Inteligência Artificial

O que acontece com o progresso da IA se a China invadir Taiwan?

Dependência da produção de chips em Taiwan coloca o futuro da inteligência artificial em risco diante da possível invasão chinesa

Chips são a causa de uma disputa geopolítica cada vez mais fervente no mundo.

Chips são a causa de uma disputa geopolítica cada vez mais fervente no mundo.

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 3 de julho de 2024 às 09h21.

A crescente dependência da inteligência artificial (IA) de GPUs e outros chips fabricados majoritariamente pela Taiwan Semicondutor Manufacturing Company (TSMC) destaca a fragilidade da cadeia de suprimentos de semicondutores. Localizada em Taiwan, a TSMC está no epicentro de uma potencial crise geopolítica, caso a China decida invadir a ilha, o que poderia afetar drasticamente o progresso da IA e a produção global de chips.

Chris Miller, autor de "Chip War: The Fight for the World's Most Critical Technology," alerta para as possíveis consequências dessa invasão em uma entrevista recente. Desde o lançamento de seu livro em 2022, o cenário geopolítico envolvendo a produção de semicondutores tornou-se ainda mais instável, com a demanda crescente por IA e os avanços rápidos em tecnologia. A entrevista foi dada para a Business Insider.

A TSMC é a fabricante de semicondutores mais avançada do mundo, produzindo chips para gigantes como Apple, Nvidia, Qualcomm e AMD. No entanto, sua localização em Taiwan, uma ilha reivindicada pela China, coloca a indústria tecnológica em uma posição geopolítica precária. A tensão entre China e Taiwan não é nova, mas a crescente importância de Taiwan na cadeia global de suprimentos de semicondutores eleva os riscos.

Miller destaca que, caso ocorra um conflito no Estreito de Taiwan, a produção da TSMC seria interrompida rapidamente, independentemente das decisões tomadas pelas partes envolvidas. Taiwan depende de grandes importações de energia e materiais críticos para a fabricação de chips, e qualquer interrupção nessas importações causaria um colapso na produção. Além disso, as rotas marítimas para exportação de chips seriam interrompidas em caso de guerra, agravando ainda mais a situação.

A produção de chips envolve materiais específicos como foto resistências, muitas vezes fornecidos por empresas japonesas. Em um cenário de guerra, essas importações cessariam, paralisando a fabricação de semicondutores.

Geopolítica dos chips

A dependência crescente da IA de GPUs e chips avançados significa que qualquer interrupção na produção da TSMC teria consequências graves para o desenvolvimento tecnológico global. A demanda por eletricidade para data centers de IA deve crescer até 20% até 2030, segundo previsões, colocando ainda mais pressão sobre a infraestrutura energética de Taiwan.

Miller ressalta que o equilíbrio geopolítico no Estreito de Taiwan é crucial para manter a estabilidade da cadeia de suprimentos de semicondutores. A situação atual, com a China exercendo pressão militar na região, aumenta as preocupações sobre uma possível invasão. Analistas e especialistas em tecnologia estão cada vez mais atentos a essas dinâmicas, compreendendo que a continuidade da paz na região é essencial para evitar uma crise global na indústria de chips.

Além disso, a diversificação da produção de semicondutores é vista como uma solução potencial para mitigar esses riscos. Empresas como Intel e Samsung estão investindo na construção de fábricas nos Estados Unidos e em outros países, buscando reduzir a dependência de Taiwan. No entanto, esses esforços levam tempo, e a infraestrutura global ainda depende fortemente da produção taiwanesa.

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