Marcação a mercado ajusta diariamente o valor das cotas dos fundos multimercado com base nos preços reais dos ativos, refletindo oscilações e trazendo mais transparência para o investidor. (Getty/Getty Images)
Publicado em 22 de abril de 2025 às 18h03.
A marcação a mercado é o processo de atualização diária do valor dos ativos de um fundo com base nos preços reais praticados no mercado financeiro, e não mais no valor de compra original.
Embora o termo possa soar técnico, ele influencia diretamente no valor das cotas que o investidor vê diariamente. A prática permite mais transparência e aderência à realidade do mercado, ajudando a precificar corretamente os ativos dentro de um fundo.
Para os investidores, entender como esta funciona é crucial, principalmente em cenários de alta volatilidade ou quando se busca diversificação de carteira por meio de produtos mais dinâmicos, como os fundos multimercado.
A marcação a mercado é mecanismo que ajusta o valor de um ativo financeiro ao seu preço atual de mercado. Em vez de manter o ativo registrado pelo preço de aquisição (marcação na curva), ele é diariamente reavaliado de acordo com os preços negociados naquele dia.
Essa prática é obrigatória para diversos tipos de fundos de investimento, como os de renda fixa e multimercado, e busca refletir de forma mais fiel o valor que o investidor receberia se resgatasse sua aplicação naquele momento.
Existem dois tipos principais:
Marcação a mercado: utilizada quando há liquidez e preços de negociação disponíveis, como no caso de títulos públicos, ações e derivativos;
Marcação na curva: usada para ativos com menor liquidez ou que não têm um mercado secundário ativo. Nesse caso, o valor é atualizado com base em uma taxa acordada na compra, seguindo um cálculo de juros compostos até o vencimento.
A marcação a mercado é mais sensível às oscilações diárias, o que pode gerar variações no valor da cota do fundo mesmo que o investidor não realize nenhum resgate ou aporte.
Outro conceito que é importante de ser compreendido é o de fundos multimercado. Estes são uma categoria de fundos de investimento que têm maior flexibilidade para alocar recursos em diferentes classes de ativos, como renda fixa, ações, câmbio e derivativos.
Isso permite que o gestor tenha liberdade para montar estratégias que combinem proteção e exposição ao risco, buscando melhores retornos ajustados ao perfil do fundo.
Tais fundos podem ser mais voláteis do que os de renda fixa, por exemplo, justamente por operarem com diferentes instrumentos financeiros, muitos dos quais sofrem influência direta da marcação a mercado.
A gestão ativa destes também exige acompanhamento constante da política de investimentos, do perfil de risco e da estratégia adotada.
Nos fundos de investimento, a marcação a mercado serve para recalcular o valor da cota com base nos preços atualizados dos ativos que compõem o portfólio. Esse cálculo ocorre diariamente e é essencial para refletir de forma justa o valor do fundo.
No caso dos multimercado, que incluem ativos voláteis como ações e derivativos, a marcação a mercado pode gerar variações bruscas nas cotas, especialmente em períodos de instabilidade econômica.
Se um fundo tem parte de sua carteira em títulos públicos que se desvalorizam no mercado secundário, mesmo que esses títulos sejam pagos integralmente no vencimento, o fundo apresentará queda no valor da cota no curto prazo por conta da marcação a mercado. O mesmo vale para contratos futuros e ações, cujos preços variam em tempo real.
Entre os principais investimentos que sofrem com marcação a mercado estão:
Títulos públicos negociados no Tesouro Direto, como o Tesouro IPCA+ e o Tesouro Prefixado;
Debêntures e títulos privados negociados no mercado secundário;
Fundos de investimento, especialmente os de renda fixa e multimercado, que precisam refletir os preços de mercado diariamente;
Derivativos e contratos futuros, cujos valores oscilam rapidamente e têm impacto direto nos fundos que os utilizam.
Já ativos como CDBs, LCIs e LCAs costumam ser marcados na curva, por serem produtos com liquidez mais baixa e não negociáveis no mercado secundário.
O principal objetivo da marcação a mercado é garantir maior transparência na precificação dos ativos e, por consequência, no valor da cota dos fundos de investimento.
Ela protege tanto o investidor que entra quanto o que sai do fundo, assegurando que ambos operem com base em um valor justo e atualizado.
Além disso, o mecanismo permite melhor gestão de riscos, pois reflete a real exposição da carteira às variações de mercado, sendo essencial em fundos com ativos voláteis e estratégias mais complexas.
Saber como funciona a marcação a mercado é essencial para qualquer investidor que aplica em fundos multimercado ou em produtos sujeitos a variações de preços.
Entender por que a cota de um fundo caiu, mesmo quando ele investe em títulos públicos “seguros”, ajuda a evitar decisões impulsivas. Ademais, o conhecimento sobre marcação a mercado permite identificar se os movimentos da carteira são normais ou indicam mudanças de estratégia ou risco fora do padrão.