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Qual é a diferença entre Tesouro Prefixado, IPCA+ e Selic?

Entenda como funcionam os principais títulos do Tesouro Direto, suas características e como escolher o melhor para o seu perfil de investimento

O Tesouro Direto é uma plataforma criada pelo governo em parceria com a B3 onde qualquer pessoa pode emprestar dinheiro para o governo federal e receber juros por isso.

O Tesouro Direto é uma plataforma criada pelo governo em parceria com a B3 onde qualquer pessoa pode emprestar dinheiro para o governo federal e receber juros por isso.

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 11 de setembro de 2025 às 17h33.

Com a taxa Selic em 15% ao ano, o Tesouro Direto voltou a despertar o interesse de milhões de brasileiros que buscam rentabilidade segura para suas economias. Em março deste ano, foram realizadas mais de 900 mil operações, totalizando R$ 11,69 bilhões, o maior valor da história do programa, com quase metade das aplicações sendo de até R$ 1 mil, mostrando que o pequeno investidor descobriu de vez esse mercado.

Mas na hora de escolher entre Tesouro Selic, Tesouro Prefixado e Tesouro IPCA+, muita gente trava. É como entrar numa loja e se deparar com dezenas de modelos diferentes, cada um com suas vantagens, sem saber qual atende melhor suas necessidades. A boa notícia é que entender essa diferença é mais simples do que parece, e fazer a escolha certa pode significar rendimentos melhores para seu dinheiro.

O que é Tesouro Direto e como funciona?

O Tesouro Direto é uma plataforma criada pelo governo em parceria com a B3, onde qualquer pessoa pode emprestar dinheiro para o governo federal e receber juros por isso. Funciona como um empréstimo reverso: você é o banco e o governo é o cliente, com a diferença de que esse cliente nunca deixa de pagar suas dívidas.

A mecânica é simples e pode ser feita totalmente online através de corretoras ou bancos. Com menos de R$ 40 já dá para começar a investir, bem diferente dos tempos em que só grandes investidores tinham acesso.

O programa oferece diferentes tipos de títulos públicos, cada um funcionando de uma forma específica para atender objetivos variados. Alguns acompanham a taxa básica de juros, outros protegem contra a inflação e há aqueles que travam uma rentabilidade fixa desde o início, permitindo que cada investidor encontre a opção mais adequada ao seu perfil e momento de vida.

Vale a pena investir em títulos públicos?

Essa pergunta tem resposta positiva para a maioria dos brasileiros, especialmente para quem está começando no mundo dos investimentos. A segurança é o grande chamariz, já que o risco de calote do governo federal é considerado o mais baixo do mercado brasileiro, servindo inclusive como referência para outros investimentos.

Outro ponto forte é a acessibilidade financeira e operacional, já que o Tesouro permite começar com pouco e ainda oferece isenção de taxa de custódia para valores até R$ 10 mil no Tesouro Selic.

A flexibilidade também merece destaque, com opções que atendem desde quem precisa de liquidez imediata para emergências até quem planeja a aposentadoria daqui a 30 anos. Essa variedade permite montar uma carteira diversificada usando apenas títulos públicos, adequando cada escolha a um objetivo específico sem complicações desnecessárias.

Quais são os tipos de títulos do Tesouro Direto?

Tesouro Selic

O Tesouro Selic é o queridinho de quem busca segurança máxima e liquidez total. Sua rentabilidade acompanha diariamente a taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, funcionando como uma poupança turbinada que rende todos os dias úteis e permite resgate a qualquer momento sem sustos no valor investido.

Com 63,2% do total de vendas em março, mês em que o Tesouro bateu recorde, esse título se tornou o melhor para reserva de emergência, justamente por não ter volatilidade. Se você aplicou R$ 1.000 hoje e precisar resgatar daqui a três meses, receberá os R$ 1.000 mais os juros proporcionais do período, sem risco de perder dinheiro mesmo resgatando antes do vencimento.

Tesouro Prefixado

O Tesouro Prefixado funciona diferente, travando uma taxa fixa no momento da compra. Se o título oferece 12% ao ano, esse será seu rendimento até o vencimento, nem um centavo a mais ou a menos, independentemente do que acontecer com a economia ou com a taxa Selic no período.

Essa previsibilidade tem um preço. Caso precise vender antes do vencimento, o valor recebido dependerá do humor do mercado naquele momento. Se os juros subiram desde sua compra, o título valerá menos e você pode ter prejuízo. Por outro lado, se os juros caíram, pode até ganhar mais que o combinado inicialmente.

Tesouro IPCA+

O Tesouro IPCA+ oferece dupla proteção, pagando a inflação do período mais uma taxa extra prefixada. Esse título garante ganho real acima da inflação, preservando e aumentando o poder de compra ao longo do tempo. Um exemplo atual é o Tesouro IPCA+ 2029, que oferece IPCA + 7,81 ao ano.

Esse título é ideal para objetivos de longo prazo como aposentadoria ou educação dos filhos. A proteção contra a inflação é sua maior vantagem, mas assim como o prefixado, vender antes do vencimento pode resultar em ganhos ou perdas dependendo das condições de mercado no momento do resgate.

Como escolher o melhor título para o seu perfil de investimento

A escolha do título ideal começa pela definição clara do objetivo. Para uma reserva de emergência que pode ser necessária a qualquer momento, o Tesouro Selic é imbatível pela segurança de não perder dinheiro no resgate antecipado. Já para metas com data definida, como uma viagem daqui a dois anos, o Tesouro Prefixado permite saber exatamente quanto terá disponível.

O prazo do investimento também influencia diretamente na decisão. Objetivos de curto prazo, até dois anos, combinam melhor com Tesouro Selic ou Prefixados de vencimento próximo. Para horizontes mais longos, acima de cinco anos, o IPCA+ se torna mais interessante por proteger contra a erosão inflacionária que corrói o poder de compra ao longo do tempo.

Vale considerar ainda o momento econômico na hora de investir no Tesouro Direto. Com a Selic em patamares elevados como os atuais 15%, o Tesouro Selic oferece retornos atrativos com liquidez total. Já em momentos de expectativa de queda dos juros, travar taxas prefixadas altas pode ser uma jogada inteligente para garantir boa rentabilidade futura.

Como a taxa Selic afeta cada um deles

A taxa Selic impacta cada título de forma diferente, criando oportunidades e riscos específicos. No Tesouro Selic, a relação é direta e proporcional: Selic sobe, rendimento sobe no mesmo ritmo; Selic cai, rendimento acompanha a queda, sempre mantendo o capital protegido para resgates antecipados.

Para o Tesouro Prefixado, a dinâmica é inversa quando se pensa em venda antecipada. Alta da Selic após a compra do título significa que novos papéis pagam mais, tornando o seu menos atrativo e reduzindo seu preço de mercado. Por outro lado, queda da Selic valoriza títulos prefixados antigos com taxas mais altas, podendo gerar lucros extras na venda antecipada.

O IPCA+ sofre influência similar ao prefixado na parte fixa de sua remuneração, mas com o adicional da proteção inflacionária. Em cenários de Selic alta com inflação controlada, pode perder atratividade frente aos outros títulos. Porém, em momentos de inflação persistente, mesmo com Selic elevada, continua sendo a melhor proteção para o poder de compra no longo prazo.

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