Web Summit: evento ocorre em Lisboa, Portugal (Piaras Ó Mídheach/Getty Images)
Publicado em 24 de novembro de 2023 às 08h00.
Última atualização em 24 de novembro de 2023 às 14h44.
A edição deste ano do Web Summit, que foi encerrada na semana passada, em Lisboa, evidenciou a aptidão do evento para impulsionar novas ideias. Dado esse potencial, sintetizar o que aconteceu por lá pode servir de termômetro para o que veremos nos próximos meses no mundo da tecnologia.
Nos estandes de apresentações de startups, por onde percorreram mais de 70 mil participantes, o evento conseguiu demonstrar que, daqui pra frente, o venture capital definitivamente não conseguirá dizer não para as empresas que propuserem transformações com inteligência artificial (IA).
Dos palcos às mesas de conversa, a IA foi o tema de todos os debates. E os motivos são diversos. Mas, do ponto de vista dos negócios, os inovadores que passaram pelo Web Summit defenderam que as soluções em IA estão apenas no começo e que já demonstram capacidade de alterar a dinâmica de uma infinidade de setores. Afinal, a inteligência artificial pode estar em tudo.
Mas, longe do hype, a reportagem da EXAME foi in loco conhecer algumas dessas propostas. Parte delas ainda bastante experimentais, outras, prestes a receber aportes e se tornarem produtos rentáveis, mas todas indicando que existe muita coisa acontecendo, que o potencial é gigantesco e que muita gente ainda não entendeu o tamanho das mudanças que veremos.
Abaixo, você confere a descrição de algumas dessas ideias e o que pensam seus idealizadores sobre a capacidade da IA de mudar seus respectivos setores:
No trabalho dos designers de produto, os profissionais que hoje criam os aplicativos usados por milhares de pessoas, uma das tarefas desgastantes é revisar as decisões de escolha para cada um dos botões, palavras e até cores aplicadas nas telas. O que a IA poderia fazer para tornar isso mais fácil é a pergunta da Pixel IT, empresa de Zhenya Karapetyan. Com um assistente virtual que oferece feedback imediato sobre elementos como legibilidade do texto, uso de fontes e consistência visual em interfaces, Karapetyan vê a IA como um "segundo olho profissional", complementando o trabalho dos designers. "Como designers, se não abraçarmos a IA, perderemos o jogo mais cedo ou mais tarde," ele afirma, enfatizando a importância de integrar a IA no processo de design.
Uma proposta bastante ousada para incluir robôs em terapias corporais. Hobb Sculptor, liderada por Dennis Landercock, aborda os altos custos associados às massagens em spas de luxo e sugere que máquinas, devidamente treinadas, podem assumir alguns tratamentos hoje escassos devido à mão de obra especializada. Ele destaca a eficiência da IA em oferecer tratamentos personalizados, como drenagem linfática, que seriam desafiadores para um terapeuta humano devido à intensidade do trabalho. Landercock explica: "A IA reduz a variabilidade e direciona a máquina para tratar estruturas corporais específicas." Isso não apenas torna o tratamento mais acessível, mas também mais adaptado às necessidades individuais dos clientes.
O futuro da educação é a personalização? Para essa startup liderada por Patrick Serbin, a IA pode criar material didático orientado pelas necessidades de cada pessoa. Na proposta da Sina AI, a IA age como um assistente dos educadores. "Usamos o ChatGPT e outras plataformas para permitir que os professores criem lições em vídeo em minutos," diz Serbin, destacando como a IA pode ser uma ferramenta poderosa na personalização do ensino.
Sua dieta feita por uma IA. Na proposta da EI Solution, um nutricionista virtual oferece recomendações instantâneas em restaurantes, baseadas em diretrizes nutricionais profissionais. "Queremos nos associar [aos nutricionistas] também, porque as pessoas gostam do contato direto com as pessoas," ela explica, mostrando como a IA pode ser uma ferramenta complementar no campo da nutrição. "Ajudamos os pacientes a colocar em prática as recomendações que recebem de seus nutricionistas".
É difícil acompanhar tudo que acontece no mundo. As notícias, por vezes, podem ser massantes e ao tentar acompanhar temas que gostamos, podemos perder algumas coisas de vista. O que a HerBits propõe é usar IA para transformar notícias de várias fontes e idiomas em resumos de voz. "Nossa abordagem é fornecer notícias resumidas, adaptadas às preferências do usuário," diz Beris Guler, o criador da empresa. Ele também discute o futuro das vozes geradas por IA, visando uma experiência que imite a naturalidade da voz humana.
Nesta startup, o foco é o torcedor de futebol. Fundada por Pedro Arias, a Arqiba quer enriquecer a experiência nos estádios com IA, realidade aumentada e análise de dados. Nesse caso, a tecnologia entra, por exemplo, para acelerar decisões de arbitragem (juiz robô?), aumentar o engajamento dos fãs durante os jogos e trazer mais imersão durante as partidas. O projeto envolve o cruzamento de diversas tecnologias e visa completar as já existentes dentro dos estádios. "Queremos trazer mais fãs para os jogos, melhorando a experiência com o auxílio da IA," explica Arias.
Já a proposta da portugues a Ajit é trazer um assistente com IA, que ao ler os dados do corpo do usuário,fornece dicas, ajuda nos exercícios e informa se estão sendo realizados corretamente. Contrariando a ideia de que a IA substituirá os profissionais de fitness, Tiago Araújo, gerente de produto da Ajit, destaca que o objetivo é enriquecer o monitoramento e a eficácia dos treinamentos. Olhando para o futuro, a Ajit planeja expandir sua colaboração com profissionais de saúde e criadores de conteúdo. "Nosso futuro é sempre trabalhar com personal trainers, melhorando o trabalho deles", disse Araújo.