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Menos ações, mais juro: a estratégia da Kapitalo frente à inflação dos EUA

Bruno Cordeiro, sócio e gestor do Kapitalo K10, eleito o melhor multimercado macro de 2021 pela EXAME, aposta em posição defensiva diante do cenário nos EUA

Bruno Cordeiro (à direita) e sócios da Kapitalo, gestora com o melhor fundo multimercado macro do último ano segundo a EXAME (Leandro Fonseca/Exame)

Bruno Cordeiro (à direita) e sócios da Kapitalo, gestora com o melhor fundo multimercado macro do último ano segundo a EXAME (Leandro Fonseca/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 31 de março de 2022 às 07h15.

A inflação nos Estados Unidos chegou, em fevereiro, a 7,9% na taxa em 12 meses, seu maior patamar em 40 anos, mas o mercado ainda não parece ter precificado a magnitude do aperto que o banco central americano, o Fed, terá que fazer para conter a alta dos preços e ancorar as expectativas. 

Essa é a visão de Bruno Cordeiro, sócio e gestor do Kapitalo K10 FIC FIM, eleito o melhor da categoria Fundos Multimercado Macro de 2021 na premiação Melhores do Mercado da EXAME, o ranking mais tradicional da indústria de fundos de investimento do país.  

Confira abaixo trechos da entrevista à EXAME Invest, em que Cordeiro comentou o desempenho do fundo no último ano e as perspectivas para 2022.

O que explica o desempenho do K10 em 2021?

O principal diferencial do K10 é oferecer um multimercado macro com foco global, enquanto a maior parte dos fundos locais com esse viés é voltado apenas para o mercado brasileiro. Operamos commodities, moedas estrangeiras, juros, moedas e bolsa, com bastante diversificação geográfica.

Quais eram as principais posições do fundo no último ano?

Nossas maiores posições foram nos mercados de commodities, em descarbonização e ações globais. Na renda variável, o fundo tinha posições compradas em papéis dos Estados Unidos e da Ásia porque projetamos a diminuição dos prêmios de risco e a valorização das bolsas à medida que as vacinas se provassem eficazes — e foi o que aconteceu. 

O avanço da vacinação também permitiu um crescimento global muito forte, que causou escassez em algumas commodities e também afetou o mercado de juros. Passamos o último ano comprados em petróleo e grãos, e, por outro lado, vendidos em metais preciosos, títulos públicos de diversos países e também na bolsa brasileira.

E para este ano, qual a estratégia do fundo?

Para 2022, a carteira está bem mais defensiva, com a posição praticamente zerada em ações. A principal preocupação é o processo de normalização da política monetária nos Estados Unidos. Os dados da inflação e do mercado de trabalho apontam que a alta de juros deveria ser muito mais rápida do que o mercado está precificando. Quando uma alta de preços dessa magnitude atinge a principal economia do mundo, todos os outros mercados são afetados.

Onde estão as oportunidades?

Para enfrentar o cenário, temos posições tomadas em juros, em especial nos Estados Unidos. Também estamos comprados em moeda americana contra o euro, onde o aperto da política monetária está ainda mais atrasado. 

Continuamos investindo ainda em commodities que enfrentam um cenário de escassez aguda no curto prazo, como petróleo, alumínio, paládio e soja.

O fundo tem posições no Brasil?

O Brasil não está na carteira no mercado de juros, pois o ciclo de alta da Selic está quase finalizado. Também não temos posição em bolsa brasileira, apesar de enxergarmos preços atrativos – a bolsa está muito barata em termos de valuation.

Não queremos ficar vendidos, porém só teremos posição comprada local quando houver clareza sobre a política fiscal do próximo governo. Preferimos esperar para ter um pouco mais de confiança na condução da economia.

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