Inteligência Artificial

Salários na construção de data centers de IA nos EUA passam de US$ 200 mil

Setor vive escassez de mão de obra qualificada e paga bônus diários, licenças remuneradas e ainda oferece estrutura similar à de escritórios para atrair trabalhadores

Gigantes da infraestrutura digital, como Amazon, Google e Microsoft, atualmente operam 522 data centers e têm outros 411 em desenvolvimento (Joe Raedle/AFP)

Gigantes da infraestrutura digital, como Amazon, Google e Microsoft, atualmente operam 522 data centers e têm outros 411 em desenvolvimento (Joe Raedle/AFP)

Publicado em 1 de dezembro de 2025 às 10h00.

Em um contexto de crescimento do uso de inteligência artificial para automatizar funções e reduzir gastos operacionais, os investimentos bilionários para construir enormes data centers estão provocando um efeito colateral positivo para trabalhadores da construção civil nos EUA, com salários e benefícios elevados a níveis inéditos.

Com projetos que exigem milhares de trabalhadores ao longo de anos, empresas estão oferecendo bônus diários, licenças remuneradas e salários anuais que superam os US$ 200 mil – mais de R$ 1 milhão – para profissionais qualificados e escassos, como eletricistas e gerentes de obras.

Ainda que não se saiba quanto tempo essa nova "corrida do ouro" irá durar, especialmente porque, depois de prontos, os data centers demandam poucos funcionários em tempo integral para funcionar, os trabalhadores estão aproveitando o momento favorável para faturar. Gigantes da infraestrutura digital, como Amazon, Google e Microsoft, atualmente operam 522 data centers e têm outros 411 em desenvolvimento.

Em média, funções ligadas à construção dessas instalações pagam de 25% a 30% a mais em comparação com outros segmentos ou com os anos anteriores, segundo a Kelly Services, empresa de recrutamento. A pressão por mão de obra é agravada por um déficit estimado de 439 mil trabalhadores qualificados, de acordo com a Associated Builders and Contractors (ABC).

Um levantamento feito pelo Uptime Institute verificou que 52% das empresas que constroem data centers enfrentam atrasos por falta de pessoal. Enquanto construtoras tradicionais reportam demandas pendentes de cerca de oito meses de trabalho, as especializadas nesse tipo de obra acumulam quase 11 meses.

Mudanças na força de trabalho

Além dos incentivos salariais, que podem incluir US$ 100 extras por dia, empresas do setor estão oferecendo estruturas semelhantes às de escritórios, como áreas de descanso climatizadas e refeições gratuitas.

A escassez de profissionais também está acelerando mudanças no modelo de trabalho, aproximando-o da lógica já encontrada em cargos administrativos. Nesse cenário, empresas como a Schweiger Construction passaram a contratar gerentes de projeto remotos, desde que estejam nos EUA e possam viajar para os canteiros quando necessário.

Com oportunidades bem pagas se multiplicando, sindicatos também relatam aumento no número de aprendizes e no interesse por capacitação técnica. As remunerações para novos recrutas podem começar em US$ 27 por hora, enquanto o pagamento após o treinamento mais que dobra, chegando a US$ 60 por hora.

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