Inteligência Artificial

Moises apresenta AI Studio e aposta em produção musical colaborativa com inteligência artificial

Startup brasileira que já conquistou mais de 65 milhões de usuários quer transformar produção musical em processo colaborativo com IA

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 20 de agosto de 2025 às 10h15.

A Moises, aplicativo de edição de música criado por brasileiros e usado por mais de 65 milhões de músicos no mundo, apresentou nesta quarta-feira, 20, seu passo mais ousado até agora: o AI Studio, editor de áudio com inteligência artificial que funciona direto no navegador. A novidade chega pouco depois de sua controladora, a Music.AI, levantar US$ 40 milhões em uma rodada Série A para expandir a plataforma no mercado corporativo.

Diferente de outras soluções que geram músicas completas e imutáveis a partir de comandos, o AI Studio funciona como um “colega de banda virtual”. Ele cria stems - partes instrumentais individuais, como baixo, bateria ou guitarra - que se ajustam automaticamente ao estilo e ao ritmo da gravação original do artista. Na prática, o músico continua no controle criativo, podendo substituir ou modificar cada instrumento em tempo real.

A tecnologia foi pensada para quebrar barreiras tradicionais da produção musical, normalmente dependente de softwares caros e conhecimento técnico avançado. Por ser 100% online, o AI Studio permite gravar, editar e até masterizar faixas — ou seja, deixá-las no padrão de qualidade final de estúdio, sem a necessidade de equipamentos adicionais.

Entre os recursos estão:

  • geração e separação de stems com IA;
  • mais de 50 vozes para transformação vocal;
  • mixagem e masterização automáticas;
  • edição completa de áudio no navegador.

Cada parte gerada pode ser adaptada à energia, melodia e mudanças da música, ajudando a preencher trechos ou criar arranjos complexos com apenas um clique.

De app de karaokê a plataforma global de IA

Fundada em 2019, a Moises começou oferecendo uma tecnologia capaz de separar instrumentos e vocais em músicas prontas. O recurso virou febre entre músicos iniciantes, DJs e até fãs de karaokê. Mas logo o aplicativo evoluiu para atender também profissionais, chegando a ser eleito “App do Ano para iPad” pela Apple em 2024.

O sucesso abriu caminho para o nascimento da Music.AI, braço voltado ao mercado B2B, no final de 2023. A plataforma funciona como um hub de inteligência artificial para empresas e criadores de conteúdo. Agências de publicidade, gravadoras e até estúdios de cinema já usam a tecnologia para restauração de áudio — processo que recupera gravações antigas ou de baixa qualidade — e geração de vozes personalizadas para campanhas.

Casos de uso vão de comerciais a produções musicais de peso. O documentário “Elis e Tom”, sobre Elis Regina e Tom Jobim, utilizou a tecnologia da Moises para melhorar a qualidade de gravações antigas. A mesma técnica também foi aplicada na recriação da voz de John Lennon no single “Now and Then”, lançado pelos Beatles em 2023.

Atualmente, a Music.AI alimenta 1.700 aplicativos e processa mais de 1,2 milhão de minutos de áudio por dia. Com os novos US$ 40 milhões captados, a empresa pretende expandir sua presença global e reforçar a ética no uso da IA — oferecendo, por exemplo, a possibilidade de vocalistas licenciarem legalmente suas vozes para produtores.

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