O relatório inicial da CMA aponta Getty e Shutterstock como as principais concorrentes no mercado, ao lado de Adobe Stock e PA Media/Alamy (Budrul Chukrut/SOPA Images/Getty Images)
Redator
Publicado em 28 de novembro de 2025 às 10h39.
Getty Images e Shutterstock, duas das maiores fornecedoras de conteúdo visual licenciado, estão em processo de fusão desde janeiro, em um acordo que criaria um grupo avaliado em US$ 3,7 bilhões. No entanto, o órgão regulador do Reino Unido está investigando o caso e, se o negócio for bloqueado, Craig Peters, CEO da Getty, afirmou que a empresa reavaliaria a extensão de suas operações no país.
Neste mês, a Competition and Markets Authority (CMA), órgão responsável pela regulação da concorrência no Reino Unido, iniciou uma investigação aprofundada sobre a fusão, alegando que o acordo poderia reduzir significativamente a competição no mercado de conteúdo visual.
Peters criticou a abordagem da CMA, afirmando que o órgão não levou em consideração o impacto causado pela inteligência artificial, que está rapidamente transformando o mercado. Segundo ele, o processo pode custar mais de US$ 50 milhões aos grupos, um valor elevado considerando a parcela reduzida que o Reino Unido representa para o negócio de ambas as empresas.
Getty e Shutterstock enfrentam a crescente ameaça de plataformas baseadas em IA, capazes de gerar imagens a partir de comandos textuais. Além disso, concorrentes como Adobe e Canva estão expandindo suas ofertas de soluções de imagem, agora também integradas com IA, aumentando a pressão sobre os dois gigantes do conteúdo visual.
Nesse contexto, Peters defende que a fusão não é anticompetitiva, mas uma estratégia para consolidar forças e ganhar escala em um mercado transformado pela IA. Ele argumenta que, sem recursos para adquirir gigantes como Google ou OpenAI, que estão investindo bilhões em IA, a Getty precisa buscar alternativas para se manter competitiva.
Assim como outras empresas de mídia, a Getty entrou com uma ação judicial contra a Stability AI, uma startup cuja ferramenta permite gerar imagens a partir de comandos de texto. A acusação é de que a Stability usou o banco de imagens da Getty sem autorização para treinar seu modelo de IA.
A Getty cobre mais de 160 mil eventos noticiosos, esportivos e de entretenimento, com um banco de milhões de imagens desde os primórdios da fotografia. Ela também possui soluções próprias de IA generativa e ferramentas treinadas com base em seu próprio conteúdo.
O relatório inicial da CMA aponta Getty e Shutterstock como as principais concorrentes no mercado, ao lado de Adobe Stock e PA Media/Alamy. No caso do Canva, as evidências são mais imprecisas.
Além disso, a investigação levantou preocupações sobre o impacto da IA na indústria e possível aumento nos custos para os consumidores, especialmente empresas de mídia e anunciantes no Reino Unido. Por isso, o órgão defende a necessidade de um aprofundamento da investigação para avaliar se a fusão é anticompetitiva.
A CMA afirmou não haver evidências de que as imagens geradas por IA concorram diretamente com o conteúdo visual licenciado ou que, em um período de cinco anos, se tornem uma alternativa significativa para os consumidores. Peters, por outro lado, argumenta que o órgão está se baseando em uma definição muito restrita do mercado, agora impactado pelos bilhões gastos por gigantes da tecnologia dos EUA.