Com a Selic em 14,75% ao ano, a parcela de renda fixa do COE já garante uma base próxima da taxa mínima necessária (Getty Images/Getty Images)
Publicado em 19 de maio de 2025 às 16h35.
Dobrar o capital em cinco anos é um objetivo ambicioso, mas possível — especialmente em cenários de juros altos, como o atual no Brasil. Para quem busca essa meta, os COEs, sigla para Certificados de Operações Estruturadas, surgem como uma alternativa que alia proteção parcial ao potencial de ganhos acima da média. Mas quanto é preciso investir e o que avaliar para que esse tipo de aplicação realmente funcione?
A resposta passa por entender a lógica dos COEs, o papel da Selic no retorno da renda fixa e, principalmente, a estrutura por trás de cada certificado emitido pelos bancos.
Os COEs são produtos financeiros que combinam duas camadas de investimento: uma parte conservadora, atrelada a instrumentos de renda fixa (como o CDI), e outra parte ligada a ativos de risco, como índices, moedas, ações ou derivativos. Essa estrutura híbrida permite que o investidor tenha acesso a ganhos mais expressivos sem, necessariamente, abrir mão da segurança.
A grande sacada do COE está na montagem do produto: a renda fixa cobre o capital inicial, enquanto a parte variável busca multiplicar esse valor com base em cenários de mercado.
Para dobrar o valor investido em cinco anos, o retorno composto precisa ser de, aproximadamente, 14,87% ao ano. A fórmula que leva a esse resultado é simples: (1 + r)⁵ = 2 → r ≈ 14,87%
Em outras palavras, se você investir R$ 10 mil, precisa alcançar cerca de R$ 20 mil ao final do período — o que só é possível se o COE superar, ano a ano, esse percentual médio.
Com a Selic em 14,75% ao ano, a parcela de renda fixa do COE já garante uma base próxima da taxa mínima necessária. Isso significa que a parte variável precisa contribuir com um desempenho adicional relativamente pequeno para atingir o objetivo de dobrar o capital.
No entanto, isso depende fortemente da estrutura de cada COE, já que alguns oferecem ganhos limitados ou atrelados a cenários muito específicos. Outros, mais agressivos, podem ultrapassar os 15% ao ano, mas com riscos proporcionais.
Além disso, o sucesso do COE depende da habilidade do banco emissor em montar uma operação alinhada com o perfil do investidor e com expectativas realistas de mercado.
Se o objetivo é dobrar o investimento em cinco anos, e o investidor está disposto a aceitar um grau moderado de risco, os COEs estruturados com inteligência podem, sim, ser uma alternativa viável. Mas, para isso, é necessário escolher produtos cuja rentabilidade projetada ultrapasse os 14,87% ao ano — e confiar em que os ativos subjacentes tenham um bom desempenho.
Como sempre, o melhor caminho é diversificar e contar com assessoria especializada para entender onde estão os reais potenciais — e os limites — de cada produto estruturado.