Inteligência Artificial

O sinal verde que o Gemini ganhou com a decisão da Justiça dos EUA sobre o Chrome do Google

Embora o Google precise revisar seus acordos de pagamento, a verdadeira transformação pode vir da ascensão da inteligência artificial, um mercado ainda competitivo e no qual a empresa pode impulsionar o Gemini

Com a base de 3 bilhões de usuários globais do Chrome, o Google tem a chance de impulsionar o Gemini para uma posição dominante no mercado (Getty Images)

Com a base de 3 bilhões de usuários globais do Chrome, o Google tem a chance de impulsionar o Gemini para uma posição dominante no mercado (Getty Images)

Publicado em 3 de setembro de 2025 às 09h53.

Última atualização em 3 de setembro de 2025 às 10h24.

Em um dos julgamentos mais esperados envolvendo uma big tech, o juiz Amit Mehta, responsável pelo caso antitruste contra o Google, proibiu práticas de exclusividade nos acordos de pesquisa da empresa com parceiros, mas autorizou a continuidade de outros pagamentos. Isso pode não só ajudar na manutenção da posição dominante do Google, mas também permitir que a empresa impulsione sua inteligência artificial, o Gemini.

Segundo M.G. Siegle, ex-parceiro do fundo de capital de risco da empresa (Google Ventures), o que está em curso é uma revisão do modelo atual, já que, mesmo com a proibição determinada pelo juiz, é difícil imaginar que acordos desse tipo deixem de existir.

Isso porque muitos usuários de dispositivos Apple continuarão fazendo buscas no Google, mesmo sem o mecanismo ser definido como padrão. Além disso, os pagamentos bilionários entre as empresas – estimados por Siegle em mais de US$ 20 bilhões por ano – são essenciais para os negócios da dona do iPhone. No caso da Mozilla, o impacto seria até maior, já que o Firefox poderia até desaparecer sem os pagamentos do Google.

Assim, o Google não precisará vender o Chrome, que é fundamental para a coleta de dados utilizados em seu negócio de publicidade, mas terá que revisar a forma como compra ou paga pelo tráfego oriundo de seus parceiros. Portanto, em vez de extinguir o modelo vigente, o julgamento sugere uma revisão das práticas de pagamento, o que poderia resultar em uma estrutura de compensação baseada no percentual de uso.

Desse modo, a decisão beneficia o Google, que tem mais recursos à disposição para recompensar os parceiros e manter sua liderança no mercado, para a qual auxiliam sua popularidade e a marca de seu mecanismo de busca. O Google ainda deve recorrer da decisão, o que adia a aplicação de eventuais penalidades.

Impacto da IA nas buscas

Apesar da decisão, Siegle avalia que o negócio de buscas está em processo de transformação, mas não por um caso antitruste: o verdadeiro motor dessa mudança é a ascensão da IA.

Assim, embora o Chrome continue sendo um ativo valioso para o Google, ele acredita que o verdadeiro recurso que pode definir o futuro da empresa é o Gemini. Com a base de 3 bilhões de usuários globais, o Google tem a chance de impulsionar sua IA para uma posição dominante no mercado.

Essa estratégia, por sua vez, poderia transformar o Gemini em algo semelhante ao que o Google representa hoje para as buscas – um líder do (ainda competitivo) mercado ou até mesmo um monopólio. Por enquanto, tudo isso ainda são suposições, mas esse cenário poderia exigir uma nova análise antitruste. Trata-se de um ciclo recorrente no mercado de tecnologia.

Acompanhe tudo sobre:Inteligência artificialGoogleAntitrusteChrome

Mais de Inteligência Artificial

Juiz decide contra Google em caso antitruste, mas concorrentes dizem que punições são brandas

Anthropic levanta US$ 13 bilhões e atinge valor de mercado de US$ 183 bilhões em menos de um ano

EUA foca em AGI, China aposta em aplicações práticas — qual proposta tem mais chances de vencer?

Salesforce adota agentes de IA e demite 4 mil funcionários do suporte