A compreensão dessa anomalia permite que os investidores ajustem suas estratégias e aproveitem o potencial de ganhos no início do ano (Engdao Wichitpunya / EyeEm/Getty Images)
Publicado em 5 de maio de 2025 às 16h10.
Quando o calendário vira e o novo ano começa, o mercado financeiro parece reagir de maneira particular. O January Effect é uma anomalia que gera curiosidade, com muitos investidores focados nas primeiras semanas de janeiro. Esse fenômeno, que historicamente impulsiona as ações, especialmente das empresas de menor porte, traz oportunidades para quem entende o comportamento sazonal do mercado.
O January Effect refere-se à tendência histórica de que as ações, principalmente as de empresas de menor capitalização, têm um desempenho superior no início de janeiro quando comparadas aos outros meses do ano. Esse comportamento é amplamente observado nos mercados financeiros, especialmente nos Estados Unidos, mas pode ser encontrado em outras bolsas ao redor do mundo.
O fenômeno está ligado a uma série de fatores, principalmente a movimentação de vendas no final do ano. Muitos investidores realizam o tax-loss selling, uma prática em que ações com prejuízos são vendidas para reduzir a carga tributária. Isso causa uma pressão vendedora, que reduz temporariamente os preços das ações. No início de janeiro, quando essa pressão diminui, os preços tendem a subir.
A dinâmica do January Effect se dá em duas etapas: no final do ano, ocorre um movimento de vendas em massa, onde investidores tentam compensar perdas e reduzir impostos. Isso cria uma distorção nos preços, principalmente em ações de menor porte. Com a chegada de janeiro, a venda das ações diminui e os investidores começam a reinvestir seus recursos, gerando uma pressão compradora que eleva os preços.
Além disso, uma teoria conhecida como "parking-the-proceeds" sugere que os investidores guardam o dinheiro obtido com as vendas no final de ano e só voltam a investir em janeiro, o que também contribui para o aumento da demanda e eleva os preços das ações.
As ações de empresas menores, como as small caps, são as mais beneficiadas, com uma tendência de ganhos mais expressivos em comparação com ações maiores. Esse movimento é resultado do ajuste dos portfólios dos investidores, que compram ações que estavam temporariamente desvalorizadas.
Esse fenômeno também gera maior volatilidade e volume de transações, já que muitos investidores ajustam suas estratégias de acordo com as tendências de início de ano.
Apesar de ser um fenômeno amplamente reconhecido, o January Effect tem gerado controvérsias nos últimos anos. Alguns estudos recentes, incluindo análises do índice S&P 500, indicam que o desempenho de janeiro nem sempre é superior ao de outros meses. A maior eficiência dos mercados e o acesso a informações em tempo real têm minimizado o impacto desse fenômeno, tornando-o menos previsível. Isso sugere que o efeito pode estar diminuindo, à medida que mais investidores ajustam suas estratégias para lidar com as distorções sazonais.
O January Effect ainda é um fenômeno relevante no mercado financeiro, principalmente para quem investe em ações de empresas de menor porte. Embora sua intensidade tenha diminuído nos últimos anos, ele continua a ser uma oportunidade para investidores atentos às tendências sazonais do mercado. A compreensão dessa anomalia permite que os investidores ajustem suas estratégias e aproveitem o potencial de ganhos no início do ano, mas é sempre importante considerar os riscos e a evolução do mercado financeiro.