Inteligência Artificial

Zuckerberg desfaz projeto científico para transferir investimento em times de IA

Na mudança para otimizar rentabilidade, a big tech encerra pesquisa voltada à biologia e mira em produtos de IA que impulsionem receitas

Mark Zuckerberg: CEO da Meta (Christophe Morin/Getty Images)

Mark Zuckerberg: CEO da Meta (Christophe Morin/Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 11 de agosto de 2023 às 08h15.

Última atualização em 11 de agosto de 2023 às 08h23.

Em um movimento que sugere uma guinada estratégica, a Mark Zuckerberg, CEO da Meta, encerrou a equipe responsável por criar a primeira base de dados com mais de 600 milhões de estruturas de proteínas através da inteligência artificial (IA).

Fontes internas da empresa, consultadas pelo jornal inglês Financial Times, indicam que a empresa quer direcionar seu foco para produtos de IA com potencial de geração de receita.

A equipe, composta por cerca de uma dúzia de cientistas, operava sob o nome ESMFold. Seu principal projeto envolvia um modelo de linguagem de grande escala apto a processar enormes volumes de dados biológicos, visando prever estruturas proteicas. O projeto era tido como promissor e o setor cientifica apontavam o trabalho como de grande relevância.

A descontinuação do ESMFold ocorreu durante um período de reestruturação mais ampla na Meta, que resultou em demissões em diversos setores da empresa. Estas mudanças alinham-se ao que Zuckerberg definiu como "ano da eficiência", marcado por uma reestruturação significativa, que impactou aproximadamente 20.000 colaboradores.

Pressão de mercado

Desde sua fundação, a Meta investiu fortemente em inteligência artificial, estabelecendo o laboratório Fundamental AI Research (Fair) em 2013. A empresa conquistou reconhecimento na comunidade científica graças aos avanços em IA, mas recentemente enfrentou forte concorrência de gigantes como OpenAI, Microsoft e Google.

Em fevereiro, uma nova equipe liderada por Chris Cox, diretor de produtos da Meta, foi criada, reunindo centenas de especialistas, incluindo profissionais oriundos do Fair.

A propósito da decisão, Joelle Pineau, vice-presidente de pesquisa em IA da Meta, ressaltou o compromisso da empresa com pesquisas exploratórias baseadas em ciência aberta. No entanto, há relatos internos de que houve certa resistência cultural dentro do Fair, culminando em atrasos na adesão ao boom da IA gerativa.

O projeto ESMFold da Meta havia desenvolvido um banco de dados de código aberto, disponibilizando estruturas proteicas para pesquisadores. A questão que permanece é se a Meta continuará a suportar os custos associados à manutenção dessa base de dados e outros serviços relacionados.

Atualmente, a empresa não confirmou a manutenção desses serviços, mas enfatizou que os dados permanecem acessíveis para a comunidade de pesquisa.

Acompanhe tudo sobre:Inteligência artificialMetamark-zuckerberg

Mais de Inteligência Artificial

Amado pelos designers, CEO do Figma acredita que futuro dos produtos digitais passa pela IA

Google DeepMind é um sucesso e uma tragédia ao mesmo tempo, diz executiva da empresa

Musk acusa OpenAI de tentar 'monopolizar' mercado de IA

CEO da Nvidia teve chance de comprar empresa no passado — mas recusou