Inteligência Artificial

Vale do Silício se alista: Meta, OpenAI e Google integram nova frente militar dos EUA

Executivos de empresas de tecnologia se tornam coronéis em unidade do Exército voltada à inovação bélica; investimento em defesa cresceu 33% no último ano

Orçamento do governo Trump prevê US$ 1 trilhão para defesa em 2026 (Casa Branca/AFP)

Orçamento do governo Trump prevê US$ 1 trilhão para defesa em 2026 (Casa Branca/AFP)

Publicado em 4 de agosto de 2025 às 13h19.

 

Quatro executivos de empresas como Meta, OpenAI e Palantir assumiram postos como coronéis na recém-criada Detachment 201, unidade do Exército dos EUA dedicada à inovação tecnológica militar.

A medida, adotada em junho, é um novo marco da aproximação entre o Vale do Silício e o setor de defesa norte-americano. Criado para aconselhar os militares sobre o uso de tecnologias emergentes em combate, o Detachment 201 simboliza uma guinada cultural: empresas que antes se mantinham distantes do setor bélico agora integram o chamado complexo militar-industrial.

Nos últimos dois anos, companhias como Meta, OpenAI e Google – historicamente resistentes ao uso militar de suas ferramentas – passaram a desenvolver ou licenciar tecnologias para esse fim.

A OpenAI, por exemplo, retirou de sua política a restrição contra o desenvolvimento de armamentos e colabora na criação de sistemas anti-drones. Já a Meta entregou óculos de realidade virtual para treinamento de soldados. Ao mesmo tempo, empresas de capital de risco passaram a injetar recursos no setor de defesa.

A Andreessen Horowitz, uma das mais influentes do Vale do Silício, anunciou em 2023 um fundo de US$ 500 milhões exclusivamente para tecnologias bélicas. Segundo a consultoria McKinsey, o investimento privado em empresas do setor subiu 33% no último ano, somando US$ 31 bilhões.

O avanço se dá em meio à competição tecnológica com a China e à evidência de que guerras atuais, como as travadas na Ucrânia e em Gaza, dependem cada vez mais de IA e drones. O uso desses recursos transformou a forma como batalhas são travadas e venceu resistências históricas de engenheiros e programadores do Vale do Silício.

 

Empresas de IA aderem ao movimento

O reposicionamento empresarial inclui empresas de inteligência artificial como OpenAI, xAI, Anthropic e Google DeepMind. Em julho, essas quatro fecharam contratos de US$ 200 milhões cada com o Departamento de Defesa dos EUA (DoD) para acelerar o uso de IA em sistemas militares.

A Meta também intensificou a colaboração com startups do setor, como a Anduril, especializada em desenvolver sistemas autônomos para fins militares. A Palantir, que desde sua fundação tem contratos com agências de segurança dos EUA, se fortaleceu nesse novo ambiente: sua valorização atingiu US$ 375 bilhões, segundo dados de mercado.

A administração Biden deu continuidade à modernização militar iniciada por Donald Trump. O orçamento do Pentágono para 2026 prevê US$ 1 trilhão em gastos com tecnologia de defesa, incluindo armamentos autônomos e sistemas de IA.

Essa convergência entre tecnologia civil e armamento preocupa parte da comunidade internacional e acadêmica. Especialistas alertam que, com a adoção acelerada de IA e automação, o risco de escaladas militares descontroladas cresce – e a atual disputa por chips, patentes e influência pode evoluir de guerra comercial para conflito armado.

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