Logo da Coca-Cola (Benoit Tessier/Reuters)
A B3 passou a ofertar, desde meados de outubro, ativos estrangeiros (ações, títulos de dívidas, FIIs, ETFs) aos investidores comuns, por meio dos chamados BDRs (Brazilian Depositary Receipts, na sigla em inglês), que são uma espécie de um certificado que espelham esses ativos.
Em uma explicação do próprio site da bolsa de valores brasileira, os BDRs são classificados como valores mobiliários emitidos no Brasil lastreados a ativos - ações, na maioria das vezes - emitidos no exterior. Por meio deles, é possível investir em grandes companhias internacionais como, por exemplo: a Coca-Cola ou a empresa de streaming Netflix (dois negócios que ainda não existem na bolsa brasileira).
Ou seja, os BDRs vieram para ajudar o investidor pessoa física a fazer aplicações fora do país e, também, terem mais uma opção de investimento para diversificarem a carteira. De acordo com dados do Banco Central (BC), divulgados em agosto deste ano, os brasileiros aumentaram a posição em ações estrangeiras, de forma direta, em 84% de 2016 a 2019, para 35,4 bilhões de reais.
Segundo o especialista em BDRs da EXAME Research, Bernardo Carneiro, CFA, este tipo de investimento é fundamental para a diversificação de risco da carteira do investidor. "É importante para o investidor, ou poupador, não ficar só exposto ao Brasil, a dinâmica da economia aqui, as intempéries do Congresso ou aos resultados ruins das empresas. O Brasil é um país complicado e bastante instável em relação a outros e quando ao colocar o seu dinheiro lá fora você diversifica e tira o risco político do país em que está, diversifica em outra moeda, fica exposto ao euro, ao dólar ou até outras moedas", destaca Carneiro.
Além disso, o especialista salienta que, ao investir em BDRs, o investidor também pode ter oportunidades novas, realizando aportes em setores e empresas que não são acessíveis pela bolsa brasileira ainda, como por exemplo:
Os BDRs também têm uma grande vantagem em relação ao investimento direto em ações estrangeiras, que é a sua forma simples de ser operacionalizado pelo investidor. "O BDR simplifica bastante, já que você não precisa abrir conta no exterior, mandar dinheiro para fora, fazer a cotação do câmbio, tirar xerox e escanear todos os seus documentos para mandar para autoridades dos Estados Unidos", explicou o especialista da EXAME Research.
Para adquirir BDRs, o investidor necessita apenas de uma conta em uma corretora comum para realizar as operações no home broker.
"Como você utiliza a mesma corretora das transações de ativos nacionais, o seu dinheiro já está lá, então você consegue unificar todo o controle dos seus ativos, todos os seus investimentos vão aparecer ali, em uma conta, o que simplifica muito seu controle, a visualização de conta", afirmou Carneiro.
Dessa forma, a menor burocracia para investir em BDRs torna-se uma das maiores vantagens para o investidor pessoa física, além de ser uma grande chance de balancear a carteira com ativos de fora do país.
"Com 50 reais você já consegue investir, sem fazer cotação de câmbio, sem mandar dinheiro para fora do Brasil, sem pagar as taxas de abertura de conta, os impostos todos, sem ter que comprovar quem é você. É mais fácil, tem menos burocracia e menos taxas", destacou o especialista. Segundo ele, outra grande vantagem é poder aplicar valores menores nos BDRs, frente ao investimento direto em ações do exterior.
Em relação aos custos de investir diretamente fora do país e via BDR, Carneiro destacou que o valor é basicamente o mesmo.
"Enquanto que para comprar ações lá fora você perde no câmbio, paga um pouco mais de imposto, tem o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), no BDR você perde um pouco no spread do banco emissor do BDR e tem um imposto na hora do pagamento de dividendos.
Então, o custo financeiro é praticamente o mesmo de comprar ações lá fora. A vantagem do BDR, entretanto, é ser simples, de controle, de simplificação", disse o especialista.
É importante destacar que os BDRs não englobam apenas ações. Eles também permitem a compra de fundos de índice e fundos imobiliários, o que também pode ser uma nova oportunidade para o investidor, já que no exterior há fundos de outras vertentes que não existem no Brasil, como por exemplo de campos de golfe ou de parques de diversão.
"O BDR te dá uma uma vasta gama de opções fora do Brasil, não só em ações. O BDR é uma alternativa muito legal para o investidor brasileiro hoje em dia", destaca Carneiro. Os BDRs devem ser adotados pelos investidores como uma estratégia para diversificar a carteira e explorar novas oportunidades de ganhos.
"Investir em ativos estrangeiros, quando combinado com ativos brasileiros, reduz o risco da carteira total, pois se a economia brasileira e as empresas forem mal, provavelmente os ativos estrangeiros estarão intactos e o dólar subindo, beneficiando o investidor", completou o especialista.