Ambiente de negociação de ações da B3 antes das mudanças que tornaram o pregão totalmente eletrônico (Germano Lüders/Exame)
Da Redação
Publicado em 16 de dezembro de 2020 às 20h48.
Última atualização em 24 de maio de 2022 às 11h04.
O crescimento do número de brasileiros na bolsa de valores nos últimos anos foi um grande passo para o mercado financeiro. O número de CPFs ativos na bolsa saltou de menos de 600 mil, em 2012, para 3,6 milhões em 2021.
Para os investidores, é muito importante entender a dinâmica dos ativos de renda variável e saber como funciona a bolsa brasileira. Saiba tudo sobre o mercado neste artigo.
A bolsa de valores é o ambiente em que são negociados valores mobiliários como ações, contratos de produtos como câmbio e juros, além de títulos.
No Brasil, a principal bolsa é a B3. Com sede em São Paulo, ela nasceu da união de três empresas do mercado: BM&F, Bovespa e CETIP. O nome é abreviação para Brasil, Bolsa, Balcão.
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A história da B3 começa com a história de várias outras empresas. Primeiro, foi fundada a Bolsa de Valores de São Paulo, a Bovespa, em 1890. Alguns anos depois, em 1917, foi criada a Bolsa de Mercadorias e Futuros, a BM&F. Em 1984, nasceu outra companhia: a Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos, a CETIP.
Em 2008, a Bovespa e a BM&F se uniram para dar origem à BM&FBovespa; mais tarde, essa companhia se fundiu com a CETIP em 2017 para dar origem à B3 como ela existe hoje. Ela tem capital aberto e ações negociadas na própria B3.
A B3 exerce diferentes atividades no mercado financeiro brasileiro: administra sistemas de negociação, compensação, liquidação, depósito e registro para todas as classes de ativos, de ações a contratos derivativos, de câmbio e juros.
Uma das atribuições mais conhecidas da B3 é operar o ambiente de negociação das ações de empresas que estão na bolsa. São atualmente cerca de 350 companhias com capital aberto na B3, das quais quase 80 fazem parte do Ibovespa. É o principal índice de ações da bolsa brasileira, reunindo os papéis mais negociados entre os investidores.
Ela também organiza o processo de abertura de capital de empresas, a chamada oferta pública inicial (ou IPO).
As negociações das ações entre investidores são feitas durante o pregão da bolsa, o período que normalmente se estende das 10h às 17h. Quando há horário de verão nos Estados Unidos, o horário de fechamento muda para 18h.
As negociações são realizadas com base nas cotações, ou preços dos ativos, que são atualizadas a todo momento.
A B3 também é responsável pela custódia (a guarda de um ativo) de alguns investimentos e possui ainda uma área de certificação para profissionais do mercado.
Como mencionamos acima, algumas aplicações financeiras não são negociadas em uma plataforma centralizada. Títulos de crédito privado, como debêntures, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) não estão, em geral, disponíveis no home broker.
Por terem liquidez limitada, esses títulos são negociados nas mesas de operações (no mercado balcão). Isso significa que o investidor que quiser comprar ou vender um desses títulos deve entrar em contato com sua corretora por telefone, chat ou e-mail para emitir a ordem da transação.
A partir daí, a corretora buscará um investidor interessado em comprar ou vender aquele mesmo título, e fará toda a operação manualmente.
Esse processo é válido, também, para ativos que são negociados no home broker. Caso o investidor não se sinta confortável em fazer as aplicações pela plataforma, ele pode entrar em contato com a corretora e pedir que a ordem seja feita manualmente.
Para investir na bolsa, o primeiro passo é abrir uma conta em um banco ou em uma corretora. Essas instituições são responsáveis por executar as ordens de compra e venda, mesmo que elas sejam feitas pela internet.
Em seguida, o investidor deverá preencher um questionário de suitability, que serve para descobrir qual é seu perfil de risco. O questionário apresenta perguntas sobre os objetivos do investidor, a sua tolerância às perdas e os prazos para resgate das aplicações.
No fim, o investidor descobrirá se tem perfil conservador, moderado ou arrojado. O perfil sugere a adesão a diferentes aplicações, sendo as de maior risco indicadas para os perfis moderados e arrojados.
Uma vez que o investidor já sabe o seu perfil de risco, basta navegar pelo sistema de negociação de ativos em tempo real, chamado de home broker.
O home broker é uma plataforma digital que conecta seus usuários ao pregão eletrônico da bolsa de valores e permite a negociação de ações e outros ativos financeiros pela internet, de maneira simples e rápida.
Até a criação do home broker, quem negociava ações no mercado de capitais precisava passar uma ordem de operação por telefone para a mesa de operações de alguma corretora.
Mas, desde 1999, quando foram criados os primeiros home brokers, quem quer investir na Bolsa pode fazer isso por meio do próprio computador ou celular.
A maioria das operações da bolsa podem ser realizadas das 10h da manhã até 17h55. O mercado funciona de segunda a sexta-feira, exceto em feriados nacionais e feriados do município de São Paulo, onde fica a B3.
Nos últimos anos, o horário de verão nos Estados Unidos também levou a administradora da bolsa brasileira a ajustar o período de funcionamento do mercado. Excepcionalmente nestes meses, as negociações acontecem até 18h15.
É possível negociar vários ativos disponíveis na Bolsa pelo home broker, como ações, ETFs, BDRs, fundos imobiliários, opções, entre outros.
Veja a lista de ações disponíveis no home broker do BTG Digital:
Vale lembrar que os ativos podem variar de acordo com a instituição em que se tem conta. As corretoras e bancos podem ter parcerias específicas com emissores, de forma que seja possível encontrar um determinado produto em apenas algumas plataformas de home broker.
Cada ativo de investimento possui um código de identificação, chamado de ticker.
O investidor poderá localizar a aplicação por seu nome ou pelo ticker. Caso queira, por exemplo, buscar as ações da Petrobras, o investidor poderá buscar pelo nome da empresa ou pelos cógidos PETR3 (ações ordinárias) e PETR4 (ações preferenciais).
Uma vez que o ativo foi encontrado, é possível emitir ordens de compra (para quem quer adquirir um novo volume daquele investimento) ou de venda (para quem quer se desfazer do ativo que está em carteira).
Caso queira comprar ou vender algum ativo pelo home broker, o investidor deverá emitir uma ordem. Na ordem, ele deverá informar a quantidade daquele ativo (por exemplo: 100 ações), checar o valor a ser recebido ou desembolsado, e finalizar a ordem. Veja abaixo:
A corretora recebe a ordem do investidor e a processa, de acordo com o sistema da B3. Se houver interessados em vender ou comprar os ativos por aquele preço, a ordem é processada com sucesso.
Se houver diferença grande no preço (por exemplo: quando há uma alta ou queda intensa na cotação de um ativo), a corretora pode não processar a ordem e pedir que o investidor faça uma nova operação.
Um dos maiores mitos do mercado financeiro é que é preciso ter muito dinheiro para investir na bolsa de valores. Na verdade, o valor mínimo para investir em açõesações é o próprio preço de uma ação, que pode valer apenas alguns reais, mais os custos com taxas.
Para relembrar, uma ação é a menor fração do capital social de uma companhia com capital aberto. Comprando uma ação, também chamada de papel, o investidor se torna sócio minoritário desse negócio.
É possível, portanto, comprar uma única ação de uma companhia, mas, para isso, é preciso acessar o mercado fracionário, que tem menos liquidez.
Normalmente, as ações são vendidas em um lote padrão de 100 ações. Isso significa que quem quiser investir em uma empresa cujo preço da ação é 25 reais, comprando o lote padrão, terá que desembolsar 2.500 reais.
Mas é possível também comprar apenas uma ação de uma empresa, acessando o mercado fracionário.
Para comprar uma ação no mercado fracionário, basta incluir a letra F no final do ticker da ação que você pretende comprar.
Antes de investir é preciso verificar os custos de corretagem e taxa de custódia cobrados pela corretora.
Qualquer investidor que aplicar recursos em ativos negociados na bolsa ou em mercado balcão deverá pagar os seguintes tributos e taxas:
A taxa de corretagem é uma cobrança feita pela corretora para a negociação de ações e pode ser um valor fixo ou um percentual sobre o valor da transação. O valor varia de acordo com a corretora e algumas não cobram a taxa.
Para quem paga a taxa de corretagem, o valor fixo pode ser mais interessante se o investimento for elevado. Em cima da taxa também existe a cobrança do Imposto Sobre Serviço (ISS), um tributo municipal cuja alíquota varia entre 2% e 5%, dependendo da cidade.
A taxa de custódia é cobrada pela corretora ou outra instituição financeira para a manutenção de ações ou títulos públicos. Também é possível encontrar instituições financeiras que não cobram a taxa de custódia.
O investidor em ações precisa pagar o Imposto de Renda com alíquota de 15% se realizar vendas acima de 20.000 reais no mês e obtiver ganho de capital, que será a base para a cobrança.
Mas, se as vendas ficarem abaixo desse patamar ou ele tiver prejuízo com as operações, ele estará isento de IR. Essas regras se aplicam a ETFs e opções.
Há regras específicas para o investidor que compra e vende ações no mesmo pregão, o day trade. Nesse caso, a cobrança do Imposto de Renda é de 20% sobre todo o lucro obtido no mês. Vale também para fundos imobiliários.
A B3 cobra algumas taxas específicas para negociação de ações, BDRs, ETFs e fundos de investimento em ações. São os chamados emolumentos, os ganhos da B3 com transações no mercado. São cobradas duas taxas, a de negociação e a de liquidação.
No caso da taxa de negociação, a alíquota é de 0,003219% e o percentual é cobrado sobre o valor financeiro da operação e de cada investidor.
A taxa de liquidação tem o custo de 0,0275% para pessoas físicas e de 0,02% para fundos de investimento. Esse percentual também é cobrado sobre o valor financeiro da operação.
Investimentos na bolsa de valores são seguros, desde que sejam feitos em uma instituição devidamente autorizada pelas autoridades financeiras (Banco Central e Comissão de Valores Monetários).
Para saber se uma instituição é autorizada a operar no mercado financeiro basta fazer uma busca no site do BC. As corretoras e bancos de investimento são identificados com as siglas CTVM (Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários) e DTVM (Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários).
Uma vez que o investidor se certificou que a plataforma em si é considerada segura, é importante que ele observe o risco de adequação ao perfil dos ativos.
Os investidores devem buscar informações sobre o produto de investimento antes de fazer qualquer aplicação.É importante estar ciente dos riscos, do prazo de resgate e da taxa de retorno contratada. Caso contrário, o investidor pode acabar adquirindo uma aplicação que não condiz com seu perfil ou que não está de acordo com seus objetivos s planos.
O investidor que compra ações na bolsa se torna sócio dessa companhia e pode se beneficiar de seu crescimento ao longo do tempo. Essa fração da companhia pode se valorizar, oferecendo ao investidor -(chamado de acionista) a chance de embolsar um ganho caso consiga vender a ação por um valor abaixo do que ele pagou.
Se o investidor mantiver as ações e elas se valorizarem ao longo de anos, ele terá uma valorização do seu patrimônio.
Outra vantagem é que ele poderá receber dividendos, que são uma participação nos lucros, de forma semelhante ao sócio de uma empresa de capital fechado. Mas existem diferenças para quem prefere se associar a uma companhia por meio da bolsa.
Enquanto um sócio de uma companhia fechada precisa enfrentar burocracias como assinar documentos e reconhecer firma em cartório para aumentar ou reduzir sua participação, um sócio por meio da bolsa consegue fazer essas transações pela internet.
Outra vantagem é a alta liquidez, ou seja, a facilidade de negociação: enquanto um sócio tradicional precisa negociar com um comprador para liquidar seus investimentos, um sócio pela bolsa precisa apenas vender suas ações no home broker.
E, finalmente, um investidor que queira se tornar sócio de uma empresa cujas ações sejam negociadas em bolsa precisará desembolsar em geral um valor mais baixo para concretizar esse objetivo: terá que pagar o valor de mercado pelo volume mínimo negociado -- muitas ações são negociadas somente em lotes de cem unidades.