Aline Cardoso, gestora da Trafalgar Investimentos, recomenda investir em bolsas americanas (Trafalgar Investimentos/Divulgação)
Marília Almeida
Publicado em 2 de julho de 2020 às 16h31.
Última atualização em 28 de agosto de 2020 às 23h55.
Mesmo com o aumento do sobe e desce do mercado diante das incertezas provocadas pela crise da pandemia, o investidor se vê hoje sem alternativas a não ser aplicar em ativos de maior risco. O Brasil está com os juros na mínima histórica, de 2,25% ao ano. No mundo, diversos países já registram juros negativos. Nesse cenário, onde é melhor investir no segundo semestre do ano?
A especialista em fundos da EXAME Research, Juliana Machado, recebeu em uma live Aline Cardoso, gestora da Trafalgar Investimentos, e Sara Delfim, gestora da Dahlia Capital, para compartilhar suas visões para investimentos no restante do ano.
Delfim aponta que a Dahlia estava otimista com a economia brasileira, mas após a crise provocada pelo novo coronavirus diz ter reduzido sua exposição à bolsa e aumentado proteções. Contudo, desde então essa exposição já aumentou novamente. "Investimos tanto na bolsa brasileira quanto na americana, pro meio dos ETFs (fundos de índice), principalmente dólar e juros."
Segundo a gestora da Dahlia, o cenário atual é propício para que ativos reais, como ações, imóveis e dólar, continuem a valorizar. "As empresas que estão na bolsa são as melhores de cada segmento da economia. Elas acabam se diferenciando em qualquer cenário. Aproveitamos a oportunidade causada pela desvalorização dos papéis para recomprar empresas que já tínhamos no portfólio e apostamos na bolsa americana. Como não temos habilidade para escolher papéis lá fora preferimos os ETFs."
Cardoso também aponta que, na pré-pandemia, a Trafalgar via o Brasil no início de um ciclo de recuperação. Contudo, a filosofia de investimento da gestora é não trabalhar com um cenário único. "Estávamos otimistas, com 80% de exposição à bolsa, mas tínhamos proteção para um cenário de recessão". Na crise, a gestora reduziu exposição em bolsa para 70% e aumentou a exposição em empresas de tecnologia, de olho em hábitos que serão modificados quando a pandemia passar.
Apesar de ainda pairar muitas incertezas sobre uma segunda onda de contágio do vírus, investidores mais conservadores podem buscar investir em ações de empresas mais resilientes, de forma a evitar surpresas. Essa aplicação deve ser sempre acompanhada pela aplicação de parte da carteira em dólar e ouro, como forma de proteção em um cenário de piora da economia.
Delfim recomenda, entre as varejistas, empresas como Magazine Luíza, que têm varejo mais robusto e podem crescer, apesar de restrições do comércio físico.
O setor de energia elétrica também é uma aposta mais previsível. "Não há queda da demana, as tarifas são tabeladas e há previsibilidade de custos. Além disso, essas empresas costumam distribuir de 5% a 6% em dividendos. Parece pouco, mas é o triplo do que pagará o CDI em breve."
O home office forçado de parte dos trabalhadores brasileiros também beneficia as empresas de telefonia, diz a gestora. Na visão dela, a demanda por velocidade de internet tende a aumentar.