Inteligência Artificial

Musk é passado: como Sam Altman virou peça-chave na política de IA de Trump

Apesar de diferenças políticas, Altman se aproxima do governo Trump e tenta influenciar a regulação da inteligência artificial nos EUA

Estela Marconi
Estela Marconi

Freelancer

Publicado em 19 de julho de 2025 às 07h01.

Depois do rompimento entre Elon Musk e Donald Trump, Sam Altman, CEO da OpenAI, ganhou espaço nos bastidores do governo. Ele participou de encontros privados com o presidente norte-americano, incluindo uma reunião no clube de golfe em Nova Jersey, onde foi elogiado como “um homem muito brilhante” pelos avanços em inteligência artificial. 

Segundo o Wall Street Journal, a entrada de Altman na Casa Branca parece ser o começo de uma nova relação. Entretanto, a pergunta que fica permeia o assunto é: seria Altman o novo Musk?

De democrata a aliado de Trump

Sam Altman, que durante anos foi um doador frequente do Partido Democrata e defensor público de causas liberais, vem reformulando sua imagem política. Em julho, ele declarou ter deixado o partido, afirmando que “os democratas cruzaram algumas linhas que não deveriam ter cruzado” e que agora se considera “politicamente sem lar”. 

A crítica veio após meses de atrito com parlamentares democratas, especialmente em torno da governança da OpenAI e da pressão regulatória sobre o setor de inteligência artificial.

Apesar de ainda ter simpatias por pautas progressistas — como a defesa de um rendimento básico universal —, Altman passou a se aproximar de figuras do Partido Republicano, especialmente da ala trumpista, segundo o WSJ. A mudança se intensificou após a eleição de Trump, quando ele foi chamado para algumas reuniões privadas com o presidente norte-americano e passou a ganhar espaço na formulação de políticas públicas ligadas à inteligência artificial. 

O CEO da OpenAI também expressa preocupações sobre o avanço tecnológico da China, especialmente após o anúncio da DeepSeek em janeiro, que deixou Wall Street em um cenário caótico. O posicionamento de Altman acabou se tornando um ponto de convergência com a visão conservadora de segurança nacional dos republicanos. 

Seu discurso, que combina a defesa da inovação com a necessidade de controle estatal em setores estratégicos, o posiciona no exato lugar em que um aliado potencial em projetos bilionários deveria estar ao tentar uma aproximação com governo. Em vez de se alinhar a um único partido, ele tem buscado manter uma postura pragmática, que garanta influência e continuidade para seus empreendimentos.

Projetos bilionários e contratos com o governo

O WSJ reforça que Altman tem impulsionado iniciativas que se alinham à estratégia nacional dos EUA. Entre elas, o plano “Stargate” - um megaprojeto de até US$500 bilhões para construir data centers -, apoiado por SoftBank e Oracle. Ele também conseguiu garantir um contrato de US$ 200 milhões com o Pentágono e promoveu um esforço para criar um novo tipo de chip de IA com financiamento soberano.

As propostas têm ressonância com a retórica de Trump sobre segurança nacional e competitividade frente à China, e fizeram de Altman uma peça-chave nas decisões sobre infraestrutura tecnológica, destaca o jornal.

Visão sobre IA, capitalismo e regulação

Altman tem se mostrado um defensor da regulação da inteligência artificial, mas com uma visão que contrasta tanto com os críticos mais duros da tecnologia quanto com os entusiastas libertários. Ele vê a IA como uma força inevitável e transformadora, que precisa ser moldada com responsabilidade, mas sem sufocar a inovação. 

Para isso, prega a criação de regras claras por parte do governo - especialmente dos Estados Unidos - para garantir que o desenvolvimento ocorra sob princípios democráticos, e não seja dominado por regimes autoritários.

Ao mesmo tempo, Altman rejeita propostas de controle estatal excessivo ou de desaceleração forçada. Em suas palavras, é preciso “colocar limites”, mas também “permitir que a tecnologia floresça dentro desses limites”. Essa posição, segundo a reportagem, reflete sua crença no capitalismo como motor de progresso, desde que moderado por salvaguardas institucionais. 

Ele tem pressionado o Congresso por regulação focada na segurança e transparência dos modelos de IA, sem comprometer a competitividade global das empresas americanas. Para o CEO da OpenAI, o risco maior seria os EUA perderem a liderança para rivais com menos escrúpulos e mais apetite por vigilância.

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