Aerial view of drone flying over desert landscape (Getty Images)
Repórter
Publicado em 28 de setembro de 2025 às 11h44.
O plano mais ambicioso do Pentágono para acelerar a guerra autônoma não saiu como esperado. Lançado em 2023 com a promessa de entregar milhares de drones aéreos, terrestres e marítimos até agosto de 2025, o programa Replicator agora foi transferido para uma nova divisão do Comando de Operações Especiais, o Defense Autonomous Warfare Group (DAWG).
O objetivo era simples no papel: produzir armas “pequenas, inteligentes e baratas” para conter o rápido avanço militar da China, especialmente diante da possibilidade de um conflito em torno de Taiwan até 2027. Na prática, porém, o Replicator tropeçou em problemas de confiabilidade, softwares que não conseguiam coordenar frotas de drones de diferentes fabricantes e custos mais altos do que o planejado.
Nos testes, os desafios ficaram evidentes. Um barco não tripulado da BlackSea Technologies sofreu pane no leme e desviou de rota. Um drone aéreo da Anduril Industries atrasou o lançamento por falha no tubo. O software, considerado o cérebro da operação, confundiu objetos e não conseguiu coordenar múltiplos sistemas ao mesmo tempo.
Outro exemplo é o Switchblade 600, drone kamikaze de US$ 100 mil usado na Ucrânia. Ele se mostrou vulnerável a bloqueios de comunicação — um cenário considerado inevitável em conflitos modernos. Embora a fabricante AeroVironment afirme ter corrigido falhas, o Exército americano manteve versões antigas para não atrasar ainda mais o cronograma.
Para os militares, drones seriam fundamentais em uma guerra no Pacífico: poderiam confundir o inimigo, saturar defesas e reduzir perdas humanas. Mas o tempo corre contra Washington. A divisão DAWG tem menos de dois anos para entregar resultados.
Apesar dos atrasos, especialistas dizem que o Replicator trouxe avanços. Em apenas dois anos, acelerou testes, pressionou fabricantes a inovar e reduziu a burocracia tradicional da compra de armas.
O desafio agora é transformar protótipos promissores em sistemas confiáveis, em escala industrial, e em tempo de influenciar o equilíbrio militar no Indo-Pacífico.