Inteligência Artificial

Sam Altman é o mais novo bilionário, mas (pelo visto) nenhum centavo veio da OpenAI

CEO da empresa por trás do ChatGPT investe em startups desde 2005, e metade da sua riqueza vem de somente duas delas

Sam Altman: empreendedor de 38 anos cresce carteira de investimentos há quase 20 anos (Drew Angerer/Getty Images)

Sam Altman: empreendedor de 38 anos cresce carteira de investimentos há quase 20 anos (Drew Angerer/Getty Images)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 8 de abril de 2024 às 15h32.

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Quando não está dando palestras sobre os perigos e maravilhas da inteligência artificial – ou supostamente desenvolvendo uma AGI que vai mudar o mundo –, Sam Altman dedica tempo em expandir seu portfólio de investimentos. O empreendedor de 38 anos, que começou a expandir a carteira de ativos em meados de 2005, hoje é o mais novo bilionário na lista da Forbes – e aparentemente, o CEO da OpenAI não lucrou com a própria empresa, hoje avaliada em US$ 80 bilhões.

Não há indícios de que Altman tenha participação financeira na companhia por trás do ChatGPT, que começou em 2015 como uma organização sem fins lucrativos, e não “apostar” na própria criação é bastante incomum. “É assim que o capitalismo costuma funcionar”, resumiu Song Ma, professor de Yale entrevistado pela revista americana Forbes.

Mas o mais novo estreante da lista de bilionários da Forbes parece ter acumulado sua riqueza investindo em empresas variadas, como o unicórnio fintech Stripe, a empresa de energia nuclear Helion e a startup de longevidade Retro Biosciences, que quer “reprogramar” o corpo humano. Altman também já investiu na rede social Reddit, avaliada em US$ 6,4 bilhões e que recentemente precificou IPO em US$ 34 por ação.

Estimativas da Forbes colocam a participação de Altman nos fundos pelos quais alguns desses investimentos foram feitos na casa dos US$ 135 milhões. Outros US$ 555 milhões são provenientes somente da Helion e da Retro. O resto da riqueza de Altman vem de outras participações pela aceleradora Y Combinator; cerca de US$ 90 milhões em imóveis na Califórnia e no Havaí e outras apostas menores, incluindo até possivelmente uma coleção pessoal de artefatos, que vão desde motores a jato a espadas da Idade do Bronze.

Há, claro, muito ceticismo em volta do nome “OpenAI” não compor a fonte de riquezas de Altman. Mas, numa entrevista à uma revista americana em 2020, o executivo disse que grande parte do seu sucesso é graças às pessoas. “Algo que cultivei ao longo de toda a minha carreira, e acho que é a forma como obtive mais sucesso, foi encontrar grandes talentos ainda não identificados.”

O começo de tudo

Altman começou a jornada no mundo das startups depois de largar a faculdade de ciência da computação em 2005, dois anos após começar os estudos na Universidade de Stanford. Ele saiu para começar a Loopt, um app de compartilhamento de localização que recebeu investimento da Y Combinator (ou YC), aceleradora com foco em empresas iniciantes. Junto com ele estavam figuras como Alexis Ohanian do Reddit e Justin Kan do Twitch

Ainda na Loopt, Altman começou a investir “pequenas quantias” em empresas, como o Reddit, em 2010. No ano seguinte, Altman virou sócio da YC e, um ano depois, vendeu a Loopt por US$ 43 milhões. Pouco menos da metade foi utilizada para investir no fundo de risco Hydrazine Capital que, segundo fontes que falaram com a Forbes, investiu 75% do seu capital em empresas da YC.

Nos anos seguintes, Altman expandiu seu portfólio. Em 2014, assumiu como CEO da YC, onde ficou por cinco anos. Na vida pessoal, continuou a apostar nas startups afiliadas à YC, como a Helion e a Superhuman. Embora os parceiros da aceleradora fossem conhecidos por trabalhar em projetos paralelos – o próprio Altman ingressou pela primeira vez enquanto comandava a Loopt – tais projetos poderiam potencialmente entrar em conflito.

Elon Musk processa OpenAI e Sam Altman por relação com Microsoft

Para Altman, o projeto extra foi a OpenAI, a organização sem fins lucrativos que ele cofundou em 2015 com Elon Musk. Após Sam Altman anunciar sua saída da YC em 2019, foram três dias até a OpenAI anunciar o braço com fins lucrativos que teria o executivo como CEO. 

Antes do lançamento do ChatGPT em 2022, o executivo também anunciou o fundo Apollo Projects, liderado junto com seus irmãos Max e Jack, durante a pandemia da covid-19. A ideia do fundo era investir em startups “moonshot”, ou seja, que pretendem resolver um grande problema da humanidade com tecnologia.

Os melhores investimentos de Sam Altman

“É comum ganhar mais dinheiro com seu melhor investimento anjo do que com todo o resto junto”, escreveu Sam Altman em uma postagem de blog antiga, fazendo referência à “lei da potência” do investimento em startups.

Sua carteira de investimentos parece ter sido modelada a partir dessa abordagem. Em uma postagem feita em 2014, o americano chegou a dizer que “5 dos primeiros 40” investimentos feitos por ele valiam 100 vezes o capital investido. 

Num evento em 2023, ele revelou qual foi o melhor investimento de todos: a empresa de pagamentos Stripe, que anunciou um IPO em fevereiro com uma avaliação de US$ 65 bilhões. Segundo Altman, ele escreveu o primeiro cheque antes mesmo do negócio ser oficialmente registrado. 

Mas as apostas mais ousadas de Altman são os dois grandes investimentos que fez nas startups experimentais Helion, que anunciou um acordo de compra de energia nuclear com a Microsoft em 2023, e Retro Biosciences, que pretende acrescentar 10 anos à média de vida humana. 

Altman investiu US$ 375 milhões pessoalmente (não em nome de terceiros) na rodada de financiamento da Helion em 2021. Foram outros US$ 180 milhões na Retro, anunciada em meados de 2022 inicialmente como feita por um investidor anônimo. “Basicamente peguei todo o meu patrimônio líquido e coloquei nessas duas empresas”, disse Altman ao MIT Tech Review em 2023.

Sam Altman está em projeto que quer "reprogramar" o corpo humano
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