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Custos ocultos nos investimentos: quais são e como impactam sua rentabilidade

Veja quais taxas, impostos e encargos reduzem seus lucros em diferentes tipos de investimento e saiba como minimizar esses custos

Para reduzir os encargos, algumas estratégias são fundamentais, e a primeira delas é escolher corretoras que ofereçam isenção de taxas de administração e corretagem zero para seu perfil de investimento. (BrianAJackson/Thinkstock)

Para reduzir os encargos, algumas estratégias são fundamentais, e a primeira delas é escolher corretoras que ofereçam isenção de taxas de administração e corretagem zero para seu perfil de investimento. (BrianAJackson/Thinkstock)

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 15 de agosto de 2025 às 17h54.

Com a Selic ainda em patamares elevados, muitos brasileiros se animam ao ver rentabilidades brutas atraentes em aplicações de renda fixa. Um CDB prometendo IPCA + 8% ou um fundo DI rendendo 100% do CDI parecem negócios irresistíveis. Porém, há um detalhe que pode transformar esse retorno aparentemente generoso em algo bem mais modesto: os custos ocultos.

É como comprar um smartphone em promoção e descobrir depois que precisa pagar pelo carregador, pela capinha e pelo frete. No mundo dos investimentos, essas "taxinhas" aparecem disfarçadas de diferentes formas, desde a tradicional mordida do Leão até cobranças que passam despercebidas no extrato.

Impostos que reduzem a rentabilidade dos investimentos

O Imposto de Renda talvez seja o custo mais conhecido. Em CDBs e títulos do Tesouro Direto, a alíquota segue uma tabela regressiva: começa em 22,5% para aplicações de até 180 dias e cai progressivamente até 15% para investimentos superiores a dois anos. Ou seja, aquele CDB que promete render 15% ao ano pode entregar apenas 12,75% líquido após 720 dias.

Já o IOF é o pesadelo dos investidores apressados. Quem resgata antes de 30 dias paga uma alíquota que começa em 96% sobre o rendimento no primeiro dia. Na prática, isso significa que um resgate emergencial pode zerar seus ganhos.

Vale destacar que fundos de investimento sofrem com o famigerado come-cotas, uma antecipação semestral do Imposto de Renda que ocorre em maio e novembro. Esse mecanismo reduz o número de cotas do investidor automaticamente, diminuindo o montante que continuará rendendo.

Taxas cobradas por corretoras, bancos e fundos

Além dos impostos, existe um universo de taxas de investimentos que podem passar batidas. A taxa de administração é uma das mais comuns em fundos de investimento, variando de 0,5% a 3% ao ano. Em termos reais, um fundo que cobra 2% de taxa e rende 14% brutos entrega apenas 12% antes mesmo de considerar impostos.

Ainda mais sutil é a taxa de performance, cobrada quando o fundo supera determinado benchmark. Geralmente fixada em 20% sobre o excedente, ela pode reduzir consideravelmente os ganhos em anos de boa performance.

Há também a taxa de custódia, uma cobrança anual de 0,20% sobre o valor dos títulos do Tesouro Direto, paga à B3 pela guarda dos papéis, embora alguns títulos já contem com isenção para pessoa física. Na prática, se você tem R$ 100.000 investidos, pagará R$ 200 por ano. Pode parecer pouco, mas em 10 anos serão R$ 2.000 que deixaram de render juros compostos — dinheiro suficiente para comprar um novo título.

Além disso, algumas corretoras ainda cobram taxas de carregamento, um percentual sobre o valor aplicado ou resgatado em fundos de investimento. Embora essa prática esteja se tornando menos comum, ainda pode representar de 0,5% a 5% do montante movimentado.

Custos operacionais em renda fixa e variável

Na renda variável, os custos se multiplicam. A corretagem de ações pode variar de zero a R$ 30 por operação, dependendo da corretora e do canal utilizado. Investidores que operam com frequência podem ver esses valores se acumularem rapidamente, especialmente em operações de menor valor onde a corretagem representa um percentual considerável.

Além disso, existem os emolumentos da B3, que incluem taxas de negociação e liquidação. Embora percentualmente pequenas (cerca de 0,03% do volume), são cobradas em toda operação. Para completar, algumas corretoras adicionam uma taxa operacional sobre esses valores, aumentando ainda mais o custo final.

Em investimentos no exterior, o spread bancário surge como mais um custo adicional. A diferença entre o câmbio de compra e venda pode chegar a 4% em algumas instituições, tornando a diversificação internacional mais cara.

Custos indiretos que afetam o retorno do investimento

Nem todos os custos aparecem em forma de taxa. O slippage, por exemplo, é a diferença entre o preço esperado e o preço efetivamente executado em uma ordem. Em momentos de alta volatilidade ou com ativos de baixa liquidez, essa diferença pode ser chamativa, principalmente para investidores que operam valores maiores.

A inflação, embora não seja uma taxa, funciona como um custo invisível constante. Um investimento que rende 10% ao ano com inflação de 5% entrega apenas 5% de ganho real. Muitos investidores se iludem com rentabilidades nominais atraentes sem considerar quanto desse retorno será corroído pelo aumento dos preços.

Por fim, existem os custos de oportunidade e rebalanceamento. Manter dinheiro em investimentos de baixa rentabilidade por comodidade ou realizar trocas frequentes de ativos (gerando novos custos e impostos) podem impactar consideravelmente o patrimônio no longo prazo.

Como calcular e reduzir os custos invisíveis dos investimentos

O primeiro passo para combater os custos ocultos é conhecê-los, já que antes de investir é fundamental calcular o retorno líquido considerando todas as taxas e impostos que incidem sobre a aplicação. Uma alternativa que promete IPCA + 6% pode entregar menos que uma LCI de 85% do CDI quando considerados todos os custos, por isso vale utilizar simuladores disponíveis tanto nas próprias corretoras quanto em sites especializados.

Para reduzir os encargos, algumas estratégias são fundamentais, e a primeira delas é optar por corretoras que ofereçam isenção de taxas de administração e corretagem zero para seu perfil de investimento.

Além disso, planeje o prazo dos investimentos para minimizar impostos, evitando resgates antes de 30 dias para escapar do IOF e considerando manter aplicações por mais de dois anos para aproveitar a alíquota mínima de imposto de renda, que cai de 22,5% para 15%.

No caso de fundos, por sua vez, entenda como funciona o come-cotas e avalie se não seria mais vantajoso investir diretamente em títulos, uma vez que essa antecipação semestral do imposto pode comprometer significativamente a rentabilidade no longo prazo.

Por último, não se esqueça de considerar seu perfil e objetivos. Às vezes, pagar uma taxa maior por um serviço de qualidade ou pela conveniência pode valer a pena. O importante é fazer essa escolha conscientemente, não por falta de informação.

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