras de pouca volatilidade. Os papéis mais expostos a volatilidade como OGX e LLX tiveram forte queda em março, recuperando a atratividade".

10- Fernando Góes, analista da Rico.

"Acreditamos que o mercado deve continuar fortemente correlacionado às noticias do cenário internacional e por isso estamos sendo ainda mais seletivos na alocação dos papéis da carteira. Temos privilegiado boas empresas, líderes no mercado de atuação, com margens elevadas, que têm mostrado consistência na entrega de resultados, que são menos sensíveis ao mercado externo e que ainda possuem um valuation convidativo".

11- Marcelo Alves Varejão, analista da Socopa Corretora.

"Após início de ano forte, o Ibovespa interrompeu sequência positiva ao encerrar o mês de março em baixa de 1,98%, aos 64.510 pontos, na contramão das bolsas norte-americanas. A volta das incertezas sobre a situação fiscal da Itália e, principalmente, da Espanha se somaram aos receios de maior desaceleração por parte da economia chinesa, o que acabou pesando sobre os mercados. Os papéis de empresas ligados ao setor de commodities foram os mais afetados, uma das razões do nosso descolamento em relação aos pares internacionais, dado o elevado peso que essas ações têm no Ibovespa.

O cenário para abril permanece o mesmo que o do mês anterior, com a cena externa, dividida entre os indicadores econômicos e os desdobramentos da crise europeia, ainda no foco do mercado".

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