Debate sobre IA no cinema ganhou novos contornos com a realização do AI Film Festival, em Nova York, que reuniu 10 curtas-metragens criados usando ferramentas baseadas na nova tecnologia (Imagem gerada por IA/Freepik)
Redator
Publicado em 20 de agosto de 2025 às 11h42.
Última atualização em 20 de agosto de 2025 às 11h48.
Será que, no futuro, filmes inteiros serão feitos com inteligência artificial? E, principalmente, se forem, como saberemos?
Essas perguntas foram levantadas no ano passado pelo cineasta Paul Schrader, conhecido por dirigir Gigolô Americano e por escrever o roteiro de Taxi Driver. Após o lançamento de Duna: Parte 2, ele questionou se a sequência seria feita por IA e como isso seria percebido pelos espectadores.
A provocação de Schrader reflete uma crescente inquietação entre os cinéfilos, que temem que Hollywood esteja criando imagens tão impessoais e perfeitas que não poderiam ser geradas por artistas humanos, mas somente por máquinas.
Esse debate sobre IA no cinema ganhou novos contornos com a realização do AI Film Festival em Nova York, um evento que reuniu 10 curtas-metragens criados usando ferramentas baseadas na nova tecnologia. A iniciativa é apoiada pela Runway, uma empresa que oferece recursos como geradores de imagens e vídeos e que já firmou parcerias com o estúdio Lionsgate para treinar modelos com base eu seu acervo.
Com essas ferramentas, a Runway permite que os usuários criem personagens, cenários e até filmes inteiros com IA. O apoio ao festival tem como objetivo dar legitimidade a esses conteúdos, mostrando que a tecnologia pode gerar obras criativas e não apenas "desperdício" visual (chamados de “AI slop”), como muitos críticos afirmam.
Durante o festival, os filmes apresentados variaram em qualidade, mas muitos compartilharam um estilo visual de acabamento comercial, com imagens fotorrealistas e edições rápidas. O curta Emergence, de Maddie Hong, usou a IA para criar uma narrativa imersiva sobre uma borboleta saindo do casulo, enquanto More Tears Than Harm, de Herinarivo Rakotomanana, evocou a arte do pintor primitivista Horace Pippin.
No entanto, filmes como RŌHKI - A Million Trillion Pathways evidenciaram limitações da tecnologia, com personagens cujos traços, como as orelhas, mudavam de forma inexplicável entre cenas.
Apesar da inovação, a IA ainda é vista com ceticismo no setor cinematográfico. O jovem cineasta Troy Petermann, de 15 anos, considera a tecnologia mais uma ameaça do que uma ferramenta criativa, argumentando que, embora ela tenha grande potencial analítico, a IA deveria ser limitada em aspectos criativos.
Por outro lado, defensores como Alejandro Matamala Ortiz, cofundador da Runway, acreditam que a IA representa apenas mais uma ferramenta no processo criativo, assim como o digital substituiu o analógico no cinema.