Invest

100 dias de incerteza: No epicentro das tarifas, GM suspende projeções e recompra de ações

Uma das mais afetadas pelas tarifas para o setor automotivo, montadora tem bom resultado no primeiro trimestre, mas adota cautela com cenário pouco claro à frente

Fábrica da GM em Gravataí (Divulgação/Divulgação)

Fábrica da GM em Gravataí (Divulgação/Divulgação)

Publicado em 29 de abril de 2025 às 10h15.

Na semana em que Donald Trump completa 100 dias no cargo, a montadora americana General Motors decidiu suspender sua previsão de lucros para 2025 e congelar US$ 4 bilhões em recompras de ações enquanto avalia os impactos das tarifas automotivas propostas pelo presidente.

Os resultados do primeiro trimestre foram positivos, mas, no epicentro da guerra comercial – com produção no México e Canadá para atender o mercado americano –, a companhia alega não ter clareza sobre o cenário à frente.

“A projeção anterior não incluía o impacto das tarifas, então não pode mais ser considerada confiável”, afirmou Paul Jacobson, diretor financeiro da GM, durante uma coletiva de imprensa. “Vamos atualizar assim que tivermos mais informações.”

O mercado reagiu negativamente às incertezas: as ações da GM recuaram 1,12% antes da abertura do mercado nesta terça-feira.

A montadora de Detroit adiou para quinta-feira, 1º de maio, uma conferência com analistas para discutir seus resultados trimestrais e as suas projeções atualizadas para o ano. A expectativa é que até lá o governo americano esclareça pontos cruciais sobre as novas taxas, em especial, os mecanismos para evitar sobreposição de tarifas sobre veículos e autopeças importadas.

A GM seria uma das mais afetadas pelas medidas, já que parte significativa de sua produção é feita fora dos EUA. A empresa fabrica a picape Chevrolet Silverado no México e no Canadá, e modelos populares como o Trax e o Equinox também são montados fora do país.

Com as tarifas de 25% sobre veículos e autopeças previstas para entrar em vigor no próximo dia 3 de maio, a empresa intensificou a produção de picapes na fábrica de Fort Wayne, em Indiana, numa tentativa de mitigar os impactos.

Em fevereiro, a GM havia anunciado um ambicioso programa de recompra de ações de US$ 6 bilhões, dos quais US$ 2 bilhões seriam executados no segundo trimestre. Essa parcela será mantida por meio de um programa acelerado, mas o restante está suspenso até que haja mais visibilidade sobre o cenário regulatório.

“Temporariamente, suspendemos qualquer atividade adicional de recompra até que tenhamos mais clareza sobre a situação”, afirmou o diretor financeiro. Segundo ele, os investimentos em capital continuam sendo avaliados, mas nenhuma mudança significativa foi feita até o momento.

Balanço do 1º trimestre

Apesar da incerteza com tarifas, a GM começou o ano com resultados sólidos. A montadora registrou lucro de US$ 2,78 por ação no primeiro trimestre, superando a média das estimativas dos analistas da Bloomberg em 6 centavos.

O lucro antes de juros e impostos somou US$ 3,49 bilhões, ligeiramente acima da expectativa de Wall Street, de US$ 3,45 bilhões, mas abaixo dos US$ 3,87 bilhões reportados um ano antes. O resultado foi impactado negativamente pela valorização do peso mexicano, que gerou custo adicional de US$ 300 milhões.

Na China, a montadora voltou ao azul, com lucro de US$ 45 milhões — um avanço significativo após prejuízo superior ao dobro desse valor no mesmo período do ano passado. A empresa reestruturou sua operação no país após anos de queda nas vendas.

Acompanhe tudo sobre:GM – General MotorsTarifasRecompra de açõesCarros

Mais de Invest

Palantir nega falhas de segurança em sistemas de defesa; mercado reage mal e ação cai 7,5%

Novo Nordisk planeja lançar pílula contra obesidade em plataformas de telemedicina

Renault estuda aliança com chinesa Cherry para fabricar carros na América do Sul

Ibovespa fecha nos 144 mil pontos, mas tem saldo negativo na semana