Inteligência Artificial

Paciente da Neuralink, do chip no cérebro, usa Grok para responder perguntas

Bradford G. Smith, paciente com ELA, usa chip de empresa de Musk e abre um novo capítulo na comunicação humana, mas levanta questões sobre autenticidade e controle nas interações digitais

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 8 de maio de 2025 às 08h40.

Bradford G. Smith, um dos pacientes que recebeu um implante cerebral da Neuralink, está utilizando a Inteligência Artificial (IA) do X (antigo Twitter) para facilitar sua comunicação.

O implante cerebral da Neuralink é composto por um conjunto de fios finos conectados a um computador que se aloja no crânio do paciente, permitindo que ele controle o ponteiro de um computador com seus pensamentos.

Para Smith, diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), a tecnologia possibilitou a comunicação, após a perda da capacidade de falar ou mover qualquer parte do corpo, exceto os olhos.

Em abril deste ano, Smith fez uma revelação nas redes sociais, compartilhando que era o terceiro ser humano a receber o implante da Neuralink e o primeiro com ELA.

Smith começou a usar a IA Grok, desenvolvida pela empresa de Musk, para formular respostas e interagir com os usuários, como relatado pelo MIT Technology Review. Em uma de suas postagens, ele até mencionou que estava usando a IA para compor suas respostas.

A utilização da IA na comunicação de Smith levanta questões importantes sobre até que ponto a tecnologia pode influenciar a expressão humana.

Segundo o MIT Technology Review, embora Smith tenha confirmado que as respostas eram baseadas em seu conteúdo e pensamento, a assistência da IA gerou debates sobre a autenticidade da comunicação.

“A IA ajudou a agilizar minhas respostas, mas a responsabilidade pelo conteúdo é minha”, explicou ele.

O caso de Smith vai além de uma adaptação pessoal, representando um movimento mais amplo onde a tecnologia neural se mistura com a inteligência artificial em um ecossistema criado por Musk.

Isso não só enfatiza as vantagens práticas dessas inovações, mas também apresenta dilemas éticos sobre a perda da individualidade e o controle humano sobre suas próprias palavras.

Antes do implante, Smith usava um dispositivo de rastreamento ocular para digitar, um processo lento e restrito a ambientes com pouca luz.

Com a Neuralink, ele agora pode digitar mais rapidamente e em ambientes iluminados, o que ampliou significativamente sua capacidade de se comunicar.

Além disso, a IA de clonagem de voz da ElevenLabs permite que Smith use uma versão digital de sua voz, com base em gravações feitas quando ele ainda estava saudável.

Esse avanço não só oferece alívio emocional, permitindo que ele se expresse de maneira mais natural, mas também ajuda a preservar a identidade vocal de pacientes com ELA, uma condição que frequentemente resulta na perda da fala.

Enquanto explora ainda mais as possibilidades dessa tecnologia, Smith expressou o desejo de criar um modelo de IA personalizado, que se baseasse em seus próprios escritos e preferências, visando tornar suas respostas mais alinhadas com sua voz e opiniões.

Isso sugere que, para ele, a IA pode ser uma ferramenta para expandir sua capacidade de comunicação, tornando o processo mais pessoal e autêntico.

No entanto, a crescente integração de IA nas interações humanas levanta questões mais amplas sobre o papel da máquina na comunicação.

Neurocientistas e especialistas em ética da tecnologia discutem os impactos dessa fusão, especialmente quando a IA começa a se envolver em áreas tão pessoais quanto a expressão verbal e escrita.

Em última análise, o caso de Smith ilustra não apenas o potencial dos implantes cerebrais e da IA para melhorar a qualidade de vida de indivíduos com condições debilitantes, mas também provoca uma reflexão sobre o que significa ser o verdadeiro autor da mensagem, especialmente quando as máquinas começam a desempenhar papéis ativos na criação dessas mensagens.

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