Bitcoin: moeda foi criada em 2008 (Dado Ruvic/Illustration/Reuters)
Rita Azevedo
Publicado em 3 de dezembro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 4 de dezembro de 2017 às 11h49.
São Paulo -- A bitcoin quebrou um novo recorde na última semana, ao atingir a marca dos 11 mil dólares. Só neste ano, a mais famosa das moedas virtuais valorizou quase 900%.
No mercado financeiro, ainda não há consenso sobre sua real função e o que deve acontecer nos próximos anos com a bitcoin. Seria ele o meio de pagamento do futuro, a ameaça dos bancos centrais ou uma fraude?
Heroína ou vilã, o fato é que a criptomoeda deixou de ser mera curiosidade para se tornar um assunto comum entre investidores. Abaixo, você encontra dez curiosidades envolvendo bitcoins.
Em meados de 2008, um desenvolvedor identificado apenas como Satoshi Nakamoto publicou um estudo sobre o funcionamento de um mercado virtual e deu origem à criptomoeda mais famosa do mundo. A identidade de Nakamoto, no entanto, nunca foi comprovada.
Em 2014, a revista Newsweek disse ter descoberto o verdadeiro criador da bitcoin. A informação gerou um alvoroço, mas acabou não sendo comprovada. Depois disso, surgiram outros nomes e até mesmo quem se prontificasse a ser o pai da moeda. Até agora, nada foi provado.
O curioso é que, em 2015, o tal Nakamoto chegou a ser indicado ao Prêmio Nobel de Economia (uma bela oportunidade de conhecê-lo, é claro). A indicação partiu de Bhagwan Chowdhry, professor da Universidade da Califórnia, mas ele acabou não levando o prêmio.
Nas últimas semanas, começaram a circular boatos de que Elon Musk, CEO da Tesla, seria o verdadeiro Nakamoto. Em um post no blog Medium, um ex-estagiário de uma das empresas de Musk listou fatos e características do milionário que comprovariam que ele é o verdadeiro criador das moedas digitais.
Pouco tempo depois, Musk negou o rumou pelo Twitter. Para mostrar sua ligação com a criptmoeda, contou que um amigo deu a ele uma parte de bitcoin em algum momento, mas que ele não sabe nem “onde isso foi parar.”
A primeira transação comercial com bitcoins foi feita no dia 22 de maio de 2010. Naquele dia, um programador gastou 10 mil bitcoins em duas pizzas. O valor pode até parecer absurdo, mas naquela época não era lá muita coisa.
Convertendo em valores da última sexta-feira, cada pizza custaria o equivalente a 52 milhões de dólares. É como se você pagasse 6,5 milhões de dólares por cada uma das oito fatias dela.
Se todos as bitcoins existentes forem multiplicados pela cotação da moeda, o valor ultrapassaria os 170 bilhões de dólares.
Para efeitos de comparação, o valor é superior ao de companhias tradicionais como McDonald’s (cerca de 137 bilhões de dólares) e Disney (158 bilhões de dólares).
Hoje, além da próprio bitcoin, existe a bitcoin cash e a bitcoin gold. As novas versões surgiram em agosto e outubro deste ano, respectivamente, após um conflito de membros da comunidade sobre a escolha de uma atualização de um software. Originalmente, o design da bitcoin limita a quantidade de informação em sua rede, visando a proteção de ataques cibernéticos.
A grande questão é que essa característica limita a capacidade de processamento de transações da moeda, fazendo com que o tempo para uma operação envolvendo a bitcoin seja muito maior que, por exemplo, uma operação com cartão de crédito.
Os membros da comunidade que a “produz” não chegaram a um consenso sobre qual seria a melhor solução. Alguns passaram a defender o aumento do tal limite. Outros defenderam que uma parte dos dados passasse a ser administrada fora da rede principal, reduzindo o congestionamento. Depois de muitas brigas, os grupos rivais resolveram seguir cada um o seu caminho, dando origem às novas moedas.
Desde que a moeda digital foi criada, em 2008, foram registrados alguns casos de pessoas que jogaram no lixo HDs com suas preciosas bitcoins.
O morador do País de Gales James Howells foi um deles. Após ter derramado uma bebida sobre seu computador, Howells o desmontou e removeu o HD. “Guardei o HD em uma gaveta por três anos e esqueci completamente das bitcoins”, disse na época. Em 2013, ele resolveu jogar fora antigos equipamentos de TI e o HD foi um dos que foi para o lixo.
“Quando eu descobri qual era o valor da bitcoin, a ficha caiu e eu percebi que os bitcoins que eu tinha “mineirado” estavam no HD que eu joguei fora.”
Naquela época, Howells tinha 7,5 mil bitcoins que hoje valeriam 78 milhões de dólares.
Desde 2014, a bitcoin e outras moedas virtuais são ilegais na Bolívia. O país foi o primeiro latino a proibir as transações com “qualquer tipo de moeda que não seja emitida e controlada por um governo o uma entidade autorizada”, como diz a resolução do Banco Central boliviano.
O Equador seguiu o mesmo caminho e baniu as criptomoedas. Já na Venezuela, as moedas e o ato de minerar não são ilegais, mas há registros de mineradores acusados de crimes de informática, lavagem de dinheiro e roubo de eletricidade.
Desde 2013, a empresa de voos espaciais Virgin Galactic aceita bitcoins como meio de pagamento. As viagens espaciais ainda não sairam do papel, mas os gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss -- conhecidos pelo processo contra o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg -- garantiram seus lugares gastando alguns de suas bitcoins.
As bitcoins são produzidos de forma descentralizada por milhares de computadores, mantidos por pessoas que “emprestam” a capacidade de suas máquinas para criar moedas e registrar todas as transações feitas.
No processo de nascimento de uma bitcoin, chamado de “mineração”, os computadores conectados à rede competem entre si na resolução de problemas matemáticos. Quem ganha, recebe um bloco da moeda.
Há, no entanto, um limite para a criação de novas moedas. O número máximo de bitcoins criadas, segundo as regras estabelecidas por Nakamoto, é de 21 milhões. Como cada bloco da criptomoeda é gerado, em média, a cada 10 minutos, eles devem deixar de ser "produzidos" por volta do ano 2140.
O primeiro caixa automático da moeda digital foi inaugurado em outubro de 2013 na cidade de Vancouver, no Canadá. A máquina, parecida com um caixa eletrônico de bancos, foi fabricada pela empresa americana Robocoin para a troca de dólares por criptomoeda. Atualmente, há diversos caixas desse tipo no mundo, incluindo um no Brasil.
O dicionário de inglês Oxford adicionou, em agosto de 2013, o termo bitcoin. Ele foi definido como "Um tipo de moeda digital em que as técnicas de criptografia são usadas para regular a geração de unidades de moeda e verificar a transferência de fundos, operado independentemente de um banco central". Na mesma época, foram adicionadas outras palavras relacionadas ao universo da tecnologia, como selfie (autorretrato) e emoji (figurinhas de expressões usadas em mensagens).
Fonte: Guto Schiavon, sócio fundador da FOXBIT.