Perdas se somam à percepção de que a Apple está ficando para trás na corrida global por IA (Future Publishing/Getty Images)
Redator
Publicado em 7 de agosto de 2025 às 10h21.
Última atualização em 7 de agosto de 2025 às 16h57.
Na corrida por talentos de inteligência artificial, a Apple está ficando para trás. Até o momento, a empresa perdeu cerca de uma dúzia de seus funcionários da área, incluindo pesquisadores renomados. Além das contratações de gigantes como Meta e OpenAI, a fabricante do iPhone também viu nomes se transferirem para a xAI e a canadense Cohere.
Nos últimos meses, a OpenAI contratou Brandon McKinzie e Dian Ang Yap, dois engenheiros da equipe de pesquisa de modelos fundacionais da Apple, enquanto a Cohere contratou Liutong Zhou, cientista de aprendizado de máquina, em junho.
Outro nome de destaque que deixou a Apple foi Ruoming Pang, chefe da equipe de modelos fundacionais, que se juntou à Meta no mês passado, como parte da estratégia de Mark Zuckerberg para formar um dream team, atraindo grandes nomes com bônus de até US$ 100 milhões.
Segundo o diretor de recrutamento de IA na Razoroo, Aaron Sines, “a saída de Ruoming Pang é significativa: envia um sinal de crise de confiança sobre o futuro”. “Muitas empresas estão dizendo: ‘Olha a Apple, é uma temporada aberta’”.
Outros membros seniores da equipe da Apple também trocaram a empresa pela Meta, como Mark Lee, Tom Gunter, Bowen Zhang e Shuang Ma. Floris Weers, pesquisador no Reino Unido da equipe de Pang, deixou a Apple em julho para se juntar a uma startup em sigilo.
Essas perdas se somam à percepção de que a Apple está ficando para trás na corrida global por IA, o que levou analistas a sugerirem a troca do CEO, Tim Cook. Por outro lado, a empresa reestruturou sua liderança e promoveu outras mudanças internas. Executivos da Apple também negociam com OpenAI e Anthropic a adoção de seus modelos de IA em sua assistente de voz, a Siri.Na semana passada, Cook se comprometeu a investir mais recursos em pesquisa de IA e realizou uma rara reunião com todos os funcionários, discutindo a necessidade de a Apple “vencer” na área de IA. "Tim está fazendo isso porque reconhece que a narrativa fugiu de suas mãos", afirmou um ex-executivo da empresa.
No último ano, o impulso da Apple em IA tem enfrentado uma série de desafios. A empresa tem dificuldades em atualizar sua assistente de voz utilizando modelos de linguagem avançados, que poderiam oferecer respostas mais sofisticadas a comandos falados.
O atraso no lançamento de uma versão mais inteligente da Siri levou a uma reorganização interna. A responsabilidade pela assistente de voz foi transferida de John Giannandrea, especialista em IA que foi contratado do Google em 2018, para Mike Rockwell, o executivo responsável pelo Vision Pro.
Essas atualizações da Siri são uma parte crucial do “Apple Intelligence”, um conjunto de recursos de IA anunciados na Conferência Mundial de Desenvolvedores da empresa no ano passado. As novidades têm como objetivo impulsionar as vendas de hardware da empresa, ao integrar mais ferramentas baseadas na tecnologia em seus dispositivos.
Embora a Apple seja conhecida por não apressar o lançamento de novos recursos até que estejam prontos, a velocidade do desenvolvimento de IA por outras empresas é impressionante. Nesse cenário, sua abordagem mais lenta corre o risco de deixá-la muito para trás e incapaz de atender às expectativas dos usuários ou de concorrer na área.A equipe de modelos fundacionais da Apple, composta por cerca de 50 a 60 pessoas, é relativamente pequena, segundo fontes do Financial Times próximas ao time. Essa equipe faz parte da divisão mais ampla de IA e aprendizado de máquina da empresa, que enfrenta uma crescente escassez de profissionais especializados.
Sines, da Razoroo, mencionou que viu um grande aumento no interesse de pesquisadores de IA buscando novas oportunidades de emprego, especialmente após a notícia do pacote salarial oferecido pela Meta a Ruoming Pang. “Há realmente apenas mil, talvez dois mil, profissionais no mundo que têm experiência real em modelos fundamentais e o que é necessário para desenvolvê-los e implantá-los”, acrescentou.
Essa busca por talentos de IA tem se intensificado nos últimos meses. Além da agressiva estratégia de Zuckerberg para formar o Meta Superintelligente Labs (MSL) e do contra-ataque da pioneira OpenAI, no mês passado a Microsoft recrutou mais de 20 funcionários de IA da divisão DeepMind, do Google.
Nesse novo cenário, as empresas agora veem os talentos de IA como ativos estratégicos, em um nível comparável à propriedade intelectual ou até unidades inteiras de negócios.