Inteligência Artificial

Pentágono transfere programa de drones que podem matar de forma autônoma após falhas e atrasos

Iniciativa Replicator prometia milhares de sistemas de IA até 2025, mas enfrenta custos altos, limitações técnicas e dificuldades de integração

Aerial view of drone flying over desert landscape (Getty Images)

Aerial view of drone flying over desert landscape (Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 28 de setembro de 2025 às 11h44.

O plano mais ambicioso do Pentágono para acelerar a guerra autônoma não saiu como esperado. Lançado em 2023 com a promessa de entregar milhares de drones aéreos, terrestres e marítimos até agosto de 2025, o programa Replicator agora foi transferido para uma nova divisão do Comando de Operações Especiais, o Defense Autonomous Warfare Group (DAWG).

O objetivo era simples no papel: produzir armas “pequenas, inteligentes e baratas” para conter o rápido avanço militar da China, especialmente diante da possibilidade de um conflito em torno de Taiwan até 2027. Na prática, porém, o Replicator tropeçou em problemas de confiabilidade, softwares que não conseguiam coordenar frotas de drones de diferentes fabricantes e custos mais altos do que o planejado.

Nos testes, os desafios ficaram evidentes. Um barco não tripulado da BlackSea Technologies sofreu pane no leme e desviou de rota. Um drone aéreo da Anduril Industries atrasou o lançamento por falha no tubo. O software, considerado o cérebro da operação, confundiu objetos e não conseguiu coordenar múltiplos sistemas ao mesmo tempo.

Outro exemplo é o Switchblade 600, drone kamikaze de US$ 100 mil usado na Ucrânia. Ele se mostrou vulnerável a bloqueios de comunicação — um cenário considerado inevitável em conflitos modernos. Embora a fabricante AeroVironment afirme ter corrigido falhas, o Exército americano manteve versões antigas para não atrasar ainda mais o cronograma.

Corrida contra o tempo

Para os militares, drones seriam fundamentais em uma guerra no Pacífico: poderiam confundir o inimigo, saturar defesas e reduzir perdas humanas. Mas o tempo corre contra Washington. A divisão DAWG tem menos de dois anos para entregar resultados.

Apesar dos atrasos, especialistas dizem que o Replicator trouxe avanços. Em apenas dois anos, acelerou testes, pressionou fabricantes a inovar e reduziu a burocracia tradicional da compra de armas.

O desafio agora é transformar protótipos promissores em sistemas confiáveis, em escala industrial, e em tempo de influenciar o equilíbrio militar no Indo-Pacífico.

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