Inteligência Artificial

Pandemia acelerou redes e nuvens que agora possibilitam a IA, diz CEO da Cloudflare

Com o surgimento da IA generativa, a CloudFlare experimentou um aumento de 25% no tráfego; a diferença é que a agora a empresa já estava preparada

Matthew Prince: CEO da Cloudflare (Steve Jennings/Getty Images)

Matthew Prince: CEO da Cloudflare (Steve Jennings/Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 19 de outubro de 2024 às 12h25.

Última atualização em 19 de outubro de 2024 às 12h28.

Matthew Prince, CEO da Cloudflare, afirmou em entrevista ao site CrazyStupidTech que a pandemia de covid-19 desempenhou um papel crucial na aceleração das tecnologias de redes e nuvem, fundamentais para o avanço da inteligência artificial (IA).

Segundo Prince, o aumento exponencial do tráfego na internet durante o isolamento social forçou uma rápida evolução na infraestrutura global, revelando pontos de limitação e preparando o caminho para a era da IA.

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Durante a crise sanitária, a Cloudflare, empresa avaliada em US$ 32 bilhões e com uma receita de quase US$ 1,3 bilhão em 2023, observou uma duplicação do tráfego em apenas duas semanas. “A internet se manteve de pé, mas foi um alerta real”, disse Prince, lembrando que as redes na Europa chegaram perto do colapso em alguns dias.

Esse “ensaio geral” foi decisivo para a preparação da infraestrutura para os próximos anos. “A pandemia acelerou melhorias no hardware e na capacidade de nossas redes. Aprendemos muito rápido onde estavam os gargalos, e isso nos permitiu projetar soluções para a próxima década”, explicou.

Infraestrutura de IA

Segundo Prince, a inteligência artificial demanda uma nova forma de pensar as redes. Ele destacou que, enquanto o treinamento de IA continua centralizado em grandes servidores, como nos serviços da Amazon e do Google, a inferência — quando a IA utiliza seu aprendizado para tomar decisões — precisará ser cada vez mais distribuída. "Mais de 50% da inferência acontecerá em dispositivos próximos ao usuário, como celulares e carros autônomos", previu Prince.

A latência da rede, ou seja, o tempo de resposta entre o envio e o recebimento de dados, se tornará um ponto crítico nesse cenário. "Quando um carro autônomo identifica um perigo, como uma criança correndo atrás de uma bola, ele não pode esperar que a decisão seja tomada remotamente", afirmou o executivo, apontando para a importância da decisão local.

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Prince acredita que a pandemia acelerou a criação de uma 'nuvem de conectividade', conceito que define o futuro da Cloudflare, com infraestrutura e GPUs mais próximas dos usuários para permitir que os modelos de IA operem com mais eficiência. "Vimos um aumento notável no uso de modelos de IA entregues a partir da borda da nossa infraestrutura”, comentou.

Com a crescente demanda de tráfego de dados, Prince destacou que a infraestrutura de internet como roteadores e switches também precisará evoluir. A tendência de criar mercados ultra locais na internet — quando países ou regiões criam suas próprias regras para dados — está forçando as empresas a adaptarem suas arquiteturas. "Estamos construindo redes com uma abordagem hiper-regionalizada para atender às complexas regras regulatórias", disse ele, mencionando como o aumento das regulamentações está moldando a forma como dados e aplicações serão processados nos próximos anos.

Ao abordar as questões de regulação, Prince destacou o papel da Cloudflare em equilibrar as exigências de governos, especialmente em regiões como a Europa, China e Índia, que possuem regras próprias para a circulação de dados na rede. “A internet de 2030 exigirá uma reconfiguração completa da arquitetura atual”.

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