Bolsa: carteira balanceada dilui impactos negativos de ativos com desempenho abaixo do esperado (Germano Lüders/Exame)
Com a sequência de ajustes da taxa básica de juro da economia, quem investia só em renda fixa se viu forçado a repensar a estratégia. Prova disso é que o número de contas cadastradas na B3 pulou de 1,6 milhão em 2019 para 3,17 milhões em 2020. Um reflexo de que, mais do que nunca, é preciso diversificar a carteira e apostar na renda variável para conseguir bons níveis de rentabilidade em 2021.
Pensando em quem estabeleceu a resolução de investir no mercado de ações no ano que vem, mas não sabe por onde começar, o relatório 10 investimentos para fazer agora, do BTG Pactual digital, aponta alguns caminhos possíveis. São papéis de empresas de diferentes setores que devem gerar lucros e, consequentemente, valor aos seus acionistas. Mais do que isso: ao montar uma carteira balanceada como a sugerida pelo banco digital, é possível diluir possíveis impactos negativos de alguma que tenha um desempenho abaixo do esperado.
Destacamos aqui duas opções do relatório que podem ajudar a superar a rentabilidade que você teria na renda fixa:
O que uma empresa em recuperação judicial pode trazer de tão atraente? A verdade é que o setor de telecomunicações passa por uma fase de mudanças, com uma demanda crescente por telefonia móvel e serviços de internet rápida. É dentro desse cenário que a Oi vem passando por uma reestruturação, com a construção de uma infraestrutura de internet de fibra óptica, que deve se tornar o maior negócio da empresa.
A venda de ativos vai permitir que ela pague antecipadamente grande parte das dívidas e intensifique seus investimentos no novo negócio. O leilão das operações de redes móveis, que aconteceu em 14 de dezembro, deve gerar 16,5 bilhões de reais para a empresa, sendo TIM, Vivo e Claro as compradoras. Além disso, a Oi vai vender uma parte da sua operação de fibra óptica, levantando cerca de 6,5 bilhões de reais.
A operadora tem sido rápida na implantação da rede e deve terminar 2020 com 2,1 milhões de clientes conectados e faturamento anual de mais de 2 bilhões de reais. As receitas do segmento já superam as perdas do modelo antigo, de cobre. Ao somar todos os ativos da Oi e remover a dívida líquida, o BTG chegou ao valor de 16,6 bilhões, ou 2,80 por ação. Mas a estimativa é que o valor total da InfraCo, divisão de fibra óptica da Oi, seja de 24 bilhões de reais.
É provável que ela seja negociada por valores ainda maiores por ser uma empresa de infraestrutura — o que equivaleria a 1 real a mais por ação. Outra valorização, de mais 0,40 centavos por ação, pode vir da nova lei de falências, que possibilitou uma redução no valor da dívida da Oi com a Anatel. Por isso, o BTG define a Oi como uma ótima relação risco-retorno.
A pandemia tornou 2020 um ano relevante para o e-commerce. Agora, a tendência é de consolidação do segmento, mas vale continuar de olho nas ações do Magazine Luiza. Segundo o relatório do BTG, a expectativa é que a loja online da empresa continue sua trajetória de crescimento.
No terceiro trimestre, a empresa já reportou resultados melhores do que o esperado, com destaque para o e-commerce e recuperação da operação de varejo físico após um período de lojas fechadas por causa da pandemia. Além disso, o Magalu deve pelo menos triplicar até 2025 e aumentar a penetração sobre as vendas totais do varejo.
De maneira geral, o relatório destaca três pontos: evolução do ecossistema de produtos e serviços, foco na experiência do consumidor, tráfego e sortimento relevantes. Prova disso é o superapp do MGLU, que já possui mais de 30 milhões de usuários, o crescimento da base de vendedores e a melhora nos processos de logística, como o aumento de entregas expressas.
Há ainda as recentes aquisições de empresas como Canaltech, Inloco Media (plataformas de anúncios digitais) e Hubsales (plataforma para a indústria). Elas mostram a estratégia do Magalu de digitalizar o varejo offline no Brasil ao adicionar novos vendedores e sortimentos em sua marketplace.