O movimento acende um debate: a IA está democratizando a Justiça — ou colocando-a em risco? (Getty Images). (Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 9 de outubro de 2025 às 10h47.
Com tantas ferramentas generativas disponíveis, como ChatGPT e Perplexity, cresce o número de pessoas que decidem se representar em tribunal com a ajuda direta da inteligência artificial.
Um levantamento da NBC News conversou com mais de 15 desses litigantes, além de advogados, pesquisadores jurídicos e startups de IA.
Os resultados são mistos: alguns conseguem navegar com eficiência pelas complexidades da lei; outros enfrentam punições severas por apresentar documentos com informações falsas criadas por IA, um fenômeno conhecido como alucinação.
“Eu vi mais pessoas se representando com IA no último ano do que em toda a minha carreira”, disse Meagan Holmes, paralegal de um escritório em Phoenix.
Lynn White, moradora de Long Beach, Califórnia, estava à beira do desespero. Atrasada nos pagamentos de sua casa móvel e enfrentando uma ordem de despejo, não tinha dinheiro para contratar um advogado. Aceitou um defensor público — e perdeu.
Mas White não desistiu. Decidiu recorrer da decisão e teve uma ideia ousada: pedir ajuda ao ChatGPT.
Ela já usava ferramentas de IA para criar vídeos em sua pequena produtora musical e pensou que o mesmo tipo de tecnologia poderia ajudá-la a entender o sistema jurídico.
“Era como ter Deus respondendo às minhas perguntas”, disse ela, descrevendo a experiência de usar o chatbot e o buscador Perplexity.ai para preparar sua própria defesa.
White alimentava o ChatGPT com documentos e detalhes do caso. O chatbot ajudava a identificar erros processuais, pesquisar leis aplicáveis e até redigir petições formais.
Meses depois, o impensável aconteceu: White conseguiu reverter a ordem de despejo, evitando cerca de US$ 55 mil em multas e mais de US$ 18 mil em aluguéis atrasados.
“Eu nunca teria vencido essa apelação sem a IA”, afirmou.
O pesquisador Damien Charlotin, que criou um banco de dados sobre decisões judiciais com uso de IA, já documentou mais de 400 casos nos EUA e no exterior envolvendo citações falsas criadas por chatbots.
Ele explica que há três tipos principais de erros:
Casos totalmente inventados: decisões judiciais que nunca existiram;
Citações falsas de casos reais: trechos modificados ou adulterados;
Interpretações distorcidas: quando o caso é real, mas mal interpretado pela IA.
Esses erros, chamados de alucinações da IA, já levaram a multas de até US$ 10 mil a advogados nos EUA.
“É como se um estagiário tivesse feito o trabalho — mas sem supervisão humana”, comparou Holmes.
Apesar dos riscos, alguns veem a tendência como positiva. O enfermeiro Matthew Garces, que atua como seu próprio advogado em 28 ações federais, defende o uso da IA como uma ferramenta de democratização:
“A IA abre portas do tribunal que o dinheiro normalmente mantém fechadas”, disse ele.
Já a advogada Zoe Dolan, do escritório público Public Counsel em Los Angeles, criou uma oficina para ensinar pessoas comuns a usar IA de forma responsável em seus processos.
“Estamos vivendo o momento mais empolgante da história do Direito”, afirmou. “A IA ampliou o alcance e o poder de qualquer advogado — ou cidadão — com criatividade e organização.”
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