Repórter
Publicado em 20 de agosto de 2025 às 10h15.
A Moises, aplicativo de edição de música criado por brasileiros e usado por mais de 65 milhões de músicos no mundo, apresentou nesta quarta-feira, 20, seu passo mais ousado até agora: o AI Studio, editor de áudio com inteligência artificial que funciona direto no navegador. A novidade chega pouco depois de sua controladora, a Music.AI, levantar US$ 40 milhões em uma rodada Série A para expandir a plataforma no mercado corporativo.
Diferente de outras soluções que geram músicas completas e imutáveis a partir de comandos, o AI Studio funciona como um “colega de banda virtual”. Ele cria stems - partes instrumentais individuais, como baixo, bateria ou guitarra - que se ajustam automaticamente ao estilo e ao ritmo da gravação original do artista. Na prática, o músico continua no controle criativo, podendo substituir ou modificar cada instrumento em tempo real.
A tecnologia foi pensada para quebrar barreiras tradicionais da produção musical, normalmente dependente de softwares caros e conhecimento técnico avançado. Por ser 100% online, o AI Studio permite gravar, editar e até masterizar faixas — ou seja, deixá-las no padrão de qualidade final de estúdio, sem a necessidade de equipamentos adicionais.
Entre os recursos estão:
Cada parte gerada pode ser adaptada à energia, melodia e mudanças da música, ajudando a preencher trechos ou criar arranjos complexos com apenas um clique.
Fundada em 2019, a Moises começou oferecendo uma tecnologia capaz de separar instrumentos e vocais em músicas prontas. O recurso virou febre entre músicos iniciantes, DJs e até fãs de karaokê. Mas logo o aplicativo evoluiu para atender também profissionais, chegando a ser eleito “App do Ano para iPad” pela Apple em 2024.
O sucesso abriu caminho para o nascimento da Music.AI, braço voltado ao mercado B2B, no final de 2023. A plataforma funciona como um hub de inteligência artificial para empresas e criadores de conteúdo. Agências de publicidade, gravadoras e até estúdios de cinema já usam a tecnologia para restauração de áudio — processo que recupera gravações antigas ou de baixa qualidade — e geração de vozes personalizadas para campanhas.
Casos de uso vão de comerciais a produções musicais de peso. O documentário “Elis e Tom”, sobre Elis Regina e Tom Jobim, utilizou a tecnologia da Moises para melhorar a qualidade de gravações antigas. A mesma técnica também foi aplicada na recriação da voz de John Lennon no single “Now and Then”, lançado pelos Beatles em 2023.
Atualmente, a Music.AI alimenta 1.700 aplicativos e processa mais de 1,2 milhão de minutos de áudio por dia. Com os novos US$ 40 milhões captados, a empresa pretende expandir sua presença global e reforçar a ética no uso da IA — oferecendo, por exemplo, a possibilidade de vocalistas licenciarem legalmente suas vozes para produtores.