CEO da Huawei Brasil
Publicado em 11 de março de 2024 às 17h34.
Última atualização em 11 de março de 2024 às 17h42.
É com satisfação que vejo a economia digital brasileira se desenvolver rapidamente. O cenário atual mostra consciência e maturidade por parte dos gestores públicos e das lideranças empresariais, que buscam estabelecer um ambiente econômico mais competitivo e alavancar novas oportunidades de desenvolvimento para enfrentar os desafios de uma economia global cada vez mais conectada e em constante mudança.
A transformação digital é uma importante força motriz para a criação de novas formas de expansão, especialmente de novas indústrias, além de modificar completamente os setores tradicionais. Ela pode e deve ser adotada por todos os ramos - campo, manufatura, serviços e comércios - para reduzir custos, melhorar a qualidade e a eficiência e promover crescimento em escala. Dentre as tecnologias ao alcance dos setores produtivos, vale ressaltar o avanço da inteligência artificial (IA) e da computação em nuvem como uma verdadeira revolução nos negócios.
Estamos vivendo um período de transição notável que me permite afirmar que o Brasil tem tudo para se tornar líder em inteligência artificial e computação na nuvem na América Latina. Segundo nossas análises, as despesas gerais de IA do Brasil e as despesas com servidores aumentaram 22,1% nos últimos cinco anos. Estima-se que esse rápido crescimento se manterá até o final da década.
Percebo, com otimismo, que o Brasil se prepara para ser o centro computacional do continente, buscando um caminho que possa colocá-lo entre as nações mais poderosas do mundo, além de trazer prosperidade para todos os seus cidadãos.
De acordo com um relatório da consultoria IDC, o Brasil tem a maior taxa de aplicações de tecnologias de IA da América Latina. As estatísticas mostram que 63% das empresas brasileiras usam aplicações relacionadas à IA, superando em muito a média latino-americana (47%).
A consultoria revela ainda que 70% das empresas brasileiras usam tecnologias de IA para melhorar a análise de históricos de dados e aprimorar processos decisórios. Isso indica que a transformação digital é o novo meio para melhorar a competitividade do mercado, prever situações econômicas futuras e criar oportunidades de negócios.
O relatório mostra que 90% das empresas investem em ferramentas de análise de dados para melhor identificar as situações atuais do mercado e os padrões de comportamento do consumidor. Afirma que 84% dos executivos usam essas ferramentas para aumentar a confiabilidade e a segurança de suas atividades. Além disso, ao selecionar uma solução de monitoramento de dados, a maioria das empresas considera a existência de um poderoso sistema de suporte técnico como base para sua adoção.
Esses dados mostram que o Brasil avança em um componente-chave da nova infraestrutura digital que é o fortalecimento da construção de bancos de dados nacionais e centros de computação, com parcerias que incluem empresas, universidades e instituições governamentais. Essa infraestrutura deve aumentar a soberania nacional de dados e a segurança.
Ao aproveitar as vantagens geográficas, com seu enorme território, e demográficas, com uma grande população economicamente ativa, o país atrai para si a responsabilidade pelo avanço tecnológico, promovendo não só seu desenvolvimento, como também expandindo-o além de suas fronteiras para beneficiar toda a região.
Tomemos como exemplo o uso da inteligência artificial generativa na indústria. Atualmente, modelos de IA generativa são capazes de fazer análises precisas sobre condições climáticas, ultrapassando os modelos matemáticos convencionais. Já é possível prever a trajetória de um furacão e, assim, mitigar os danos causados por esses fenômenos.
Na mineração, um ramo com inúmeros riscos técnicos e de segurança, a IA generativa pode monitorar e analisar imensas quantidades de dados que permitem o aprendizado de máquina, tornando o processo mais eficiente e inteligente em tarefas essenciais como escavação, transporte e comunicação com equipamentos autônomos.
No sistema bancário, a IA consegue avaliar uma enorme quantidade de dados e customizar o serviço de acordo com o comportamento do cliente, oferecendo informações relevantes e avaliando riscos. No banco do futuro, nossos comportamentos não só ficarão registrados, mas voltarão para nós na forma de insights sobre possíveis investimentos, melhores serviços e mais inteligência sobre nossos hábitos de consumo.
O agronegócio brasileiro é outro setor que está se beneficiando cada vez mais com a aplicação de IA generativa e da computação na nuvem. Em especial, temos o desenvolvimento da agricultura de precisão, que utiliza ferramentas tecnológicas avançadas para manejo racional do solo.
No horizonte, por exemplo, estão colheitadeiras autônomas que podem, através de sensores, enviar dados em tempo real para centrais de controle na nuvem que fazem correções e avaliam o desempenho com precisão milimétrica.
De acordo com um relatório recente da Deloitte feito para o Ministério da Economia, os setores de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura devem gerar uma demanda por soluções de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), inteligência artificial e nuvem estimada em R$ 19 bilhões até 2031.
O Brasil avança rumo à digitalização de sua economia e o uso da tecnologia de ponta transforma os processos de produção, acelera a eficiência e potencializa o retorno sobre o investimento (ROI).
Esse processo é inevitável e, para o seu sucesso pleno, deve estar associado a uma visão de desenvolvimento econômico que também valorize a soberania e a sustentabilidade. A baixa emissão de carbono é uma parte importante da economia digital.
Com recursos energéticos renováveis únicos, forte capacidade de inovação e sinergia entre as várias esferas de decisão, o Brasil tem tudo para dar um salto exponencial de progresso, garantindo uma nova era para sua grande e dinâmica população.