O Tesouro Direto oferece segurança máxima e facilidade, enquanto os CDBs podem dar retornos melhores dentro da proteção do FGC. (ABC/Abril Branded Content)
Colaboradora
Publicado em 25 de setembro de 2025 às 16h41.
Com a taxa Selic em 15% ao ano e a renda fixa dominando 58,9% de todo o volume investido no Brasil, segundo dados da ANBIMA, uma dúvida comum pode surgir entre iniciantes no mundo dos investimentos. Afinal, qual a melhor opção para se proteger de crises e fazer o dinheiro crescer? É o CDB ou o Tesouro Direto?
Em julho de 2025, o Tesouro Direto alcançou R$ 185,7 bilhões em estoque, crescimento de 27,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já os CDBs continuam sendo uma das aplicações mais procuradas pelos brasileiros, especialmente aqueles que buscam investimentos com rentabilidade atrativa e proteção. Mas, afinal, qual escolher? Abaixo, listamos tudo o que se deve considerar antes de chegar a decisão final.
O Certificado de Depósito Bancário funciona como um empréstimo que você faz ao banco. Em termos simples, quando uma pessoa investe em um CDB, ela empresta dinheiro para uma instituição financeira e recebe juros por isso. Essa aplicação pode pagar juros de três formas diferentes: acompanhando o CDI (pós-fixado), com uma taxa fixa definida na hora da compra (prefixado) ou combinando inflação mais uma taxa (híbrido).
Além disso, existe uma característica fundamental que torna o CDB seguro para muitos investidores. Trata-se da proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que garante até R$ 250 mil por CPF em cada banco. Ou seja, mesmo que um banco quebre, você recebe seu dinheiro de volta dentro desse limite, o que traz tranquilidade para aplicações de valores menores.
O Tesouro Direto é uma forma de emprestar dinheiro diretamente ao governo federal. Criado em 2002, esse programa permite que qualquer pessoa compre títulos públicos pela internet, com valores bem acessíveis. O governo usa esses recursos para financiar suas atividades, como construir escolas, hospitais e estradas.
Existem basicamente três tipos principais de títulos no programa: o Tesouro Selic acompanha a taxa básica de juros e serve perfeitamente para uma reserva de emergência; o Tesouro Prefixado oferece uma taxa fixa, permitindo saber exatamente quanto você vai receber; e o Tesouro IPCA+ protege contra a inflação, pagando a variação dos preços mais uma taxa adicional.
A diferença mais importante entre CDB e Tesouro Direto está em quem emite cada título. Enquanto um CDB vem de um banco, seja privado ou público, o Tesouro Direto tem o governo federal como único emissor. Essa distinção muda completamente o nível de risco de cada investimento.
Outro ponto que merece atenção é o valor mínimo para começar. No Tesouro Direto, é possível investir com cerca de R$ 30, tornando-o extremamente acessível. Já os CDBs mais rentáveis costumam pedir valores maiores, embora existam opções a mais acessíveis, principalmente em bancos digitais.
Quanto aos custos, uma diferença importante aparece na comparação. O Tesouro cobra uma taxa de custódia de 0,20% ao ano sobre valores acima de R$ 10 mil. Em contrapartida, os CDBs geralmente não têm taxas visíveis, mas os bancos podem oferecer rentabilidades menores para compensar seus custos operacionais.
Quando o assunto é segurança, o Tesouro Direto aparece de uma forma única. Como o governo federal garante o pagamento, esse é considerado o investimento mais seguro do país, já que, para perder o dinheiro no Tesouro, seria necessário o Brasil inteiro quebrar, algo extremamente improvável.
Em comparação, os CDBs contam com a proteção do FGC até R$ 250 mil. Essa garantia funciona muito bem e já foi acionada nas vezes em que bancos quebraram. Apesar disso, ainda existe um risco, e para compensar muitos bancos menores oferecem maiores taxas para atrair investidores.
Para quem busca investimentos para se blindar de crises, o Tesouro Direto ganha em segurança. Ainda assim, um CDB de um grande banco, respeitando o limite do FGC, também oferece proteção em momentos difíceis.
A resposta sobre qual rende mais depende de vários fatores. Um CDB de banco médio pode pagar até 120% do CDI em prazos longos, enquanto o Tesouro Selic rende aproximadamente 100% do CDI. Com a Selic atual em 15%, essa diferença fica bem clara nos números.
Para entender melhor, vamos simular um investimento de R$ 10.000 por dois anos, considerando a Selic em 15% e já descontando o Imposto de Renda de 15% (para aplicações acima de 720 dias):
Tipo de Investimento | Taxa Anual | Valor Bruto (2 anos) | IR (15%) | Valor Líquido | Rentabilidade Líquida |
---|---|---|---|---|---|
Tesouro Selic | 15% (100% CDI) | R$ 13.225,00 | R$ 483,75 | R$ 12.741,25 | 27,41% |
CDB 120% do CDI | 18% | R$ 13.924,00 | R$ 588,60 | R$ 13.335,40 | 33,35% |
Tesouro IPCA+ 7% | IPCA + 7% | R$ 13.500,00* | R$ 525,00 | R$ 12.975,00 | 29,75%* |
*Considerando IPCA estimado de 4,5% ao ano. Valores aproximados para fins ilustrativos.
Como a tabela mostra, um CDB com taxas mais altas pode render significativamente mais. Entretanto, é fundamental lembrar que taxas maiores geralmente vêm de bancos menores, que apresentam maior risco.
A liquidez, ou seja, a facilidade de transformar o investimento em dinheiro, varia bastante entre as opções. O Tesouro Selic se destaca com liquidez diária, permitindo resgatar o dinheiro em apenas um dia útil. Por isso, ele é perfeito para uma reserva de emergência.
Já os outros títulos do Tesouro têm uma questão particular. Títulos prefixados e IPCA+ podem ser vendidos antes do prazo, mas o preço varia conforme o mercado. Isso significa que você pode ter prejuízo se precisar do dinheiro antes da hora.
Entre os CDBs, a situação muda de banco para banco. Alguns oferecem liquidez diária, mas pagam menos por isso. Outros têm prazos fixos e não permitem resgate antecipado. E existem ainda aqueles que permitem venda no mercado secundário, mas com custos que reduzem o ganho final.
Tanto CDB quanto Tesouro Direto seguem a mesma tabela de Imposto de Renda. Para resgates até 180 dias, paga-se 22,5% sobre o lucro. Entre 181 e 360 dias, a alíquota cai para 20%. De 361 a 720 dias, reduz para 17,5%. E acima de 720 dias, chega ao mínimo de 15%. Além disso, resgates em menos de 30 dias também pagam IOF.
Uma diferença importante aparece nas taxas. O Tesouro Direto cobra 0,20% ao ano de custódia sobre valores acima de R$ 10 mil, paga à B3. Algumas corretoras cobram taxa adicional, mas muitas já zeraram esse custo. Por isso, é essencial verificar todos os custos envolvidos antes de decidir.
Em relação aos CDBs, normalmente não existem taxas explícitas. Porém, os bancos podem oferecer rentabilidades menores para cobrir seus custos. Alguns CDBs com liquidez diária também podem ter período de carência ou penalidades para resgates muito rápidos.
De modo geral, na escolha entre CDB ou Tesouro Direto, um investidor iniciante precisa pensar em seus objetivos e no prazo que pode deixar o dinheiro aplicado. O Tesouro Direto oferece segurança máxima e facilidade, enquanto os CDBs podem dar retornos melhores dentro da proteção do FGC. Uma estratégia inteligente pode ser diversificar entre ambos, equilibrando segurança e rentabilidade.