Em comunicado a analistas financeiros, a Nvidia esclareceu que não está envolvida em qualquer irregularidade do tipo e que não é mais um caso “Enron”
Redator
Publicado em 25 de novembro de 2025 às 11h50.
Após um texto viral publicado na plataforma Substack levantar suspeitas de que a Nvidia poderia estar envolvida na “maior fraude contábil da história da tecnologia”, a empresa precisou vir a público esclarecer que não está envolvida em qualquer irregularidade do tipo e que não é mais um caso “Enron”. Para isso, enviou um comunicado a analistas financeiros reafirmando que não usa entidades de propósito específico para esconder dívidas ou inflar receitas.
A reação da Nvidia também mirou críticas feitas por Michael Burry – investidor conhecido por ter apostado contra o mercado imobiliário antes da crise de 2008 –, que questionou a contabilização de compensações baseadas em ações. Segundo a empresa, Burry teria somado erroneamente os impostos sobre ações restritas ao fazer sua análise.
Em parte, dúvidas sobre a Nvidia se concentram no relacionamento com startups como a CoreWeave, classificada como uma das chamadas neoclouds. Elas são as novas companhias de infraestrutura para inteligência artificial que compram grandes volumes de chips da fabricante.
Nesses casos, a Nvidia é tanto investidora quanto principal fornecedora dessas startups, o que levanta dúvidas sobre possível conflito de interesses e impacto artificial nas receitas. Estrutura circular semelhante também está presente na relação com a OpenAI, criadora do ChatGPT, assim como em outros acordos da desenvolvedora com, por exemplo, AMD e Oracle.
Analistas observam que essas startups funcionam, na prática, como “veículos” que ampliam as vendas da Nvidia. No entanto, como elas são empresas independentes, eventuais dívidas ou riscos aparecem apenas em seus próprios balanços, não no da fabricante de chips.
Apesar da polêmica, a estrutura contábil e os acordos da Nvidia são públicos e auditáveis, ao contrário do caso Enron, que envolvia fraudes ocultas. “Não é um comportamento saudável, mas é legal”, afirmou Richard Luria, analista ouvido pela The Verge. Para ele, o mercado tem acesso a essas informações, mas muitos investidores simplesmente optam por ignorá-las.