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Avenue agora quer internacionalizar finanças do dia-a-dia do brasileiro

Depois de rodada de R$ 150 mi liderada pelo SoftBank, corretora planeja conta corrente, cartão de débito e crédito e acesso a fundos, diz Roberto Lee, CEO e fundador da Avenue

Roberto Lee, CEO e sócio da Avenue: planos de ampliar acesso do brasileiro a serviços financeiros e de investimento nos Estados Unidos | Foto: Avenue/Divulgação (Avenues/Divulgação)

Roberto Lee, CEO e sócio da Avenue: planos de ampliar acesso do brasileiro a serviços financeiros e de investimento nos Estados Unidos | Foto: Avenue/Divulgação (Avenues/Divulgação)

PB

Paula Barra

Publicado em 8 de agosto de 2021 às 08h15.

Última atualização em 8 de agosto de 2021 às 09h11.

Depois de receber um aporte de 150 milhões de reais liderado pelo SoftBank, fundo japonês famoso por investir em empresas de tecnologia, a Avenue Securities, corretora com foco em brasileiros que querem investir nos Estados Unidos, mira alvos ainda maiores. 

Em três anos no mercado, a corretora atingiu a marca de 300 mil clientes e 1 bilhão de dólares em ativos sob custódia. Agora, planeja oferecer, além do acesso a investimentos no exterior, também serviços bancários, incluindo, em um primeiro momento, conta corrente e cartão de débito. 

A tese é a da diversificação de investimentos e serviços financeiros do brasileiro no exterior, o que é amplamente recomendado por especialistas para evitar a concentração de riscos e vieses no mercado doméstico.

O novo serviço está na fase final de testes com 1 mil clientes e em breve será colocado na rua de forma comercial, afirmou Roberto Lee, CEO e fundador da Avenue, em entrevista à EXAME Invest.

“Queremos conectar os brasileiros ao sistema financeiro americano. Esse aporte do Softbank nos dá robustez de balanço para podermos tocar esses projetos”, comentou Lee. 

Segundo ele, na primeira etapa, a empresa quer entender as mecânicas de pagamentos, como e onde serão usados os cartões e como os clientes vão interagir com esse serviço. A expectativa é que sejam usados em transações de valores menores e com maior recorrência, disse. “Mas isso só saberemos na prática.” 

Depois, quando o hábito de uso estiver bem assimilado, a companhia tem o objetivo de oferecer também cartão de crédito. 

“Nossa vida financeira (pagamentos, recebimentos e transações) acontece normalmente muito próxima da gente. O Brasil ainda é muito ilha. Somos muito desbancarizados globalmente. O que estamos começando a fazer é colocar todo mundo em um sistema financeiro forte. Quando conectamos as pessoas aqui, conectamos elas em um mundo de empresas, pessoas, de redes financeiras, algo que nunca aconteceu com o brasileiro”, explicou. 

“Por exemplo, para muitos profissionais [que têm contrato com empresas no exterior], é importante receber dinheiro fora do país. E eles têm uma dificuldade tremenda em manipular isso. Então, criamos uma estrutura para facilitar essas transações”. 

A Avenue tem como objetivo liderar o movimento da internacionalização da vida financeira do brasileiro. “As fronteiras de conexão foram muito deprimidas no Brasil nos últimos anos. Quase 100% da poupança do brasileiro está dentro do país. A fronteira internacional da indústria está começando a se formar”, afirmou Lee. 

“Estamos construindo uma nova categoria, pavimentando o crescimento dela. E, obviamente, quando isso acontece, como lideramos, usufruímos dessa expansão. Mas, para isso, precisávamos, além de assegurar uma robustez no balanço, credibilidade. E isso o aporte do SoftBank nos dá. Nos coloca pelo menos em uma mesa para conversa [com outras empresas]. Coisa que, como companhia entrante, tínhamos dificuldade em fazer.”

Acesso a fundos e visão de longo prazo

Além dos serviços bancários, a Avenue planeja incluir também carteiras administradas e fundos de investimentos das principais gestoras americanas na sua prateleira de produtos, que já conta com ETFs, ações e REITs. O lançamento está previsto ainda para este trimestre.

No caso de fundos, mais uma vez o objetivo é oferecer ao investidor brasileiro a alternativa de alocar capital diretamente, somando-se à oferta crescente no Brasil dos fundos feeders (fundos que servem para captar recursos a um outro produto central) internacionais.   

Na semana passada, a Avenue abriu 200 vagas nas mais diferentes frentes de negócios, como parte da preparação da empresa para a nova fase de crescimento. 

“Estamos em um período de crescimento, colocando mais produtos de pé. Como categoria, acredito que vamos chegar rapidamente a 1 milhão de clientes ao longo do ano que vem”, afirma o empreendedor. 

Segundo Lee, há alguns gatilhos para isso acontecer: primeiro, a avaliação de que o mercado explorado pela Avenue ainda tem poucos concorrentes, apontou. 

“Mas a indústria financeira brasileira vai precisar expandir e, ela fazendo isso, acaba atraindo todo mundo. E como lideramos o movimento, isso acaba nos beneficiando.”

Em segundo lugar, porque há uma geração nova de investidores e consumidores completamente aderente aos produtos listados nos Estados Unidos, afirmou. “O jovem investidor, aquele que está fazendo seus primeiros aportes, tende a fazê-lo em uma ação americana em vez de uma ação listada na Bolsa brasileira”, completou. 

Na visão de Lee, o portfólio dos investidores também vai mudar ao longo do tempo. Hoje, o cliente da Avenue tem, em média, cerca de 10% do seu portfólio total em investimentos fora do Brasil. Mas, para ele, esse percentual tende a subir para pelo menos 30% nos próximos anos -- e poderá superar os 50% ao longo do tempo. 

“Acreditamos que vai ser muito parecido com a carteira dos clientes ultra high [pessoas que possuem investimentos acima de 50 milhões de reais], que têm de 80% a 90% dos ativos nos Estados Unidos. Essa estrutura de alocação tende a migrar para o varejo de alta renda”, disse. 

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