Inteligência Artificial

Uso prolongado do ChatGPT pode aumentar solidão e dependência emocional, diz estudo do MIT

Pesquisas com mais de 4.000 usuários mostram que interações diárias com a IA estão ligadas a sentimentos de isolamento, principalmente entre mulheres

Solidão por IA: mulheres são as mais afetadas, segundo o MIT  (master1305/Getty Images)

Solidão por IA: mulheres são as mais afetadas, segundo o MIT (master1305/Getty Images)

Publicado em 24 de março de 2025 às 06h57.

Última atualização em 24 de março de 2025 às 13h00.

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Duas pesquisas recentes conduzidas pela OpenAI em colaboração com o MIT Media Lab descobriram como o ChatGPT impacta a vida dos usuários mais assíduos. Com mais de 400 milhões de usuários semanais, a ferramenta é frequentemente usada para fins de produtividade — mas uma parcela dos usuários tem estabelecido laços mais emocionais com a inteligência artificial, segundo os pesquisadores.

A primeira parte do estudo analisou cerca de 40 milhões de interações reais com o ChatGPT e incluiu uma pesquisa com 4.076 usuários. Já a segunda etapa recrutou quase 1.000 participantes para um experimento de quatro semanas, onde cada pessoa interagiu com a IA por pelo menos cinco minutos por dia. Ao final, os voluntários responderam a questionários sobre solidão, engajamento social, dependência emocional e percepção de uso excessivo.

Segundo a pesquisa, suários que declararam sentir maior vínculo com a IA também apresentaram níveis mais altos de solidão e maior tendência a confiar excessivamente no chatbot. O estudo identificou que o tempo de uso foi um fator relevante: quanto mais prolongadas as interações, maior a chance de surgirem sentimentos de isolamento e dependência.

As análises também revelaram diferenças marcantes entre gêneros.

Entre os participantes que utilizaram o modo de voz do ChatGPT com uma voz atribuída a outro gênero, houve um aumento significativo nos relatos de solidão e apego emocional ao fim do período analisado. Além disso, mulheres que participaram do experimento demonstraram queda na frequência de socialização com outras pessoas, em comparação com os homens submetidos ao mesmo uso da IA.

Segundo os pesquisadores, embora o ChatGPT não tenha sido projetado como um “companheiro digital”, parte do público tem adotado esse uso. Isso levanta questões importantes sobre os efeitos sociais de novas tecnologias baseadas em inteligência artificial.

Avaliar impacto emocional de IAs ainda é um desafio

Grande parte das conclusões dos estudos se baseia em autoavaliações dos participantes, o que traz limitações para a análise.

Os cientistas reconhecem que nem sempre é possível identificar quando uma interação é realmente emocional. Ainda assim, os dados sugerem um possível “efeito espelho”: o tom emocional do usuário tende a ser refletido pela IA, criando ciclos de reforço que podem intensificar estados de ânimo — tanto positivos quanto negativos.

Os estudos foram realizados com o modelo multimodal GPT-4o, capaz de entender e responder a comandos de texto, áudio e imagem. O novo GPT-4.5, mais recente, não foi incluído nas pesquisas. Ambos os levantamentos serão submetidos a revistas científicas especializadas para revisão por pares.

Para a OpenAI, esta é uma etapa inicial no entendimento de como IAs podem afetar a saúde emocional dos usuários. Os pesquisadores destacam a necessidade de desenvolver ferramentas que incentivem interações mais saudáveis e equilibradas com a tecnologia.

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