Alex Blania, CEO da Tools for Humanity: na lista dos 100 nomes mais influentes da IA (Zach Hilty/BFA.com/Divulgação)
Publicado em 28 de agosto de 2025 às 15h52.
Última atualização em 28 de agosto de 2025 às 17h25.
A revista Time divulgou nesta quarta-feira, 28, a lista anual dos 100 nomes mais influentes em inteligência artificial, e entre CEOs de big techs, cientistas e reguladores globais, aparece o alemão Alex Blania, fundador da Tools for Humanity e um dos idealizadores do World. O reconhecimento internacional conecta-se a um alerta que ele já havia feito à EXAME, em entrevista dada em maio: a de que a própria internet pode estar prestes a perder sua essência, tornando-se um espaço dominado por interações com máquinas, não com humanos.
Na conversa, Blania projetou um futuro próximo em que até 90% do tráfego online será gerado por inteligências artificiais, transformando desde redes sociais até plataformas de publicidade. “Podemos acabar discutindo com contas que, na verdade, são IAs. O mesmo vale para anúncios, que hoje partem da premissa de que estamos falando com pessoas. Esse cenário está sendo desafiado”, disse.
A preocupação não é teórica. Blania citou experimentos como o de pesquisadores da Universidade de Zurique, que demonstraram como bots foram capazes de alterar a opinião de comunidades inteiras no Reddit. O risco, segundo ele, é que IAs sejam usadas como ferramentas de persuasão em escala, capazes até de influenciar eleições.
Ao mesmo tempo, Blania mantém uma visão otimista. Para ele, os chamados agentes de IA — sistemas capazes de executar tarefas de forma autônoma — serão parte da vida cotidiana em questão de meses.
“No próximo ano, praticamente todos terão uma experiência semelhante à de um CEO que conta com vários assistentes. Você terá uma IA que organizará sua agenda, comprará comida para você e gerenciará sua vida”, afirmou.
Esse duplo olhar — entre entusiasmo e alerta — é o que ajuda a entender por que o nome de Blania aparece agora ao lado de figuras como Sam Altman (OpenAI), Elon Musk (xAI) e Masayoshi Son (Softbank) no ranking da Time. Em um momento em que investidores disputam engenheiros de ponta como se fossem estrelas da liga europeia de futebol, a visão de quem aposta na “prova de humanidade” como protocolo para a internet ganha um peso ainda maior.
Na entrevista à EXAME, Blania detalhou como vê a evolução desse ecossistema. Para ele, será inevitável que grandes plataformas de redes sociais integrem mecanismos de verificação humana, como os desenvolvidos pelo Worldcoin. “É um equilíbrio de ovo e galinha. Quanto mais plataformas aderirem, mais teremos de escalar nossa infraestrutura”, disse, lembrando que só o hardware de autenticação já envolve dezenas de milhares de orbs em circulação.
A aparição de Blania na lista da Time funciona, portanto, como validação de um debate que não é mais marginal. Se, em 2023, a corrida da IA girava em torno de chatbots como o ChatGPT, em 2025 as atenções se voltam para quem definirá como humanos e máquinas vão conviver online — e como evitar que essa convivência seja sequestrada por manipulação em massa.
“O lado positivo dos agentes é que tornarão todos muito mais produtivos. O negativo é que também podem manipular sentimentos e opiniões em velocidade assustadora”.