Inteligência Artificial

O que Biden e Xi Jinping falaram sobre inteligência artificial ao telefone

Biden e Xi acordaram em novembro que seus governos realizariam conversas formais sobre as promessas e riscos da inteligência artificial; agora, esse momento chegou

Joe Biden: presidente dos EUA  (Anadolu Agency/Getty Images)

Joe Biden: presidente dos EUA (Anadolu Agency/Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 2 de abril de 2024 às 14h46.

Última atualização em 9 de abril de 2024 às 16h17.

Em uma conversa telefônica que marcou a retomada do diálogo direto entre as lideranças dos Estados Unidos e da China, os presidentes Joe Biden e Xi Jinping concentraram parte de suas discussões nos desenvolvimentos em torno da inteligência artificial (IA) e suas implicações para a segurança global.

Leia também: China ultrapassa EUA na produção de talentos em IA, aponta estudo

O encontro virtual, realizado nesta terça-feira, 2, o primeiro desde a cúpula de novembro na Califórnia, abriu caminho para uma série de engajamentos de alto nível entre os dois países, apontando para um esforço concertado em estabilizar as relações bilaterais.

Um dos pontos centrais do diálogo foi o acordo prévio, estabelecido durante a cúpula de novembro, de iniciar conversações formais sobre os riscos e promessas da IA avançada.

Esse movimento segue a adoção de uma resolução por mais de 120 países na Organização das Nações Unidas, duas semanas antes da ligação, apoiando a implementação de salvaguardas globais em torno da tecnologia emergente.

Este acordo entre as duas maiores economias do mundo reflete uma conscientização compartilhada sobre a necessidade de colaboração internacional no campo da IA, particularmente em um momento em que questões de segurança cibernética e interferências eleitorais ganham destaque nas agendas políticas.

A iniciativa de diálogo sobre IA acontece em um contexto onde a competição tecnológica entre as duas nações tem sido intensa, com os Estados Unidos restringindo a transferência de algumas tecnologias avançadas para a China.

EUA vs. China

O presidente Xi Jinping expressou preocupações sobre as medidas adotadas pelos EUA, que, segundo ele, mais criam do que mitigam riscos, apontando para uma lista cada vez maior de empresas chinesas sancionadas.

Nesse ponto, há várias sensibilidades. Uma delas vem sobre energias limpas. Antes de sua visita oficial à China, Janet Yellen, secretária do Tesouro dos Estados Unidos, manifestou na semana passada preocupações sobre o impacto que a produção em massa de energia verde por Pequim está causando no mercado global.

Segundo ela, essa superprodução de energia solar, veículos elétricos e baterias de íon-lítio está distorcendo os preços internacionais, o que pode afetar a produtividade e o crescimento econômico mundial. Yellen planeja discutir essas questões com seus homólogos chineses durante sua estadia.

Em outra frente, o crescente desconforto no Congresso dos EUA com relação à propriedade chinesa do aplicativo de mídia social TikTok levou à proposição de uma nova legislação. Esse projeto de lei visa proibir o funcionamento do TikTok no país, a menos que a ByteDance, empresa chinesa que detém o aplicativo, venda suas participações na plataforma dentro de seis meses após a lei entrar em vigor.

Como presidente do Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos, órgão responsável por avaliar a aquisição de empresas americanas por entidades estrangeiras, Yellen possui significativa autonomia para influenciar o futuro operacional da ByteDance no mercado americano.

Paralelamente, a liderança chinesa estipulou uma meta de crescimento econômico de 5% para este ano, apesar dos desafios decorrentes de uma desaceleração econômica agravada por problemas no setor imobiliário e pelos impactos duradouros das rigorosas medidas de contenção ao vírus da covid-19, que afetaram severamente setores como turismo, logística e manufatura.

A China se destaca como líder no mercado de baterias para veículos elétricos, possuindo uma indústria automotiva em rápida expansão, capaz de rivalizar com as grandes fabricantes de automóveis globais à medida que avança para o mercado internacional.

No ano passado, o governo dos EUA anunciou planos para restringir a elegibilidade para créditos fiscais na compra de veículos elétricos que utilizem material de bateria proveniente da China e de outros países considerados adversários pelos Estados Unidos. Em uma medida relacionada, o Departamento de Comércio dos EUA iniciou uma investigação sobre os riscos potenciais à segurança nacional advindos das exportações de automóveis chineses para o território americano.

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