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Com pressão da inflação, Tesouro Direto fecha maio no vermelho

Dos 27 títulos negociados no mercado, apenas 7 tiveram desempenho positivo no mês. Enquanto os títulos IPCA+ chegaram a perder até 6,5% em maio, o Tesouro Selic voltou a superar o CDI

Maioria dos títulos do Tesouro ainda acumula perdas no ano | Getty Images (Artisteer/Getty Images)

Maioria dos títulos do Tesouro ainda acumula perdas no ano | Getty Images (Artisteer/Getty Images)

BA

Bianca Alvarenga

Publicado em 1 de junho de 2021 às 12h30.

Depois de um mês de abril de ligeira recuperação, os títulos do Tesouro Direto voltaram a ter dias de amargura em maio. Dos 27 títulos negociados no mercado, apenas 7 tiveram um desempenho positivo nos últimos 30 dias. No ano, a maioria dos títulos também acumula perdas.

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A razão para a piora do cenário foi, principalmente, o aumento da pressão inflacionária. Com as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) sendo ajustadas para cima, o ambiente de risco piorou, o que mexe com as curvas longas de juros.

Veja abaixo o rendimento do Tesouro Direto em maio:

TítuloRendimento em maioRendimento em 2021
Tesouro IGP-M+ com juros semestrais 20312,5413,22
Tesouro Selic 20250,440,51
Tesouro Selic 20270,39-
Tesouro Selic 20240,28-
Tesouro Selic 20230,270,96
Tesouro Prefixado 20220,07-0,22
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 20240,030,30
Tesouro Prefixado com juros semestrais 2025-0,05-4,96
Tesouro IPCA+  2024-0,06-0,04
Tesouro Prefixado com juros semestrais 2027-0,08-7,13
Tesouro Prefixado 2025-0,22-5,37
Tesouro Prefixado 2024-0,23-
Tesouro Prefixado com juros semestrais 2023-0,26-1,83
Tesouro Prefixado com juros semestrais 2029-0,28-9,30
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2026-0,31-1,22
Tesouro Prefixado 2023-0,33-2,13
Tesouro Prefixado 2026-0,35-6,93
Tesouro IPCA+ 2026-0,46-1,96
Tesouro Prefixado com juros semestrais 2031-0,66-10,64
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2045-0,71-4,01
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2050-0,75-5,73
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2030-0,97-4,52
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2040-1,25-4,44
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2055-1,31-7,68
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2035-2,07-4,96
Tesouro IPCA+ 2035-3,50-7,14
Tesouro IPCA+ 2045-6,50-14,83

NTN-B com perda de até 14%

Quem tem os títulos IPCA+, as chamadas NTN-B, na carteira tem visto uma queda nos preços de negociação dos papeis no mercado secundário. Alguns deles acumulam perda de quase 15% desde janeiro,

"Estamos vivendo um choque inflacionário, causado principalmente pela alta das commodities. A perspectiva é de aumento da pressão de preços nos próximos meses, em razão da demanda reprimida e da retomada da economia", explica Alan Ghani, especialista em renda fixa da EXAME Invest Pro.

Ele diz que essa pressão de demanda, somada aos possíveis efeitos negativos de uma eventual terceira onda de casos de covid-19 no Brasil, devem gerar risco adicional. Ou seja: as perspectivas para as taxas dos títulos do Tesouro para os próximos meses não são positivas.

Vale lembrar, no entanto, que o prejuízo só é realizado se o investidor vender o título antes do vencimento. A chamada marcação a mercado calcula o valor do título de acordo com as condições do momento, o que pode penalizar o investidor em cenários de baixa, como o atual.

Mas se a aplicação for carregada até o vencimento o rendimento será aquele acordado no momento de compra do título.

Tesouro Selic acima do CDI

Em maio, as LFTs (como são chamados os títulos do Tesouro Selic) conseguiram superar o rendimento do CDI. Todos os títulos dessa classe renderam mais do que 0,26% no mês, com destaque para o Tesouro Selic 2025, que avançou 0,44%.

Até o mês passado, essa classe de títulos estava com dificuldades para superar o índice de referência da renda fixa, chegando a perder, inclusive, para a poupança. No entanto, a reversão no ciclo de juros, com as recentes altas da Selic, deram um ânimo para a negociação desses ativos.

A pressão da inflação possivelmente levará a um aumento de juros acima do esperado em 2021. Os economistas começaram o ano antevendo uma Selic a 3% no final do ano, mas esse patamar foi alcançado já antes do primeiro semestre -- a taxa está em 3,5% atualmente, e pode ter um novo ajuste de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom, em duas semanas.

O avanço dos preços fez com que as estimativas fossem ajustadas para cima. De acordo com o último boletim Focus, do Banco Central, a Selic deve terminar o ano próxima de 5,75%.

Qual título comprar?

Apesar do quadro negativo, Ghani, da Exame Invest Pro, lembra que as taxas estão atrativas. Quem tem interesse em carregar os títulos do Tesouro Direto até o vencimento pode aproveitar a oportunidade.

"Quem tem planos para prazos mais extensos pode aproveitar para comprar as NTN-Bs que vencem após 2035. O juro real desses títulos está em torno de IPCA + 4%, é uma taxa boa. Mas lembrando que isso é mirando no longo prazo, não é para ganhar dinheiro em 2 meses", recomenda ele.

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