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Jakurski, da JGP: a visão sobre dólar, bolsa, eleição e até criptos

Um dos maiores traders do país, André Jakurski, disse que a euforia com os ativos brasileiros neste ano está desaparecendo

André Jakurski: seja quem for o vencedor das eleições presidenciais em outubro, as regras fiscais devem ser afrouxadas e o gasto público vai aumentar (JGP/Divulgação)

André Jakurski: seja quem for o vencedor das eleições presidenciais em outubro, as regras fiscais devem ser afrouxadas e o gasto público vai aumentar (JGP/Divulgação)

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Bloomberg

Publicado em 27 de abril de 2022 às 09h36.

Um dos maiores traders do país, André Jakurski, disse que a euforia com os ativos brasileiros neste ano está desaparecendo.

Para Jakurski, 73, os melhores dias para o real ficaram para trás, afirmou em entrevista à Bloomberg News. Embora a escalada dos juros limite o espaço para depreciação da moeda brasileira, Jakurski defendeu que a chance de o dólar voltar para R$ 5,40 - patamar registrado três meses atrás - é maior do que a da moeda cair em direção a R$ 4,20 - nível atingido pré-pandemia de coronavírus.

A inversão no fluxo estrangeiro para a bolsa, negativo no acumulado de abril, também não favorece a moeda.

“Foi um ciclo virtuoso, mas parou”, disse Jakurski, que ajudou a fundar a JGP Asset Management, com mais de R$ 26 bilhões sob gestão. O real “veio como uma flecha de R$ 5,60 para R$ 4,60”, segundo ele, só que “todo mercado, quando sofre um movimento muito forte, precisa descansar.”

Uma “onda corretiva” - nas palavras de Jakurski - já está em curso, com o real se enfraquecendo mais de 7% nas últimas três sessões, o pior desempenho entre todas as moedas globais.

Jakurski vê o nível de R$ 5,00 como uma espécie de teto no curto prazo, mas diz que a trajetória da moeda dependerá de fatores como o cenário para juros e inflação nos EUA, assim como a atividade econômica global.

Conhecido por negociar ações para George Soros e ter sido mentor para uma geração que inclui o banqueiro André Esteves, Jakurski vê pouca razão para otimismo com o Brasil. Seja quem for o vencedor das eleições presidenciais em outubro, as regras fiscais devem ser afrouxadas e o gasto público vai aumentar, disse.

Embora uma grande ruptura na política econômica não esteja no seu cenário-base, as chances de grandes transformações estruturais também são vistas como baixas.

“No Brasil, reformas são exceções”, disse Jakurski. “Privatizar uma empresa, no longo prazo, tem a sua contribuição, mas há outras coisas que poderiam mudar a trajetória do país, como ter uma educação melhor, força de trabalho mais preparada, abertura comercial maior.”

Ele também é cético sobre a possibilidade de candidatos presidenciais mais moderados - a “terceira via” - conquistarem apoio necessário para derrotar Jair Bolsonaro ou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula lidera as pesquisas de opinião, mas sua vantagem para Bolsonaro diminuiu.

“A eleição ainda está em aberto,” disse.

Abaixo, um resumo das visões de Jakurski sobre outros temas:

  • Criptomoedas: “Pessoalmente, não gosto. Acho legítimo como instrumento de especulação, mas achar que você vai ter sua poupança em criptomoedas e dormir tranquilo, essa queda recente do Bitcoin mostra que isso não é verdade.”
  • Ações: “Houve um período muito longo de crescimento bastante generoso dos índices e das ações em geral e agora eles tendem a ficar algum tempo de lado. O ‘stock picking’ tem que ser muito preciso e os ‘valuations’ ainda estão altos. Não sou muito empolgado com bolsas.”
  • Inflação global: “O processo inflacionário foi detonado. Talvez só há 40 anos eu tenha visto inflação desse nível.”
  • Dólar no exterior: “A qualquer momento, você vai ter uma virada do dólar. Há razões para ele estar forte, mas, quando a trajetória de juros está muito precificada, uma decisão considerada ‘hawkish’ do banco central não faz a moeda subir. Os EUA têm déficit em conta corrente gigante, déficit fiscal gigante. Isso me diz que, em algum momento, haverá uma mudança de trajetória do dólar.”
  • Petrobras: “Pelo menos até o fim do governo Bolsonaro, não deve haver mais mexida na Petrobras, intervenção no preço. Esse risco está afastado. Mas, como ninguém sabe quem vai ganhar a eleição e não sabemos se terá uma nova política, sempre paira uma dúvida no ar. A Petrobras estaria mais apreciada se não houvesse essa percepção.”
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