Inteligência Artificial

O navegador que faz por você: Opera lança Neon, sua aposta de browser com IA

Produto com agente digital que executa tarefas chega em um mercado dominado pelo Chrome, mas pressionado por novos rivais e pela explosão da inteligência artificial

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 30 de setembro de 2025 às 14h32.

Quando a Opera apresentou o Neon para um grupo de jornalistas em Lisboa, em abril, a empresa norueguesa mirava mais do que oferecer um novo navegador. O produto foi concebido para atender a profissionais que usam inteligência artificial de forma intensiva, prometendo algo além dos simples chats de IA. No Neon, a IA não só responde a perguntas: ela age, escreve códigos, compara informações, faz compras e organiza reuniões — tudo dentro do próprio navegador.

O produto que chega a partir desta terça-feira, 30, aos primeiro usuários tenta firmar o conceito de navegação agêntica, em que o software deixa de ser apenas uma porta de entrada para sites e se transforma em um ambiente de trabalho autônomo. Recursos como as Tasks (tarefas inteligentes) e os Cards (cartões pré-configurados de instruções) permitem que a IA entenda o contexto de cada atividade. Assim, é possível desde estruturar uma tabela de comparação de produtos até compilar as decisões-chave de uma reunião.

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O ataque começa pelo browser

O movimento da Opera não acontece isolado. Em 2025, o mercado de navegadores vive a disputa mais intensa desde a ascensão do Chrome, em 2008. Hoje líder com 67,9% de participação global, o navegador do Google superou um processo antitruste nos Estados Unidos, e evitou sua venda compulsória para desmembrar o domínio da gigante sobre o segmento.

Nesse vácuo, startups e big techs se movimentam. A OpenAI prepara um navegador baseado no Chromium, com interface conversacional semelhante ao ChatGPT, apoiado pelo GPT-5. O objetivo é transformar a web em um espaço de consulta e delegação inteligente, integrando a base de 700 milhões de usuários semanais do ChatGPT.

A Perplexity lançou o Comet, um navegador-assistente capaz de organizar viagens, criar listas e efetuar compras por texto ou voz. Restrito inicialmente a assinantes premium de US$ 200 mensais, o Comet chamou atenção pelo gesto ousado de oferecer US$ 34,5 bilhões para comprar o Chrome.

Já a The Browser Company abandonou o Arc e apresentou o Dia, navegador que aprende com o comportamento do usuário, interage diretamente com sites logados e automatiza fluxos cotidianos. Suas “Skills” permitem criar scripts personalizados, e a barra de endereços virou um chatbot ativo.

Neon e a cultura de inovação da Opera

O Opera Neon entra nessa disputa trazendo um histórico de pioneirismo. A Opera foi a criadora das abas, do Speed Dial e do bloqueador de anúncios integrado, além de desenvolver um dos primeiros navegadores móveis.

No Neon, a empresa aposta em diferenciais como o Neon Do, um recurso que navega pela web real em nome do usuário, abrindo e fechando abas, preenchendo formulários e coletando dados. A ação acontece localmente, visível em tempo real, sem depender de nuvem externa ou compartilhamento de senhas.

É como ter um assistente sentado ao lado do usuário, em vez de um robô distante acessando suas contas.

O navegador chega como um produto premium, baseado em assinatura, com custo de US$ 19,90 por mês.

Os gigantes reagem. O Chrome começa a integrar os modelos multimodais Gemini Nano, oferecendo resumos automáticos, tradução instantânea e revisão de textos. O Edge, da Microsoft, aposta no Copilot Vision, que interpreta conteúdos visuais e executa pesquisas autônomas.

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