Mais de 800 milhões de usuários semanais: para monetizar os acessos, a OpenAI precisou de uma estratégia de produto que gerasse mais envolvimento dos consumidores
Redator
Publicado em 24 de novembro de 2025 às 10h00.
Última atualização em 24 de novembro de 2025 às 10h09.
No começo deste ano, a OpenAI fez uma escolha que parecia simples: ajustar o comportamento do ChatGPT para torná-lo mais envolvente. O resultado foi inesperado e, em alguns casos, perigoso. Usuários começaram a relatar interações emocionalmente intensas, que iam de elogios excessivos a auxílio com planos suicidas.
Em alguns casos, as conversas com chatbot de inteligência artificial duraram horas. Em outros, semanas ou meses. Os primeiros alertas chegaram à empresa em março, por meio de uma série de e-mails enviados ao CEO Sam Altman.
Essas mensagens falavam de experiências místicas e conexões profundas com a ferramenta. O episódio mais grave envolveu um adolescente nos EUA, que tirou a própria vida após interagir com o ChatGPT sobre suicídio. Nas mensagens finais, o chatbot ensinou como fazer um nó de forca, segundo o New York Times.
Pressionada por cinco processos judiciais e pela crescente preocupação com saúde mental, a OpenAI teve que reformular sua estratégia. Em agosto, lançou o modelo GPT-5, considerado mais seguro e menos propenso a reforçar delírios ou dependência emocional. Em setembro, introduziu ferramentas de controle parental. Em outubro, aprimorou as respostas para conversas sensíveis.
Segundo pesquisadores de Stanford e do MIT, o novo modelo é mais eficaz na identificação de crises e oferece orientações mais ajustadas ao perfil emocional do usuário. Ainda assim, a IA continua vulnerável durante interações longas e repetidas.
Nesse cenário, agora com estrutura com fins lucrativos, o novo desafio para a OpenAI é manter o ritmo de crescimento, mas com segurança. Com mais de 800 milhões de usuários semanais, a empresa precisa sustentar o engajamento para justificar uma avaliação de US$ 500 bilhões. Para parte dos usuários, no entanto, os filtros de segurança tornaram o ChatGPT mais frio. Alguns reclamaram, inclusive, da “perda de um amigo”.
A resposta da OpenAI foi devolver parte do controle aos usuários. Agora é possível escolher a “personalidade” do ChatGPT: entre as versões disponíveis, estão opções como franco (candid), diferentão (quirky) ou amigável (friendly). Até o fim do ano, a empresa também deve liberar a geração de conteúdo erótico para maiores de idade.
Entre segurança e escala, a OpenAI busca um ponto de equilíbrio, mas sem ignorar que o sucesso do produto também carrega riscos reais para parte de seus usuários.