Como a OpenAI não está diretamente levantando esses recursos, o modelo funciona como uma alavancagem indireta (Getty Images)
Redator
Publicado em 28 de novembro de 2025 às 14h58.
Empresas parceiras da OpenAI já contraíram cerca de US$ 100 bilhões em dívidas para financiar acordos relacionados à criadora do ChatGPT. Como a OpenAI não está diretamente levantando esses recursos, o modelo funciona como uma alavancagem indireta e envolve grandes nomes como SoftBank, Oracle, CoreWeave, Blue Owl Capital e Vantage.
Segundo análise do Financial Times, pelo menos US$ 30 bilhões já foram emprestados a SoftBank, Oracle e CoreWeave para financiar data centers ou investimentos em projetos da OpenAI. Outros US$ 28 bilhões estão atrelados à Blue Owl Capital e a empresas de infraestrutura, como a Crusoe, que dependem de contratos com a OpenAI para quitar suas dívidas.
Além disso, Oracle e Vantage estão negociando com um consórcio bancário um financiamento adicional de US$ 38 bilhões, o que elevaria o montante total para cerca de US$ 100 bilhões. Esse valor já equivale à dívida líquida acumulada pelas seis maiores empresas tomadoras de crédito globalmente, como Volkswagen, Toyota, AT&T e Comcast.
O crescimento das dívidas que dependem da OpenAI para serem pagas se soma a preocupações quanto à capacidade da startup de honrar seus compromissos. Avaliada em US$ 500 bilhões e com uma receita estimada em US$ 20 bilhões para este ano, a criadora do ChatGPT já firmou contratos no valor de US$ 1,4 trilhão para adquirir chips e infraestrutura computacional nos próximos oito anos.
Muitas dessas dívidas relacionadas à construção de data centers são emitidas por veículos de propósito específico (SPVs, na sigla em inglês), que isolam os riscos em caso de inadimplência. Um exemplo disso é a joint venture entre Blue Owl e Crusoe, que tomou US$ 10 bilhões emprestados com o JPMorgan para construir um data center em Abilene, no Texas, que será alugado à Oracle por 17 anos. Caso o contrato falhe, o banco assume o ativo, sem possibilidade de cobrança contra os investidores.
Apesar de já totalizarem quase US$ 100 bilhões em dívidas, a expectativa é que os empréstimos relacionados com a OpenAI aumentem ainda mais, à medida que seus parceiros tentam cumprir contratos já firmados. Segundo analistas do KeyBanc, a Oracle, que já levantou US$ 18 bilhões, pode precisar buscar cerca de US$ 100 bilhões adicionais nos próximos quatro anos para atender às exigências dos acordos com a OpenAI.
Recentemente, a empresa de Larry Ellison perdeu mais de US$ 250 bilhões em valor de mercado, com uma queda de quase 30% nas suas ações em apenas um mês. A principal causa dessa desvalorização foi o volume e a velocidade dos investimentos necessários para atender a contratos como o da OpenAI, que deverá continuar operando no vermelho até 2030.