Inteligência Artificial

Para este vencedor do Nobel de Economia, euforia com IA não deve terminar como a bolha das pontocom

Para Paul Krugman, a ascensão da inteligência artificial pode não terminar em colapso, mas sim em um resgate governamental bilionário das big techs

Publicado em 9 de fevereiro de 2025 às 10h03.

Para o economista Paul Krugman, vencedor do Nobel de Economia de 2008, a atual onda de entusiasmo com a inteligência artificial (IA) tem semelhanças com a bolha da internet dos anos 1990. Mas um ponto importante diferencia ambas as situações: o desfecho da história.

Em um artigo publicado no Substack esta semana, Krugman destacou que a valorização acelerada de algumas empresas de tecnologia e a empolgação do mercado lembram a febre das startups pontocom. Segundo ele, no entanto, existem duas diferenças fundamentais entre o cenário atual e a bolha das empresas de internet.

A primeira está na composição do mercado. Durante a era pontocom, muitos investidores apostavam que startups recém-criadas poderiam se tornar monopólios lucrativos impulsionados por efeitos de rede, como ocorreu com a Microsoft (MSFT).

Já no caso da IA, as empresas que lideram o setor são as já consolidadas gigantes do Vale do Silício, conhecidas como Magnificent Seven (Apple, Microsoft, Alphabet, Amazon, Nvidia, Meta e Tesla).

"Historicamente, novas tecnologias tendem a desafiar a hierarquia do mercado. Agora, os investidores parecem apostar que a IA irá reforçar o domínio das empresas já estabelecidas", analisou Krugman.

O economista também questionou se essas big techs realmente conseguirão aumentar sua rentabilidade com IA, já que muitas precisarão investir pesadamente na tecnologia para manter suas posições. Isso pode reduzir os lucros, especialmente se houver gastos excessivos.

A segunda grande diferença, segundo Krugman, é que o Vale do Silício dos anos 1990 era relativamente apolítico, enquanto hoje os principais líderes da tecnologia têm laços estreitos com governos.

Em seu texto, o economista cita a influência de Elon Musk, CEO da Tesla, que viu as ações da companhia subirem mais de 12 vezes desde 2020, alcançando um valor de mercado de US$ 1,2 trilhão. Para Krugman, essa alta só faz sentido "se considerarmos Musk como um co-presidente dos Estados Unidos".

Além disso, ele destacou propostas do governo Donald Trump, como a criação de uma reserva estratégica de criptomoedas e um plano de US$ 500 bilhões para infraestrutura de IA.

Segundo Krugman, essas iniciativas podem manter o dinheiro fluindo para o setor, enquanto investidores vendem suas criptomoedas ao governo e as empresas de IA recebem incentivos federais.

Um possível "bailout" do setor de tecnologia

Embora muitos analistas vejam a IA como uma bolha prestes a estourar, Krugman sugeriu que a crise pode ser atenuada por apoio governamental.

"Essa bolha pode não terminar com um estrondo, mas sim com um resgate bilionário das gigantes de tecnologia", escreveu.

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