Ação também segue o movimento de outros veículos ocidentais, como a BBC, que acusam a Perplexity de prejudicar suas receitas e usar seu conteúdo sem autorização (Jaque Silva/Getty Images)
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Publicado em 26 de agosto de 2025 às 11h59.
Última atualização em 26 de agosto de 2025 às 13h18.
Dois dos maiores grupos de mídia do Japão, Nikkei e Asahi Shimbun, entraram com um processo contra o motor de busca com inteligência artificial Perplexity, alegando violação de direitos autorais. As empresas pedem indenização de ¥2,2 bilhões (cerca de US$ 15 milhões) cada uma e exigem que seus artigos sejam excluídos dos servidores da startup.
Movida em Tóquio, a ação faz parte de uma crescente onda de medidas legais contra empresas de IA que utilizam conteúdo de jornais sem autorização. O grupo Nikkei, que também é proprietário do Financial Times, e o Asahi Shimbun alegam que a Perplexity copiou e armazenou artigos de seus sites sem permissão, além de ter ignorado medidas técnicas contra o acesso não autorizado.
Segundo os jornais, as respostas geradas pelo motor de busca, que utiliza grandes modelos de linguagem (LLMs) de empresas como OpenAI e Anthropic, incluem informações incorretas atribuídas às suas publicações, prejudicando, ainda, a credibilidade dos veículos.
"As ações da Perplexity representam um 'aproveitamento gratuito' em larga escala do conteúdo jornalístico, sem compensação para os jornalistas que dedicam tempo e esforço à pesquisa e redação das matérias", afirmou o Nikkei em comunicado. Essa ação segue um movimento similar de outro grande veículo japonês, o Yomiuri, sinalizando que os editores do país estão começando a reagir ao uso de seu conteúdo por empresas de IA.
Segundo advogados especializados, esses processos podem ser considerados "testes" no contexto jurídico japonês, o qual, embora relativamente permissivo com o uso de obras protegidas para treinamento de IA, ainda impõe algumas restrições.
Em resposta, a Perplexity tem buscado acordos de compartilhamento de receita com publicações como Time, Fortune e Der Spiegel. A empresa, que possui mais de 30 milhões de usuários, principalmente nos Estados Unidos, tem o modelo de assinatura como principal fonte de recursos.
Essa ação também segue o movimento de outras grandes empresas de mídia ocidentais, como o Dow Jones, o New York Post e a BBC, que também acusam a Perplexity de prejudicar suas receitas ao usar seus conteúdos sem compensação.
Enquanto os dois primeiros ingressaram com medidas judiciais em outubro do ano passado, a BBC enviou um aviso formal exigindo a interrupção do uso de seu material para treinar o modelo de IA da empresa.
Além da Perplexity, outras empresas de IA estão sendo processadas por violação de direitos autorais. Somente nos EUA, estima-se que cerca de 50 casos estejam em andamento, com destaque para um envolvendo a Anthropic.
Por poder resultar em uma indenização de US$ 1 trilhão, o que poderia, segundo os advogados de defesa, levar a empresa à falência, o caso contra a Anthropic tem gerado grande preocupação no setor. Diante disso, gigantes como Apple, Amazon e Google se uniram à startup para tentar evitar que o processo estabeleça um precedente considerado perigoso para a indústria.