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Empresas com diversidade têm mais chances de reter talentos, diz analista

Segundo especialista de ESG da Exame Research, no passado pessoas eram atraídas pela remuneração, atualmente as empresas têm de oferecer também um propósito

Diversidade: análises ESG de investimentos consideram a diversidade como um dos pontos a serem analisados (Lyubov Ivanova/Getty Images)

Diversidade: análises ESG de investimentos consideram a diversidade como um dos pontos a serem analisados (Lyubov Ivanova/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2020 às 18h27.

Última atualização em 5 de novembro de 2020 às 16h08.

Em meados de setembro, a discussão sobre racismo ganhou destaque mais uma vez no Brasil após o Magazine Luiza lançar um programa de trainee exclusivamente para negros. A varejista decidiu recrutar universitários e recém-formados de todo o Brasil para aumentar a diversidades racial em cargos de liderança.

No Magalu, 53% dos funcionários são declarados pretos e pardos, e apenas 16% deles ocupam cargos de liderança. O objetivo da varejista é mudar esse quadro. A diretoria executiva de Gestão de Pessoas da empresa disse que a companhia acredita que a diversidade é o caminho para que o negócio se torne melhor e mais competitivo.

O caso levantou muitas discussões sobre o racismo e até processos judiciais contra o Magazine Luiza. Na mesma época que o Magazine Luiza, a Bayer abriu inscrições para sua seleção de trainees com o objetivo de acelerar a formação de lideranças negras no negócio. O tema vai muito além das questões sociais e se reflete nos negócios. A diversidade de ideias faz com que um negócio atenda melhor  uma variedade de clientes.

A população preta e parda brasileira movimenta 1,7 trilhão de reais ao ano e aceita pagar até 20% mais em produtos que valorizem elementos da cultura afro, segundo pesquisas do Instituto Locomotiva e Feira Preta. Além disso, levantamentos da consultoria McKinsey revelam que, no mundo, empresas com maior diversidade étnico-racial entre os executivos conseguem um desempenho financeiro em média 33% melhor em comparação com o de suas concorrentes. Na América Latina, esse percentual é de 24%.

O tema faz parte das análises ESG (Meio Ambiente, Social e Governança, na sigla em inglês). Em relatório exclusivo de ESG da Exame Research, a analista Renata Faber afirma que "Enquanto no passado as pessoas eram atraídas pela remuneração e pelos benefícios, atualmente as empresas têm de oferecer também um propósito. Uma empresa que promove a diversidade e causa impacto social e ambiental têm mais chance de atrair e reter talentos, principalmente sobre as novas gerações (millennials e geração Z)".

A questão não está restrita apenas às grandes empresas, mas também aos pequenos empreendedores que querem começar um negócio. Um novo relatório do British Business Bank revela que empreendedores negros ou de origem asiática e outras minorias étnicas enfrentam dificuldades sistêmicas no mundo corporativo.

Chamado “Alone together: Entrepreneurship and Diversity in the UK” (“Sozinhos juntos: Empreendedorismo e Diversidade no Reino Unido”, em tradução livre), o estudo conduzido em parceria com a empresa de consultoria de gestão Oliver Wyman mostra como o sucesso ou fracasso de um negócio é influenciado por fatores como etnia, gênero e localização.

Segundo o relatório, empreendedores negros no Reino Unido faturam em média 25.000 libras por ano, quase 40% a menos do que os empreendedores brancos, cujo faturamento médio é de 35.000 libras. Além disso, 28% dos empreendedores negros do país não conseguem tornar suas companhias lucrativas, enquanto isso acontece com apenas 16% dos empreendedores brancos.

Para Faber, as empresas brasileiras ainda precisam melhorar a publicação dos dados de diversidade. Ainda não são todas as empresas que publicam, por exemplo, o percentual de mulheres em cargos de liderança, e como a remuneração das mulheres se compara com a remuneração dos homens. Outro dado sobre diversidade é o percentual de mulheres que continua trabalhando na empresa um ou dois anos após voltar da licença maternidade. Mas o grande ponto é que diversidade não é apenas de gênero, mas também de cor, orientação sexual, etnia.

"E por que a diversidade é importante? Um ambiente com pessoas de diferentes perfis é mais criativo, gera mais inovação e inovação gera valor. Além disso, por princípio, bons profissionais deveriam ter a mesma oportunidade de remuneração e promoção, independente do seu gênero ou cor, por exemplo", conclui a especialista.

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