Inteligência Artificial

Na Moises, você já pode vender sua voz para outra pessoa cantar

Startup que já oferece aplicativo capaz de isolar diferentes sons instrumentais em músicas, agora aposta em uma plataforma para a compra e venda de vozes sintetizadas

Sócios da Moises: inteligência artificial e licenciamento de voz para criações sintéticas (Moises/Divulgação)

Sócios da Moises: inteligência artificial e licenciamento de voz para criações sintéticas (Moises/Divulgação)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 7 de dezembro de 2023 às 15h21.

Última atualização em 7 de dezembro de 2023 às 18h57.

A Moises, uma empresa de ferramentas digitais para músicos, criada por brasileiros, mas com sede em Salt Lake City, lançou para o mercado mercado musical nesta sexta-feira, 7, uma nova solução de inteligência artificial (IA) que se conecta perfeitamente com o espírito da produção musical atual.

Chamada de Music.AI, a novidade é um hub com foco em agências, gravadoras e editoras; que funciona como central de ferramentas profissionais de produção de música. Entre elas, o primeiro hit comercial da empresa, um app homônimo que serve para separar ou eliminar sons instrumentais ou vocais. E também o mais recente, o Voice Studio, que traz um recurso que se vale da modelagem de voz com IA, a técnica similar, mas não igual, ao que permitiu recentemente que uma música falsa do cantor canadense Drake fosse parar entre as mais tocadas do mundo.

E, distante das produções falsas e sem autorização, a IA da Moises abre uma nova oportunidade para os vocalistas gerarem receita, licenciando seus próprios modelos de voz para outros produtores de música e criadores de conteúdo.

Entre as propostas, está a de que empresas de produção de vídeo e áudio com pouco tempo para criar demos para clientes possam produzir e entregar o conteúdo rapidamente, prototipando e produzindo demos já em alta qualidade.

As mesmas também podem utilizar o Voice Studio para encontrar uma voz que tenha o "melhor fit" para a marca de seus clientes. Dessa forma, a contratação de profissionais de locução pode ser melhor planejada e programada.

Para entender melhor o apelo, considere o gênero musical bedroom wave, que agrupa artistas que compõem e gravam sozinhos em seus quartos, usando os recursos tecnológicos mais à mão, e no qual se pode utilizar de sons de simuladores de equipamentos reais gerados por programas como ProTools, Logic e FL Studio.

Essa nova dinâmica mostra como faz sentido o hub. Por essência, o bedroom wave exige do músico e produtor o manejo de ferramentas como as da Moise, mas uma dezena de outros gêneros musicais populares atualmente atuam do mesmo jeito, com estúdios de grandes sucessos se resumindo a um notebook e uma caixa de monitor de som.

"Há tantos cantores incríveis no mundo que passam despercebidos. A Moises desenvolveu um novo modelo de negócios que capacita esses artistas a ampliar seu alcance para um mercado mais amplo de criadores que desejam aprimorar e filtrar sua própria voz", explica Geraldo Ramos, CEO da Moises.

Quanto ao modelo de negócio, Geraldo explica que a empresa oferece uma plataforma onde os usuários podem adquirir créditos para utilizar os módulos de tecnologia, como a separação de acordes, pagando por tempo de uso. Ele ressalta que a empresa tem parcerias com mais de 2 mil empresas e que a forma de cobrança por tempo de uso é a mais adequada para serviços de inteligência artificial.

Na outra ponta, um dos projetos futuros da Moises é justamente identificar em músicas quando uma voz for resultado de uma criação sintética, visando combater o uso indevido de vozes de celebridades. Ao considerar que o app já aglomera 40 milhões de usuários, há muito mais para se ouvir da Moises.

Acompanhe tudo sobre:Inteligência artificialMúsica

Mais de Inteligência Artificial

Amado pelos designers, CEO do Figma acredita que futuro dos produtos digitais passa pela IA

Google DeepMind é um sucesso e uma tragédia ao mesmo tempo, diz executiva da empresa

Musk acusa OpenAI de tentar 'monopolizar' mercado de IA

CEO da Nvidia teve chance de comprar empresa no passado — mas recusou